Por: Greovario Nicholas
Enquanto Gilson Machado era transferido, prestava depoimento e se submetia a medidas cautelares, Bolsonaro mantinha uma postura de total indiferença. No mesmo dia da prisão, o ex-presidente cumpria agenda no Nordeste e visitava o Hospital São Lucas, em Natal, onde foi atendido meses atrás após um episódio de mal-estar abdominal. Ele foi fotografado ao lado de apoiadores e chegou a gravar vídeos, mas em nenhum momento fez qualquer menção ao ex-ministro, que também é pré-candidato ao Senado por Pernambuco e um dos nomes mais ativos da direita no estado.
Essa postura se repete em outros episódios. Não foi diferente quando o ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, foi preso; ou seu vice Braga Netto; ou quando o tenente-coronel Mauro Cid foi levado à cadeia. Em todos os casos, Bolsonaro demorou ou simplesmente optou por não fazer comentários, mesmo quando os envolvidos mantinham forte ligação política e pessoal com ele. A falta de solidariedade tem causado desconforto em aliados próximos, principalmente entre aqueles que ainda se expõem em sua defesa e esperam o mesmo tipo de lealdade em situações adversas.
Nos bastidores, a ausência de declarações é interpretada como uma tentativa de blindagem. Bolsonaro tenta evitar que sua imagem seja diretamente associada aos casos investigados pelo Supremo Tribunal Federal e pelo ministro Moraes. Seu silêncio calculado seria, segundo aliados, uma estratégia jurídica para não se comprometer, ainda que, do ponto de vista político, enfraqueça laços com figuras que até pouco tempo integravam seu círculo mais próximo. O caso de Gilson Machado se soma a uma lista de aliados que enfrentaram problemas com a Justiça sem qualquer gesto público de apoio ou solidariedade do líder do PL.
A postura fria diante da prisão de Machado contrasta com o discurso inflamado que o ex-presidente costuma adotar nas redes sociais e em eventos políticos. Se por um lado, prega fidelidade e combate ao sistema, por outro, age com distanciamento quando o cerco se fecha sobre seus companheiros. Gilson, que foi um dos articuladores da presença de Bolsonaro em Pernambuco nas últimas campanhas, agora experimentou, mesmo que rapidamente o isolamento público de quem foi deixado para trás em um momento mais delicado. Esse é o jeito Bolsonaro de ser! Cada um por si!
Nenhum comentário:
Postar um comentário