domingo, 26 de março de 2023

A INACREDITÁVEL BIOGRAFIA CENSURADA DE MIGUEL ARRAES

Quem conta é o jornalista da CBN, Elielson Lima, no seu blog. O assunto é interessante sobretudo porque Arraes era libertário, democrata e radicalmente a favor da liberdade de imprensa. Vamos lá: 
Nas vésperas do centenário do saudoso Miguel Arraes de Alencar, em 2016, a Assembleia Legislativa, sob a presidência do deputado Guilherme Uchoa, quis fazer uma homenagem ao “Pai Arraia”. A ideia era publicar um livro focando no período que o ex-governador exerceu o mandato de deputado estadual nos anos 50. A publicação foi escrita e chegou a ser impressa, com data marcada para lançamento nas festividades, sob grande expectativa. 
Aí começou uma novela. Uma dispensa de licitação foi feita no valor de quase R$ 2 milhões para que uma gráfica tocasse o projeto. E assim foi feito: uma jornalista de peso foi contratada, e após seis meses de muito trabalho empreendido entrou em cena o Instituto Miguel Arraes (IMA). O órgão fez sistemáticas críticas à edição do livro na imprensa. Um outro volume também foi contratado a um historiador para fazer apresentação de várias fotos. 
Chama a atenção que o Instituto que levava o nome do ex-governador tenha se oposto ao registro de sua relevante passagem na Alepe, na década de 1950, período sobre o qual pouco se sabe.
O IMA, hoje extinto, entrou com medida cautelar que gerou intervenção do Tribunal de Contas de Pernambuco (TCE) e suspendeu a publicação do livro, que embora já impresso, teve sua divulgação proibida, privando os admiradores de Miguel Arraes de conhecerem importante uma fase de sua vida, o que representa uma lacuna na história de Pernambuco. 
Outro processo foi apresentado no Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) para sacramentar a proibição do livro. Com o passar do tempo, o IMA foi convencido de participar da obra e o então presidente assinou um prefácio. Mesmo assim, persistiu nas ações contra a obra bibliográfica de Arraes.
Enquanto corria o trâmite processual, o livro foi impresso e até entregue aos deputados, porém depois foi recolhido e guardado na Superintendência de Patrimônio da Alepe.
Para encerrar essa novela, saiu orientação para que os livros fossem queimados, para que fossem distribuídos em razão das vedações dos tribunais. Chama a atenção que nesse intervalo de tempo alguns parlamentares tomaram conhecimento e tiveram acesso ao livro, antes que a edição fosse devolvida à grafica para incineração, que, segundo fontes do Blog, ainda não foi executada. Quem leu, em reserva, disse que gostou demais.
O curioso é que um dos maiores políticos da história pernambucana teve uma obra proibida em pleno século 21. Justamente Arraes, que dedicou a vida à luta por democracia e liberdade e contra todo tipo de amarras do regime ditariorial.

Do Blog do Elielson

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