A iniciativa de Débora Almeida de abrir espaço para o diálogo direto com os segmentos populares envolvidos no cotidiano do futebol pernambucano reflete uma abordagem que vai além do mero tratamento punitivo das torcidas organizadas. Em vez disso, ela optou por ouvir as perspectivas dos próprios membros das torcidas, que muitas vezes também são vítimas do estigma e da generalização. Representando suas respectivas agremiações, os participantes levaram contribuições que, segundo a deputada, serão fundamentais para aprimorar os textos legislativos em tramitação. O objetivo é construir normas que sejam eficazes, mas também justas, evitando criminalizar indistintamente grupos que também contribuem para a cultura esportiva do estado.
Durante a reunião, foram abordadas questões como a atuação das torcidas nas arquibancadas, a organização de caravanas para jogos fora da capital, os mecanismos de controle e diálogo com os clubes e com as autoridades policiais, além das medidas que já vêm sendo adotadas internamente por algumas dessas torcidas para coibir a ação de infiltrados que promovem confrontos. Segundo fontes próximas ao encontro, os representantes demonstraram disposição para colaborar com propostas que garantam segurança e liberdade para o verdadeiro torcedor, sem comprometer o direito de manifestação das torcidas organizadas enquanto expressão cultural.
A deputada destacou a importância do envolvimento de todos os atores — Parlamento, Judiciário, forças de segurança, Ministério Público, clubes e, principalmente, os próprios torcedores — na construção de uma nova mentalidade em torno do futebol pernambucano. Para Débora Almeida, o esporte precisa voltar a ser um ambiente de celebração, lazer e pertencimento, e isso só será possível com políticas públicas baseadas no respeito mútuo, na escuta ativa e na prevenção da violência. Ela ressaltou ainda que muitos jovens e famílias deixaram de frequentar os estádios por medo da insegurança, um fenômeno que impacta diretamente a vitalidade do futebol local, tanto em termos de bilheteria quanto de identidade cultural.
O clima na Alepe durante o encontro foi descrito como respeitoso e colaborativo, com todos os lados comprometidos em buscar soluções viáveis. A escuta promovida por Débora também se insere em um momento nacional de discussão sobre o papel das torcidas organizadas, frequentemente colocadas no centro do debate sobre violência urbana. Em Pernambuco, a deputada tem se posicionado de forma firme, mas equilibrada, buscando garantir que as medidas legislativas levem em conta a complexidade do tema e a necessidade de soluções estruturantes. A expectativa é que os projetos em análise ganhem novas versões com base nas contribuições apresentadas, pavimentando o caminho para uma legislação mais eficaz e sensível à realidade dos estádios pernambucanos.
Para além da agenda legislativa, a ação da deputada também tem um forte simbolismo político e social. Ao trazer as torcidas organizadas para dentro da Assembleia Legislativa, Débora Almeida reconhece sua importância histórica e sociocultural, mas também exige delas uma corresponsabilidade na construção de um futebol mais seguro. Trata-se de um gesto de inclusão e de convocação para a cidadania ativa, em um momento em que os episódios de violência ameaçam transformar arenas esportivas em espaços de medo, em vez de paixão e alegria.
O compromisso da parlamentar com o tema deve continuar nos próximos meses, com novas audiências, escutas e ajustes nos projetos de lei. A intenção, segundo ela, é clara: resgatar a confiança do público, permitindo que as famílias, os jovens e os torcedores de bem voltem a frequentar os estádios com tranquilidade. Para Débora Almeida, o futebol pernambucano merece arquibancadas cheias não de tensão e desconfiança, mas de festa, canto, emoção e respeito mútuo entre os rivais.
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