A proposta foi enviada pela governadora Raquel Lyra (PSD) à Alepe com pedido de tramitação célere, sob o argumento de que as festas juninas, além de patrimônio cultural do povo pernambucano, representam uma engrenagem essencial para a economia do estado. Os recursos serão direcionados para apresentações culturais e musicais, infraestrutura dos polos de animação, apoio logístico, segurança, limpeza urbana, estrutura de saúde e outros serviços essenciais à realização dos eventos. Municípios do Sertão, Agreste, Zona da Mata e Região Metropolitana estão entre os beneficiados, abrangendo desde cidades turísticas como Caruaru, Arcoverde e Petrolina, até localidades menores que dependem fortemente da movimentação junina para aquecer suas economias.
Antes mesmo da votação, a governadora já havia dado garantias públicas aos prefeitos de que os municípios não seriam prejudicados caso precisassem iniciar suas programações sem o dinheiro já em caixa. Em reuniões com gestores municipais, Raquel Lyra afirmou que o governo encontraria caminhos legais para ressarcir os gastos emergenciais das prefeituras, sinalizando uma postura de parceria institucional e compromisso com a realização plena dos festejos. Essa postura também visava evitar o cancelamento de contratos com artistas e empresas responsáveis pela infraestrutura dos eventos.
Com a autorização legislativa, o Governo do Estado poderá formalizar os convênios com as administrações municipais, repassando os valores dentro dos trâmites legais. Além da importância cultural, o investimento é visto como estratégico para a retomada econômica regional. As festas juninas geram uma extensa cadeia de empregos temporários — de montadores de palco a vendedores ambulantes, de técnicos de som a costureiras de figurinos — e fortalecem setores como hotelaria, gastronomia e transporte. Em cidades-polo, a ocupação hoteleira beira os 100% durante os fins de semana juninos, refletindo o impacto direto do São João no turismo interno.
A medida também atende a um apelo histórico de prefeitos, que frequentemente enfrentam dificuldades para garantir a realização das festas com recursos próprios. Para muitas dessas gestões, o São João é o maior evento do ano e uma das principais vitrines de políticas públicas voltadas para a cultura popular e desenvolvimento local. Ao garantir esse aporte extraordinário, o Estado não apenas assegura a manutenção das tradições nordestinas, mas também contribui para equilibrar as contas municipais diante das despesas elevadas que esse tipo de evento impõe.
A aprovação na Alepe contou com apoio da base governista e de parte da oposição, que reconheceu a relevância do crédito diante da iminência de prejuízos culturais e econômicos. Nos bastidores, parlamentares ressaltaram que o volume de recursos, embora elevado, corresponde à dimensão das festas no estado. A votação reflete também o peso que o tema São João tem na vida política e administrativa pernambucana. Afinal, em um estado onde a cultura pulsa nas ruas e arraiais, deixar de investir nos festejos juninos não é apenas uma questão financeira — é uma decisão que repercute diretamente na autoestima, na economia e na identidade do povo.
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