A situação de Ramagem não é isolada. Ele se junta a Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Carla Zambelli (PL-SP), que também tiveram seus salários cortados pela Casa após determinações do ministro Alexandre de Moraes. Assim como Ramagem, ambos deixaram o Brasil e estão fora do alcance direto das autoridades brasileiras. Os bloqueios seguem uma linha de ações do STF voltadas para parlamentares que descumpriram decisões judiciais ou não se apresentaram às autoridades brasileiras.
O salário parlamentar, atualmente fixado em R$ 46.366,19, é uma das principais remunerações do serviço público federal. O corte para Zambelli ocorreu em junho; em julho, foi a vez de Eduardo Bolsonaro. A decisão relacionada a Ramagem foi adotada em novembro, ampliando o impacto das medidas judiciais sobre o núcleo político mais fiel ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
Além da suspensão dos salários, a Câmara informou ter bloqueado também a cota parlamentar de Eduardo Bolsonaro e Carla Zambelli — verba destinada a despesas diretamente ligadas ao exercício do mandato, como passagens, hospedagens e serviços de comunicação. Sobre Ramagem, entretanto, a Casa adotou silêncio. Em nota, limitou-se a afirmar que o caso “está sendo tratado em decisão judicial sob segredo de justiça”.
A repercussão interna é forte: o episódio expõe fragilidades na bancada bolsonarista, que já enfrenta desgaste político e jurídico desde as investigações sobre tentativa de golpe. Publicamente, a Câmara reforçou apenas que cumpre integralmente as decisões do Judiciário, numa sinalização de que não haverá resistência institucional para proteger parlamentares afastados de suas funções por determinação do STF.
Enquanto isso, Ramagem, Zambelli e Eduardo Bolsonaro permanecem fora do país, aprofundando o impasse sobre a continuidade de seus mandatos e deixando em aberto o desfecho de um dos momentos mais tensos da relação entre Legislativo, Judiciário e o grupo político ligado ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
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