sábado, 19 de julho de 2025

COLUNA POLÍTICA — NA LUPA 🔎 | POR EDNEY SOUTO

O FIM DO PROTAGONISMO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS

E A ERA HUGO MOTTA: UM INÍCIO DESASTROSO NA PRESIDÊNCIA DA CÂMARA
Desde que assumiu a presidência da Câmara dos Deputados, Hugo Motta tem colecionado mais dúvidas do que aplausos. Escolhido a dedo por Arthur Lira, que encerrou seu mandato com um legado de protagonismo e controle absoluto, Motta não conseguiu manter o pulso firme nem o protagonismo político que a Casa vinha exercendo. Sua gestão, ainda embrionária, já mostra sinais de esvaziamento institucional e político. Vamos dar uma analisada NA LUPA desta sexta-feira. 

UM PARLAMENTO DESCONEXO COM AS RUAS
A atual legislatura vive uma crise de identidade. Enquanto o país discute emprego, saúde e segurança, a Câmara se ocupa com pautas de interesse corporativo, votações simbólicas e agendas que nada dizem à população. O povo, que já não se via representado, agora assiste a um Parlamento anestesiado, sem reação, e dominado por interesses de grupos fechados. A “Era Hugo Motta” começou longe da rua — e muito próxima do marasmo político.

O PRESENTE QUE LULA RECEBEU DE GRAÇA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não precisou mover uma peça para recuperar parte do protagonismo perdido com a queda de popularidade após seus primeiros meses de mandato. Foi Hugo Motta, inadvertidamente, quem lhe entregou essa vantagem. A fraqueza do Legislativo federal devolveu ao Executivo o espaço de comando da narrativa política nacional. Lula agradece. Sem um presidente de Câmara combativo e articulado, o Planalto avança com menos resistência.

O CENÁRIO DE FRAGILIDADE NO CENTRÃO
Mota não fala. Quando fala, não empolga. Quando age, gera controvérsia. Sua conduta tem exposto o Centrão a desgastes evitáveis. A ausência de uma liderança sólida e confiável fragiliza a própria base que o elegeu. Deputados já cochicham nos bastidores sobre arrependimentos e a possibilidade de mudanças de rumo. A fidelidade ao padrinho Lira começa a se desgastar com os erros em sequência do afilhado.

O SILÊNCIO QUE COBRA CARO
A principal crítica a Mota é a omissão diante dos principais embates nacionais. Enquanto o país discute PECs polêmicas, cortes orçamentários, e medidas impopulares, o presidente da Câmara se mantém distante, ensaiando uma postura de neutralidade que muitos interpretam como fraqueza. Seu silêncio tem custado caro: à imagem da Câmara, à força do Centrão e à credibilidade do Parlamento.

OS GESTOS COSMÉTICOS E A FALTA DE CONTEÚDO
Nos bastidores, comenta-se que Hugo Motta tem tentado construir uma imagem de sobriedade. Óculos redondos, cabelos grisalhos expostos, tom comedido nas entrevistas. Uma construção visual que tenta transmitir maturidade. Mas como bem se sabe em Brasília, aparência sem ação é narrativa vazia. O público interno não compra. A sociedade também não. E o Congresso, que exige comando, continua sem direção.

LIRA, O PAI ARREPENDIDO
Fontes ligadas ao núcleo político de Arthur Lira confirmam: o ex-presidente da Câmara já admite, em privado, que errou na escolha de seu sucessor. Havia outros nomes no radar, com mais musculatura e menos rejeição. Mas Motta foi o eleito, talvez por conveniência ou promessa de continuidade. O resultado, no entanto, tem sido o contrário: a ruptura com a imagem de força e comando construída nos últimos anos.

UM CONGRESSO EM CRISE E UM FUTURO EM ABERTO
Com a Câmara mergulhada em descrédito, Hugo Motta tem pouco tempo para reagir. Se quiser salvar sua gestão e, com ela, o papel institucional da Casa, precisará se reinventar com urgência: propor pautas populares, resgatar a liderança perdida e reconectar o Parlamento com as demandas reais da população. Caso contrário, entrará para a história como o presidente que fez o Legislativo encolher — enquanto Lula crescia no vácuo que ele deixou. E isso aí.

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