segunda-feira, 2 de junho de 2025

OPINIÃO - A FORÇA DA PALAVRA E A REALIDADE DA ÁGUA: ENTENDENDO O DISCURSO DE LULA EM CACHOEIRA DOS ÍNDIOS NA PARAÍBA

A força da palavra e a realidade da água: entendendo o discurso em Cachoeira dos Índios
Por: Cacá Ramalho
Em Cachoeira dos Índios, na Paraíba, durante a celebração de um marco histórico – a chegada das águas do Ramal do Apodi, parte da monumental Transposição do Rio São Francisco –, o presidente Lula utilizou uma figura de linguagem carregada de simbolismo e emoção para expressar a dimensão do desafio vencido.

Ao dizer que “Deus deixou o sertão sem água porque sabia que eu ia ser presidente da República e que eu ia trazer água pra cá”, Lula não se colocava acima de qualquer força divina, mas sim empregava um recurso retórico comum à cultura popular nordestina para sublinhar a magnitude de uma espera de quase dois séculos e a determinação política necessária para transformá-la em realidade.

A frase, pinçada e distorcida por adversários políticos com o claro intuito de gerar polêmica vazia, ignora o contexto e a profunda conexão pessoal do presidente com a questão da seca. Lula rememorou sua própria infância, carregando potes d’água na cabeça, para ilustrar que a solução para um problema tão antigo e doloroso exigia não apenas vontade política, mas uma compreensão visceral da realidade sertaneja. A menção a Deus, nesse contexto, funciona como uma hipérbole para enfatizar a quase “missão” que representou tirar do papel um projeto tão complexo e desacreditado por muitos ao longo de décadas.

O foco da oposição em deturpar uma expressão popular desvia a atenção do que realmente importa: a água que agora corre onde antes havia secura, a esperança que renasce em milhões de nordestinos e a concretização de uma obra que governos anteriores prometeram, mas não entregaram.

A verdadeira notícia não está na semântica de uma frase, mas no impacto transformador da Transposição do São Francisco, um testemunho do compromisso em enfrentar os desafios históricos do Brasil com ações concretas, e não apenas palavras.

Desviar o debate para uma controvérsia artificial é um desserviço à população que finalmente vê a água como uma realidade próxima, fruto de esforço, planejamento e vontade política.


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