sexta-feira, 23 de maio de 2025

COLUNA POLÍTICA | NA LUPA 🔎| POR EDNEY SOUTO

ELEIÇÃO SEM LULA E BOLSONARO EM 2026 SERÁ IMPREVISÍVEL E CENÁRIO ABERTO PODE ATRAIR NOME ENCANTADO
UMA ELEIÇÃO SEM OS DOIS POLOS DA POLÍTICA BRASILEIRA
Lula e Bolsonaro, protagonistas de um dos capítulos mais intensos da política nacional nas últimas décadas, podem estar fora do páreo em 2026. A ausência de ambos abre caminho para um cenário absolutamente inédito desde a redemocratização. Sem eles, o campo está livre — e o jogo, perigosamente imprevisível. Vamos dar uma analisada NA LUPA desta sexta-feira.

HADDAD E A FRASE QUE ABRIU A DISCUSSÃO
Em recente entrevista à imprensa, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, foi direto: “Não existem só Lula e Fernando Haddad no mundo. Está cheio de gente boa que pode se apresentar”. A declaração, embora embrulhada num discurso de humildade, soou como um ensaio. Uma sinalização. Haddad disse não pensar em eleição, mas a política não dorme.

PT DIVIDIDO ENTRE A PRESERVAÇÃO DE LULA E O NOVO CICLO
No interior do Partido dos Trabalhadores, o debate é intenso. Há quem defenda que Lula não se exponha a uma nova disputa, especialmente se a chance de vitória for mínima. O motivo? Preservar o legado. Há também quem aposte que Haddad, mesmo derrotado em 2018, seja a melhor opção viável — o “plano B” já vestido de “plano A”. Todos os que detém algum espaço no “poder” querem empurrar Lula a todo custo para manter os seus interesses e privilégios. Ocorre que há um risco alto. Lula não é mais o mito de antes. Perdeu muito do encanto, embora ainda seja muito forte. Mas o PT sabe que ele não é imbatível. 

BOLSONARO FORA DO JOGO: A CONFIRMAÇÃO DE UMA ERA ENCERRADA
Jair Bolsonaro está inelegível e, por mais que seus aliados insistam em manter viva sua influência, o ex-presidente não será candidato. Com isso, o PL precisa se reinventar. O nome mais forte até agora? Eduardo Bolsonaro, que dos Estados Unidos tenta manter acesa a chama bolsonarista. Aqui acolá ventilam o nome da esposa de Jair Messias Bolsonaro, Michele, porém não será esse o caminho dos bolsonaristas raiz, eles estão jogando o jogo para preservar o verdadeiro substituto no PL. Tá mais do que na cara que o filho do ex-presidente é o nome guardado a sete chaves pela cúpula que governou o Brasil antes de Lula. 

EDUARDO BOLSONARO: NOME OU SÍMBOLO?
Eduardo tem o sobrenome, mas não necessariamente o capital político do pai. Ainda assim, lidera as preferências dentro da base radical do bolsonarismo. Sua candidatura, no entanto, dependerá do quanto conseguir se descolar da caricatura de “filho do mito” e se apresentar como alguém com projeto próprio.

TARCÍSIO DE FREITAS: A JOIA DO CONSERVADORISMO MODERADO
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, tem a seu favor uma gestão avaliada positivamente e um perfil técnico-político que agrada ao centro. Porém, recusa por ora qualquer especulação. Se Lula for candidato, Tarcísio aposta em reeleição tranquila. Mas sem Lula, o cenário muda — e Tarcísio pode, sim, vestir o traje presidencial.

O RISCO DO OUTSIDER: A REPETIÇÃO DE UM ERRO CARO
A história recente mostra que flertar com o novo, o diferente, o “encantado” fora da política tradicional, pode custar caro. Em 2026, o risco de surgir um nome fora do eixo, vendendo soluções mágicas e discursos rasos, é real. E perigoso. O Brasil já viu esse filme — e o final não foi feliz.

NOME ENCANTADO: UMA TENTAÇÃO PERIGOSA NUM CENÁRIO INCERTO
O eleitor brasileiro, cansado da polarização, pode ser seduzido por promessas utópicas de renovação. Mas a democracia exige responsabilidade. Não se constrói país com slogans vazios. Os partidos precisam agir agora para evitar que a lacuna aberta seja preenchida por aventureiros.

O CENTRO PRECISA REAGIR: MOMENTO DE RESPONSABILIDADE POLÍTICA
As siglas de centro e direita democrática têm a missão histórica de apresentar alternativas reais, com currículo, história, e capacidade de governar. Este é o momento de evitar o vazio que dá espaço a populistas sem plano, sem preparo e sem compromisso com a institucionalidade. Eduardo Leite, Ratinho Júnior e Ronaldo Caiado são nomes que estão na espreita, feito um vírus incubado. A qualquer momento podem invadir a imunidade política e mostrar a cara e um Programa de Governo para rifar o PT do Palácio do Planalto. 

SE LULA SAIR, HADDAD ENTRA: A SUCESSÃO NATURAL
No PT, o entendimento é claro: se Lula não for candidato, Fernando Haddad será. E ponto final. Não há outro nome com força interna e experiência testada nas urnas. Haddad, mesmo carregando a derrota de 2018, ganha musculatura na Esplanada dos Ministérios e se posiciona com discurso moderado e racional.

O ENIGMA DE 2026: MUITO MAIS DO QUE UMA ELEIÇÃO
A disputa presidencial de 2026 será mais do que uma simples troca de nomes. Será a eleição da reconstrução da política nacional. Uma chance de reestabelecer a conexão entre governabilidade e representatividade. E o Brasil não pode errar de novo. Lula pode preservar o legado ficando de fora de 2026. Não disputar pode ser a decisão mais inteligente para Lula. Seu papel, já inscrito na história, pode ser melhor preservado se não for testado mais uma vez nas urnas. Ser o articulador, o mentor, o guia de bastidores, e isso também é poder.

A ERA PÓS-LULA E PÓS-BOLSONARO: O BRASIL EM BUSCA DE NOVO RUMO
Com os dois grandes polos fora do páreo, o Brasil terá de se olhar no espelho. O que queremos como nação? Para onde vamos sem nossos símbolos recentes? A resposta será dada nas urnas, mas precisa ser construída agora — com responsabilidade, coragem e visão de futuro. O momento é de alerta não de euforia, já que da euforia a crise a distância é um salto.  O clima de indefinição não deve ser confundido com euforia. O país precisa mais do que nunca de líderes reais, projetos sólidos e compromisso com a democracia. A ausência de Lula e Bolsonaro pode ser a oportunidade de ouro — ou o início de um novo abismo. Tudo dependerá de quem tiver coragem de assumir o centro do palco. É isso aí.

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