Marcílio Régio assume Prefeitura de Goiana em meio a alianças estratégicas, desafios políticos e expectativa por gestão independente
Nesta segunda-feira, Goiana inicia uma nova etapa administrativa com a posse de Marcílio Régio (PP) como prefeito, após vencer a eleição suplementar no município da Zona da Mata Norte. A eleição foi convocada após o indeferimento da candidatura do ex-prefeito Eduardo Honório (UB), que, mesmo impedido de concorrer, manteve protagonismo no processo político ao se tornar o principal fiador da campanha vitoriosa de Marcílio. Com mais de 40 anos de atuação na política local, Régio retorna ao comando do Executivo prometendo experiência e capacidade de articulação, mas sem abrir mão da autonomia diante do apoio decisivo que recebeu.
A aliança entre Marcílio e Honório, embora tenha se mostrado eficiente nas urnas, provoca especulações quanto ao equilíbrio de forças dentro da nova gestão. Como sinal de reconhecimento e estratégia, Honório será nomeado assessor especial do gabinete do prefeito, posto que lhe garante proximidade ao núcleo de decisões. No entanto, pessoas próximas ao novo gestor indicam que, apesar da gratidão, Marcílio não pretende entregar o controle da administração e não aceitará interferências excessivas. Ele teria sinalizado que, embora o apoio do ex-prefeito tenha sido crucial, sua trajetória política, construída em quatro décadas, o credencia a governar com independência.
Além do arranjo político no Executivo, outro desafio imediato do novo prefeito é consolidar uma base sólida no Legislativo. A Câmara Municipal é presidida justamente por seu principal adversário nas urnas, o vereador Eduardo Batista (Avante), que assumiu interinamente o Executivo durante o processo eleitoral. Na eleição suplementar, apenas quatro dos 17 vereadores apoiaram Marcílio. Os outros 13 se alinharam a Batista, que saiu derrotado. Fontes internas indicam, no entanto, que a bancada de apoio ao novo prefeito já teria crescido para pelo menos seis parlamentares — um número ainda insuficiente para garantir maioria, mas suficiente para abrir espaço a negociações políticas e possíveis composições futuras.
O relacionamento com o Legislativo será determinante para que Marcílio consiga implementar ações e programas, especialmente considerando o porte de Goiana. A cidade abriga grandes empreendimentos industriais, como a fábrica da Jeep e outras empresas no Polo Automotivo, o que confere ao município uma das maiores arrecadações do estado. Ainda assim, Goiana enfrenta sérios gargalos em áreas como saúde, educação e infraestrutura urbana, o que pressiona o novo governo a apresentar resultados concretos em curto prazo.
A nova gestão também herda uma situação fiscal aparentemente favorável. Durante a campanha, Eduardo Batista afirmou repetidamente que Eduardo Honório deixou R\$ 500 milhões em caixa. Essa cifra, se confirmada, representaria uma oportunidade rara de iniciar um mandato com fôlego financeiro e capacidade de investimento. Contudo, Marcílio deverá realizar um levantamento completo das finanças municipais ao assumir oficialmente, para compreender as condições reais de liquidez e os compromissos já empenhados. A expectativa é que ele utilize esses recursos com critério, buscando combinar a necessidade de entregar obras estruturantes com a urgência de resolver problemas crônicos que afetam o cotidiano da população.
Mesmo diante das incertezas iniciais sobre sua governabilidade, Marcílio chega ao comando da cidade cercado de expectativa. Goiana, com sua pujança econômica e potencial de crescimento, representa uma vitrine para qualquer gestor. A depender de como se desenrolarem as negociações com a Câmara e do grau de autonomia que o novo prefeito conseguirá exercer diante de seus aliados, a cidade pode viver um novo momento de transformação ou prolongar o cenário de instabilidade que marcou os últimos meses.
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