Na manhã desta sexta-feira, a Capela Sistina foi novamente cenário de um momento que marca a história da Igreja Católica: a primeira missa do Papa Leão XIV, recém-eleito no conclave que reuniu cardeais de todos os continentes. O novo Pontífice, primeiro nascido nos Estados Unidos a chegar ao trono de São Pedro, usou sua homilia para lançar um alerta contundente sobre os desafios que a fé cristã enfrenta na sociedade contemporânea. Diante dos cardeais que participaram de sua eleição e sob os afrescos imponentes de Michelangelo, Leão XIV falou com firmeza sobre o culto moderno à tecnologia, ao dinheiro, ao poder e ao prazer, que segundo ele estão ocupando o espaço que deveria pertencer a Deus. "Hoje há contextos em que a fé cristã é considerada algo absurdo, para pessoas fracas e pouco inteligentes", afirmou, num tom que mesclava tristeza e desafio, evidenciando sua disposição de enfrentar a crise espiritual que identifica no mundo atual.
A celebração, conduzida em inglês, italiano e latim, foi cuidadosamente pensada para refletir a universalidade da Igreja, mas também para marcar o perfil do novo Papa, que equilibra tradição e consciência do panorama global. Leão XIV não se limitou a críticas genéricas. Ele aprofundou sua análise ao mencionar a crise da família, que classificou como um dos fatores mais graves no enfraquecimento da transmissão dos valores cristãos entre as gerações. O Papa destacou que os cristãos hoje se encontram em ambientes hostis, onde a proclamação do Evangelho é constantemente ridicularizada, combatida e desprezada. "Aqueles que creem são ridicularizados, combatidos e desprezados, ou no máximo tolerados e lastimados", desabafou, sinalizando que pretende ser um defensor dos fiéis que, em muitas partes do mundo, vivem sua fé sob pressão e marginalização.
Logo no início da missa, Leão XIV dirigiu-se aos cardeais com palavras que mostraram humildade e senso de missão. "Me chamaram para esta missão e convido a todos para caminharem comigo", declarou, num gesto que busca reforçar a colegialidade e a unidade no seio da hierarquia eclesial, em tempos em que as divisões internas também desafiam a coesão da Igreja. A Capela Sistina, com sua atmosfera carregada de simbolismo, tornou-se palco dessa mensagem inicial do Papa, que claramente se propõe a resgatar o centro espiritual da Igreja em meio a um mundo que, em suas palavras, prefere outras "certezas" à fé. O contraste entre a solenidade do local e a dureza da realidade apontada por Leão XIV conferiu um tom dramático e solene ao momento. Em sua primeira homilia, o novo Papa demonstrou que seu pontificado não será meramente administrativo, mas marcado pelo enfrentamento das forças que, segundo ele, ameaçam dissolver a identidade cristã no século XXI. Sua fala não apenas marcou um início, mas soou como um chamado à resistência e à reafirmação da fé, num cenário que ele descreveu como cada vez mais hostil e desafiador para aqueles que se mantêm fiéis ao Evangelho.
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