quarta-feira, 18 de junho de 2025

COLUNA POLÍTICA | NA LUPA 🔎 | POR EDNEY SOUTO

SERRA TALHADA E A DANÇA DAS CADEIRAS: MÁRCIA CONRADO REELEITA, BRENO ARAÚJO NO TABULEIRO E A POLÍTICA COMO ELA É
MÁRCIA CONRADO CONSOLIDA FORÇA EM SERRA TALHADA

Reeleita com folga para a Prefeitura de Serra Talhada, a prefeita Márcia Conrado confirma seu nome como uma das figuras mais habilidosas da política sertaneja. A ex-presidente da AMUPE agora caminha com autoridade própria, apesar de ter chegado ao Palácio Municipal sob as bênçãos do ex-prefeito Luciano Duque, de quem foi sucessora e, por muito tempo, aliada fiel. O cenário mudou. Vamos dar uma analisada NA LUPA desta quarta-feira. 

DO LEGADO AO DESLIGAMENTO: A MÁQUINA POLÍTICA DE DUQUE
Foi Luciano Duque quem, anos atrás, arquitetou a subida de Márcia ao poder. Ela, antes escudeira, hoje virou general de seu próprio exército. Duque agora trilha outro caminho: vai à reeleição como deputado estadual e prepara o filho, Duque Filho, para disputar vaga na Câmara Federal. O racha com Márcia parece irreversível, ainda que civilizado nas aparências. Mas nos bastidores, o clima é de disputa fria — e sem volta. Mais uma vez em Serra Talhada a criatura não seguiu o criador que não dominou o contexto político. Até parece uma tradição. 

O FATOR BRENO ARAÚJO: DO BREJO À ALEPE
O novo protagonista do jogo é Breno Araújo, conhecido também como Brejo Calado, marido da prefeita. Discreto no início, agora surge como pré-candidato à Assembleia Legislativa. A equação política mudou repentinamente. A promessa de apoio a Sebastião Oliveira em 2024 — um aliado fiel e estratégico — parece ter sido engolida pelo vendaval das ambições domésticas. A entrada de Breno na disputa soa como uma jogada arriscada, mas calculada. Pelo menos, é o que indica o roteiro.

PROMESSA QUEBRADA E A LEI DE MAQUIAVEL
Fontes próximas garantem: Márcia havia empenhado sua palavra ao grupo de Sebastião Oliveira, que ofereceu estrutura e apoio durante todo o ano eleitoral. A guinada pró-Breno caiu como um raio no ninho dos Oliveiras. “Os fins justificam os meios”, já dizia Maquiavel, e a prefeita parece ter tomado nota disso. Política, afinal, não é feita para os sentimentais — é para quem sabe se adaptar ao vento. O apoio agora é outro. E ponto.

O TRATOR CHAMADO SEBASTIÃO E A DOBRADINHA DOS OLIVEIRA
Sebastião Oliveira não é um nome qualquer. Ex-ministro, deputado federal, líder de grupo consolidado. Vai dobrar com o irmão, Waldemar Oliveira, de olho em retomar espaço na ALEPE e Brasília. Para Breno Araújo, a missão de vencer esse bloco será árdua. Márcia tenta compensar com outra dobradinha: Fernando Monteiro, deputado federal que tem presença consolidada em regiões estratégicas e está filiado ao Republicanos, sob o guarda-chuva de Silvio Costa Filho.

UM PASSADO DE TRAIÇÕES POLÍTICAS EM SERRA TALHADA
Quem acompanha a política de Serra Talhada sabe: por lá, o jogo de sucessão sempre foi regado a traições e mudanças bruscas de lado. Carlos Evandro, Luciano Duque, e agora Márcia Conrado, todos viveram ou protagonizaram reviravoltas que causaram fraturas profundas. Márcia segue a tradição. Em terra onde o “sujo não pode falar do mal lavado”, o que resta é o pragmatismo. E, para quem quer se manter no poder, isso é regra de sobrevivência.

O DESAFIO DA EXPANSÃO: BRENO PRECISA CRESCER FORA DO SERTÃO
Para além do sobrenome da esposa, Breno Araújo precisará mostrar musculatura fora da região. Não basta ser o marido da prefeita mais votada da história de Serra Talhada. É necessário montar base, viajar, formar equipe regionalizada, fazer dobradinhas locais e conquistar lideranças. A eleição para deputado estadual exige capilaridade. Sem isso, poderá assistir à eleição de fora, no palanque — mas sem mandato.

O FUTURO É UM CAMPO MINADO
O jogo está em campo. Márcia Conrado, firme na prefeitura, aposta tudo em Breno. Luciano Duque segue com o filho em voo próprio. Sebastião Oliveira engatilha suas armas para 2026, mirando dobradinhas que possam furar o bloqueio municipal. No meio disso tudo, o eleitor de Serra Talhada parece já acostumado a ver antigos aliados se tornarem adversários. A política por lá, como em boa parte do Sertão, segue viva, imprevisível — e implacável. A novela continua. E o próximo capítulo promete. É isso ai

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