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Cotado para ocupar a Secretaria-Geral da Presidência da República após a eleição interna do Partido dos Trabalhadores, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) intensificou sua atuação política em defesa de medidas estratégicas do governo Lula, sinalizando cada vez mais sua aproximação com o núcleo central do Palácio do Planalto. Em um movimento que unifica a frente institucional e as bases populares, Boulos assumiu protagonismo na defesa do decreto presidencial que aumentava o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), dispositivo que foi derrubado por decreto legislativo no Congresso Nacional sob forte pressão de parlamentares da oposição e até de setores independentes.
A reação de Boulos foi imediata. Por meio das redes sociais, o deputado classificou a derrubada como “inconstitucional” e anunciou que o PSOL irá acionar o Supremo Tribunal Federal para garantir a validade da norma assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo ele, o decreto do Congresso fere o equilíbrio entre os poderes e interfere indevidamente em prerrogativas do Executivo na gestão da política fiscal. A Frente Povo Sem Medo, articulação de movimentos populares da qual Boulos é uma das principais lideranças, também foi mobilizada para organizar manifestações de rua em repúdio ao que chamou de “boicote da direita” contra a agenda do governo no Parlamento.
A decisão do Congresso de anular o aumento do IOF representou um revés para o Palácio do Planalto, que contava com a medida como uma fonte emergencial de arrecadação diante das crescentes pressões sobre o orçamento federal. Como revelou a CNN Brasil, o governo já iniciou conversas com ministros do Supremo para avaliar a viabilidade de apresentar um recurso que reverta os efeitos da derrubada do decreto legislativo. A articulação envolve a Advocacia-Geral da União (AGU), o Ministério da Fazenda e o núcleo político do Planalto.
O próprio ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em entrevista recente à *Folha de S.Paulo*, disse que não descartava judicializar a questão, destacando que o país precisa de novas fontes de receita e que o aumento do IOF era uma medida pontual, pensada para dar sustentação às metas fiscais do governo. Haddad ressaltou ainda que o governo está empenhado em manter a responsabilidade fiscal sem abandonar os compromissos sociais do presidente Lula.
Nos bastidores, o gesto de Boulos foi lido como um alinhamento definitivo com o governo, numa demonstração de confiança do presidente Lula em sua liderança política e capacidade de articulação social. Apesar de integrar um partido diferente, Boulos tem atuado como uma ponte entre a esquerda mais tradicional do PT e os setores progressistas e populares representados pelo PSOL. Sua atuação tem se destacado não apenas no Congresso, mas também nas ruas, com uma base militante ativa e organizada.
A possível ida de Boulos para a Secretaria-Geral da Presidência reforçaria essa estratégia de aproximação entre o Planalto e os movimentos sociais. A pasta, que historicamente concentra o diálogo com a sociedade civil organizada, seria uma plataforma ideal para o deputado ampliar seu protagonismo político em nível nacional. A reação firme em defesa do decreto do IOF é apenas mais um sinal de que Boulos pretende ocupar esse espaço com voz ativa e disposição para o confronto político, especialmente em temas que envolvem os pilares da política econômica e social do atual governo.
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