Silvio Costa Filho afirmou que o projeto nasceu do esforço de muitas lideranças ao longo dos anos, destacando nomes como o ex-governador Nilo Coelho e o ex-deputado Paulo Coelho, que historicamente defenderam a retomada da navegação no São Francisco. O ministro informou que, ainda neste mês de junho, será assinada a delegação do projeto na Bahia, ao lado do governador Jerônimo Rodrigues e do ministro da Casa Civil, Rui Costa. Após essa etapa, serão iniciados os estudos técnicos, com foco na obtenção das licenças ambientais, elaboração de projeto executivo e estruturação da governança, em diálogo com a Codevasf, INCRA e órgãos ambientais.
O ministro ressaltou o interesse da iniciativa privada na operação da hidrovia, com grupos nacionais e internacionais já manifestando disposição para investir. A hidrovia será interligada às principais ferrovias da região, como a FIOL (Ferrovia de Integração Oeste-Leste) e a Ferrovia Centro-Atlântica, com ligação estratégica até o Porto de Aratu, na Bahia. Isso permitirá o escoamento da produção do Vale do São Francisco, especialmente de frutas, para mercados do Sudeste, Sul e exportação. Silvio destacou ainda que o milho do Oeste da Bahia e do Sul do Piauí poderá abastecer o setor pecuário de Pernambuco, fortalecendo a avicultura local. A piscicultura do Lago de Itaparica e a indústria de gesso do Araripe também serão diretamente beneficiadas, com redução dos custos logísticos que atualmente comprometem a competitividade do polo gesseiro pernambucano.
Durante o evento, o presidente da ABRAFRUTAS, Guilherme Coelho, comemorou o anúncio, lembrando que a hidrovia é um sonho antigo da região. Segundo ele, os grandes projetos do Nordeste sempre enfrentam dificuldades históricas para sair do papel, como foi o caso da Transposição do São Francisco e da Transnordestina, e espera que a HN-500 tenha outro destino. Coelho ressaltou que o transporte hidroviário é mais barato, mais sustentável e amplamente utilizado em países desenvolvidos, como os Estados Unidos, que priorizam rios e trens em suas rotas logísticas.
O prefeito de Petrolina, Simão Durando, emocionou-se ao lembrar o passado da navegação local e citou o barqueiro Luizinho da Barca Nina, presente na cerimônia, que por décadas transportou cargas no São Francisco até Santa Maria da Boa Vista. Durando celebrou o simbolismo do projeto, destacando que o rio São Francisco é a base da riqueza do Vale, e que Petrolina, hoje a terceira maior cidade de Pernambuco, dará um salto ainda maior com a retomada da navegabilidade.
O prefeito de Juazeiro, Andrei Gonçalves, reforçou a necessidade de dragagem do rio e salientou que a hidrovia vai além do transporte de cargas, podendo impulsionar o turismo fluvial e a valorização das cidades ribeirinhas. Carlos Farias, diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ), lembrou que o projeto já está previsto no Plano Geral de Outorgas Hidroviárias, que identifica cerca de 60 mil km de rios navegáveis no Brasil, mas apenas 20 mil km com viabilidade econômica. Segundo ele, a hidrovia será inicialmente estruturada com apoio da CODEBA (Companhia das Docas do Estado da Bahia), responsável por executar intervenções como dragagem, derrocagem e sinalização, fundamentais para garantir a navegabilidade em segurança.
Farias, que é natural da região, afirmou estar pessoalmente envolvido com o sucesso do projeto, citando seu tio, Carlos Gilberto Farias, figura histórica de Juazeiro e Petrolina, como inspiração. A cerimônia foi marcada por entusiasmo das lideranças políticas, empresariais e comunitárias presentes, que veem na hidrovia uma oportunidade concreta de transformar o Velho Chico em um eixo estruturante do desenvolvimento econômico, social e logístico do Nordeste brasileiro.
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