sábado, 17 de maio de 2025

BOLSONARO ADMITE QUE FRAUDES DO INSS COMEÇARAM EM SEU GOVERNO


O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) reconheceu publicamente, possibilidade de que o esquema de fraudes envolvendo descontos indevidos em benefícios do INSS tenha tido início ainda durante seu governo. A declaração, feita durante entrevista ao portal UOL, ocorre em meio à crescente pressão no Congresso Nacional pela instalação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar as irregularidades que, segundo a Polícia Federal, causaram prejuízo estimado em R\$ 6,3 bilhões entre os anos de 2019 e 2024. Embora tenha admitido que o problema possa ter surgido em sua gestão, Bolsonaro foi enfático ao afirmar que o escândalo teria atingido maior proporção no atual governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ele destacou que não há como garantir uma administração completamente livre de casos de corrupção e ressaltou a importância da investigação para punir eventuais responsáveis. “É possível e vai ser investigado. Se, porventura, alguém do meu governo fez algo de errado, pague. E ponto final”, afirmou o ex-presidente, acrescentando que a direita apoiou a criação da CPMI, ao contrário de partidos como PT, PSOL e PDT. A proposta de instalação da comissão foi protocolada no Congresso no último dia 12 e recebeu o apoio de 223 deputados e 36 senadores, a maioria vinculados ao Centrão e ao Partido Liberal. A base governista, por sua vez, tem se mostrado resistente à iniciativa, alegando que a apuração já está sendo realizada pela Polícia Federal. A Operação Sem Desconto, deflagrada em abril deste ano, revelou que entidades de classe vinham realizando cobranças não autorizadas diretamente nos contracheques de aposentados e pensionistas do INSS, utilizando-se de acordos de cooperação técnica firmados com o órgão para executar os débitos de forma sistemática. Segundo a investigação, os valores desviados eram repassados a sindicatos, associações e outras entidades, sem o consentimento dos beneficiários, o que configura uma grave violação dos direitos dos segurados da Previdência. Bolsonaro, em sua fala, tentou se descolar do escândalo, mas reconheceu implicitamente falhas de fiscalização durante sua administração, ainda que tenha enfatizado o que chamou de “explosão” do esquema sob a gestão petista. A Polícia Federal já identificou milhares de vítimas, muitas delas idosas e com baixo nível de escolaridade, que sequer sabiam que estavam sendo descontadas mensalmente. O ex-presidente reiterou a necessidade de que todos os responsáveis, independente de filiação partidária ou cargo, sejam responsabilizados. No Congresso, a expectativa é de que a pressão da oposição continue crescendo nas próximas semanas, à medida que novas informações sobre o caso vierem à tona. A base aliada do governo Lula, por outro lado, articula formas de barrar a CPMI ou, caso sua criação se concretize, limitar seu escopo. O impasse deve se intensificar, sobretudo porque a instalação da comissão pode servir como um novo palco de embates políticos entre governistas e oposicionistas em pleno ano eleitoral.

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