quarta-feira, 28 de maio de 2025

COLUNA POLÍTICA | NA LUPA 🔎 | – POR EDNEY SOUTO

HUMBERTO COSTA QUER MAIS OITO ANOS, MAS A PERGUNTA É: POR QUÊ?
Por mais de 15 anos no Senado Federal, o petista Humberto Costa vem ocupando uma das cadeiras mais privilegiadas da política brasileira. Agora, busca estender sua permanência por mais um mandato completo de oito anos – o que o levaria a 24 anos consecutivos no chamado “salão azul”. O tempo é longo, a bagagem é robusta, mas a dúvida é legítima: é mesmo necessário? Vamos dar uma analisada aqui NA LUPA desta quarta-feira. 

MANDATO DE OITO ANOS: UMA ANOMALIA DEMOCRÁTICA
Num país que renova seus prefeitos, governadores, deputados e presidente a cada quatro anos, manter senadores por oito anos sempre foi um paradoxo institucional. E pior: chegou a circular em Brasília a proposta absurda de aumentar esse mandato para inacreditáveis dez anos. Felizmente, a sensatez apareceu em forma de um projeto que propõe reduzir esse tempo para cinco anos. Uma proposta que caminha na contramão da estagnação e sinaliza oxigenação democrática.

O MÉRITO DOS PROGRAMAS: SAMU E FARMÁCIA POPULAR
Não se pode apagar a história. Humberto Costa teve, sim, um papel relevante como Ministro da Saúde no início dos anos 2000. Samu e Farmácia Popular foram programas estruturantes, pensados e executados com competência por sua equipe. Políticas públicas concretas, com resultados mensuráveis e impacto social inegável. Um legado real.

MAS E NO SENADO, O QUE FICA?
No entanto, a trajetória no Senado não parece ecoar a mesma relevância. Entre suas principais iniciativas está o envio de emendas parlamentares para equipar conselhos tutelares. Caminhonetes, computadores, impressoras. Uma ação meritória, mas que dialoga muito mais com o papel de um deputado federal do que com o de um senador da República. Afinal, o Senado é o lugar para grandes debates, articulações nacionais e revisão institucional profunda. E aí, Humberto Costa ficou devendo.

QUEM REPRESENTA QUEM?
O senador Humberto Costa tem se mostrado um fiel representante do Partido dos Trabalhadores, o que não é problema em si. O ponto é que sua atuação tem se concentrado em defesa do projeto partidário e da liderança petista nacional, com pouca presença e impacto direto nos municípios de Pernambuco. É justamente nessa lacuna que outros nomes, como Fernando Dueire, ganham espaço. Dueire, mesmo com pouco tempo de mandato, já mostrou serviço nos municípios. E isso pesa na balança da avaliação pública.

A MISSÃO DE JOÃO CAMPOS E RAQUEL LYRA
Com um cenário político em rápida mutação e uma população sedenta por renovação, os líderes políticos mais jovens, como João Campos e Raquel Lyra, têm agora uma missão clara: apontar novos caminhos para Pernambuco. Dar voz a novos nomes, estimular a renovação política real, e não apenas por retórica. Recolocar Humberto Costa na Câmara Federal pode ser um gesto diplomático, mas acima de tudo, seria um movimento necessário para abrir espaço a novas lideranças no Senado.

NÃO É PESSOAL. É CICLO.
Essa coluna não se posiciona contra Humberto Costa pela pessoa que ele é. O senador é preparado, experiente e tem serviços prestados. Mas a política precisa de ciclos claros, de renovação real, de oxigenação institucional. Vinte e quatro anos no Senado é tempo demais para qualquer um. E a política pernambucana possui novos quadros que estão aptos a ouvir o povo e apresentar uma nova versão de atuação no Senado Federal.  Não vamos fulanziar, mas nomes na atualidade são vários e devemos apostar na renovação. 

ONDE ESTÃO AS NOVAS LIDERANÇAS?
A permanência indefinida de figuras históricas nos grandes cargos da República impede a ascensão de novas vozes. Pernambuco tem nomes jovens, capazes, prontos para o desafio do Senado. Mas não conseguem emergir quando a elite política se perpetua nos espaços de poder. Diversos. Inês estão aí no cenário postulando a indicação nas chapas de João Campos e da governadora Raquel Lyra. A disputa será árdua e não se pode prever o resultado pois pra o tempo da política ainda está longe da população. 

O MOMENTO PEDE CORAGEM
Renovar exige coragem. Exige romper com arranjos históricos e redes de conveniência. Mas é disso que o Brasil precisa. E Pernambuco tem a oportunidade de liderar esse novo ciclo. Que venha o debate, mas que não falte clareza.  Não há democracia saudável sem alternância. Humberto Costa cumpriu seu papel, mas o ciclo precisa fechar. O Senado não pode se tornar um feudo de mandatos vitalícios disfarçados de eleições. A democracia é feita de rodízio, de vozes novas, de novas visões.


HORA DE DIZER ADEUS AO SALÃO AZUL
Que Humberto Costa continue a contribuir com o país, mas agora em outras trincheiras. O Senado precisa de renovação, de novos ventos e novos projetos. O tempo é agora. A decisão será dos pernambucanos. E tudo indica que o povo já pede mudança – com justiça, com serenidade, mas com firmeza. É isso aí.

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