A partir do mês de junho, os brasileiros vão sentir um peso a mais no bolso ao receber a conta de luz. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou, nesta sexta-feira (30), a ativação da bandeira vermelha patamar 1 no sistema de cobrança tarifária, o que implica um acréscimo de R$ 4,46 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos. A medida, válida para todo o território nacional, é resultado direto das condições climáticas desfavoráveis registradas nos últimos meses, com níveis de chuva abaixo da média histórica. O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), responsável pelo monitoramento da matriz energética brasileira, apontou que a escassez hídrica comprometeu a geração de energia por hidrelétricas, principais responsáveis pelo abastecimento do país. Com os reservatórios em níveis preocupantes, o sistema elétrico nacional precisará recorrer a fontes alternativas de geração, como as usinas termelétricas, que operam com custos significativamente mais altos. A utilização dessas usinas, muitas vezes movidas a óleo diesel ou gás natural, encarece toda a cadeia de produção e tem impacto direto sobre o consumidor final. Além disso, a decisão da Aneel reflete a tentativa de equilibrar o sistema diante do aumento da demanda por energia nos meses de inverno, sobretudo em regiões mais frias. A bandeira vermelha é um mecanismo criado para sinalizar aos consumidores que o custo de produção de energia está elevado, incentivando o uso mais consciente e a redução no consumo doméstico e industrial. A última vez que esse patamar havia sido acionado foi em 2021, durante um período de forte estiagem. A expectativa agora é de que os consumidores adotem medidas de economia, como o uso racional de aparelhos elétricos, especialmente os que consomem mais, como chuveiros elétricos, ar-condicionado e aquecedores. Embora a bandeira seja válida apenas por um mês, a sua permanência nos meses seguintes dependerá do comportamento climático e do volume de chuvas nos principais reservatórios do país. Especialistas já alertam para a possibilidade de manutenção ou até agravamento da tarifa, caso o cenário hídrico continue desfavorável. O governo, por sua vez, ainda não anunciou nenhuma medida de mitigação voltada para as famílias de baixa renda, o que preocupa entidades de defesa do consumidor. A recomendação da Aneel é que todos busquem reduzir o desperdício, adotando ações simples como desligar luzes desnecessárias, evitar o uso de eletrodomésticos em horários de pico e manter os equipamentos elétricos em bom estado de conservação. O sistema de bandeiras tarifárias foi criado em 2015 como forma de transparência e responsabilidade fiscal, permitindo ao consumidor acompanhar as variações de custo da energia mês a mês, com sinalização clara de quando os gastos aumentam em decorrência de dificuldades na geração elétrica.
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