Wolney Queiroz, figura tradicional da política pernambucana, traz no currículo seis mandatos consecutivos como deputado federal, o que lhe garante trânsito facilitado tanto na Câmara quanto no Senado. Sua interlocução com líderes partidários é vista como um ativo importante para o Planalto neste momento, em que a oposição se articula para desgastar o governo com a crise da Previdência. Aos 52 anos, o novo ministro é filho do ex-deputado estadual e ex-presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco, Wolney Queiroz Maciel, e construiu sua trajetória política em Caruaru, no Agreste pernambucano, antes de se consolidar em Brasília. Sua experiência à frente da secretaria-executiva da Previdência também pesa na escolha, já que, na avaliação do entorno de Lula, seria arriscado nomear um nome de fora num momento de forte tensão interna e externa.
A escolha de Wolney também atende a uma equação partidária delicada. O PDT, apesar de abrigar Lupi e de ter sido base na campanha presidencial, vinha dando sinais de incômodo com a perda de protagonismo no governo. Ao manter a pasta sob controle pedetista e colocar um nome com raízes firmes no partido, Lula busca reequilibrar as forças sem romper com aliados históricos. Nos bastidores, a nomeação foi costurada com apoio de caciques do PDT e avalizada por líderes do Centrão, que têm interesse na estabilidade da pasta, responsável por uma das maiores folhas de pagamento do Executivo federal. A substituição também vem sendo trabalhada de forma a evitar um impacto mais profundo nas investigações, que já identificaram esquemas fraudulentos envolvendo benefícios previdenciários e que colocaram o INSS no centro de um escândalo de proporções bilionárias.
Fontes do governo relatam que a reunião desta sexta-feira foi tensa, mas conduzida de forma pragmática por Lula, que teria sinalizado a Lupi que a permanência no cargo se tornara insustentável diante do desgaste público e da pressão por respostas concretas à crise. Com a indicação de Wolney, o governo espera conter o avanço de novos pedidos de convocação no Congresso e dar um sinal de controle sobre a situação. A posse do novo ministro deverá ocorrer nos próximos dias, em cerimônia discreta, como forma de evitar qualquer associação com celebração num momento em que o governo tenta blindar a Previdência de mais danos à sua imagem. Integrantes da equipe econômica também foram ouvidos na decisão, já que os rombos no INSS preocupam o Ministério da Fazenda e podem comprometer o esforço de ajuste fiscal em curso. Com a escolha de um nome técnico-político, Lula busca reforçar a governabilidade sem abrir mão de um controle mais firme sobre a Previdência, agora em plena rota de ajustes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário