sábado, 22 de outubro de 2011

Grupos regionais sobrevivem mesmo com a falta de recursos


Foto: Geyson Magno
Os grupos de cultura popular no nordeste ainda vivem uma dura realidade: a difícil arte de sobreviver de cultura em meio à falta de financiamento e apoio.
Eles geralmente provém do interior nordestino, sertão e agreste, e são grupos de tradição familiar que, para não perder a memória e identidade, passam a sua história, canções e danças para filhos e netos.
O grupo Côco Raízes de Arcoverde é um entre as dezenas de casos de manifestações tradicionais que buscam valorizar a sua história. Com 13 integrantes de uma mesma família, o grupo foi criado em 1992 por um homem chamado Lula Calixto, hoje já falecido, que se lançou à difícil missão de resgatar a tradição do côco até então pouco conhecida fora de sua região.
Foto: Geyson Magno
O côco surgiu das quebradeiras de côco e de negros escravos no interior do nordeste que deu nome ao ritmo marcado por passos de sapateado, o ‘trupé’.
"A origem do côco vem dos africanos e índios e virou um ritmo. Eram escravos que quebravam o côco", contou Deassis Calixto, de 67 anos, um dos mais velhos e respeitados do grupo.
Da pequena Arcoverde para o Mundo
Foto: Geyson MagnoO grupo Côco Raízes se formou na pequena cidade Arcoverde de cerca de 60 mil habitantes a cinco horas de distância de Recife, ao sul do estado de Pernambuco.
O Raízes foi um dos grupos populares convidados para se apresentar na primeira edição da Virada Multicultural do Recife - Conexão Nordeste que reuniu, até este domingo, cerca de 400 atrações culturais. A família de Lula Calixto se apresentou no Pátio de São Pedro, no centro do Recife.
O grupo não recebe financiamento ou qualquer tipo de patrocínio e só vive de cachês de shows que faz por muitas capitais brasileiras e até no exterior.
Em 2005, o Raízes foi convidado para uma turnê pela Europa em países como Bélgica e França, e na América do Norte, no Canadá.
Mas ainda falta muito para que grupos de cultura popular como o Côco Raízes de Arcoverde consigam se manter de arte e de shows, admite o produtor do grupo Anderson Lopes.
Foto: Geyson Magno
"Ainda falta respeito e valorização desses grupos tradicionais que correm o risco de acabar porque não está tendo renovação dos artistas", lamentou.
Sempre após as apresentações, seu Deassis Calixto, que toca o triângulo, percorre o público para vender o CD do grupo e tamancos feitos de madeira especiais para dançar o côco, os mesmo que os dançarinos do grupo usam no palco para o trupé.


* Enviada especial a convite da Fundação de Cultura Cidade do Recife, da Prefeitura do Recife

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