Durante participação no programa Caruaru no Face, o prefeito Rodrigo Pinheiro surpreendeu ao anunciar uma mudança histórica: a tradicional e emblemática Feira da Sulanca passará a se chamar Feira da Moda. A decisão, segundo o gestor municipal, é resultado de uma escuta ativa junto aos comerciantes do polo de confecções, que há anos solicitavam uma atualização no nome da feira. O novo título busca refletir a atual realidade do setor, que evoluiu de uma feira de sulanca — termo regional ligado à venda de peças reaproveitadas ou de menor valor — para um polo consolidado de produção de moda autoral, diversificada e com alcance nacional.
A proposta de mudança não surgiu de forma repentina. Rodrigo Pinheiro destacou que ouviu diversos segmentos do comércio local, desde pequenos fabricantes a grandes atacadistas, além de representantes de entidades ligadas à economia têxtil da cidade. Segundo ele, a nova denominação representa o reconhecimento de uma transformação profunda que a feira e a cidade vêm atravessando nas últimas décadas. Caruaru, que já se consolidou como um dos maiores polos de moda do Brasil, precisava, nas palavras do prefeito, de uma marca mais coerente com sua força econômica atual e com a imagem moderna que vem conquistando em outras regiões do país.
A Feira da Sulanca, nascida de forma espontânea e informal nas décadas passadas, foi durante muito tempo um símbolo de empreendedorismo popular, marcada por barracas improvisadas, peças vendidas a preços baixos e um fluxo de compradores vindos de vários estados do Nordeste. Com o passar dos anos, o setor passou por um processo de qualificação, com investimento em infraestrutura, regularização dos espaços, profissionalização dos fabricantes e valorização das marcas locais. A feira migrou da rua para galpões organizados e passou a abrigar grifes regionais, peças exclusivas e confecções voltadas tanto ao atacado quanto ao varejo. Hoje, recebe clientes de todo o Brasil e movimenta milhões de reais por semana.
Para muitos comerciantes, o termo “sulanca” já não traduz mais o perfil atual dos produtos e do público. Há quem acredite que a palavra carregava estigmas que não correspondiam à realidade da feira moderna: um centro comercial que produz, gera emprego, exporta tendências e integra um ecossistema com forte impacto na economia pernambucana. A mudança para “Feira da Moda” representa, portanto, um movimento simbólico, de afirmação de identidade e de revalorização de um setor que foi sendo refinado por décadas de trabalho árduo dos caruaruenses.
O anúncio foi feito em tom de celebração e de compromisso com a modernização. A prefeitura ainda não divulgou se haverá mudanças visuais ou estruturais imediatas nos centros onde a feira é realizada, mas a alteração do nome deve ser incorporada gradualmente em materiais oficiais, campanhas publicitárias e na comunicação institucional do município. Rodrigo Pinheiro reforçou que a decisão não se trata de apagar a história, mas de atualizar a narrativa de um símbolo que já ultrapassou as fronteiras do Agreste.
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