O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, ao ser questionado sobre o plano vetado por Trump, evitou uma resposta direta, afirmando apenas que Israel fará “o que for necessário para garantir sua segurança”. O governo iraniano, por sua vez, respondeu com ataques que resultaram em oito mortos e 92 feridos em território israelense nesta segunda-feira, além de atingir a embaixada americana em Tel Aviv, embora sem causar grandes danos. A escalada também envolveu o disparo de um míssil a partir do Iêmen, ampliando o temor de que o conflito ganhe proporções regionais com a entrada de outros atores do eixo pró-Irã.
Em meio ao cenário de tensão, os líderes do G7, reunidos no Canadá, passaram a pressionar Trump a esclarecer sua posição em relação ao conflito. Espera-se que o ex-presidente utilize sua influência sobre Netanyahu para buscar um cessar-fogo imediato. Porém, Trump tem insistido que a diplomacia ainda pode prevalecer e que um acordo de paz entre Irã e Israel “está próximo”, declaração que gerou ceticismo entre os europeus. A falta de uma resposta objetiva de Washington tem preocupado os aliados ocidentais, que veem no vácuo de liderança um incentivo para o prolongamento da guerra.
Enquanto o conflito se intensifica, o Irã reiterou não ter interesse em desenvolver armas nucleares. Em pronunciamento nesta manhã, o presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, garantiu que seu país continuará defendendo o direito ao uso pacífico da energia nuclear e à pesquisa científica, conforme o decreto emitido ainda em vida pelo aiatolá Khamenei, que proibia a fabricação de armas de destruição em massa. Pezeshkian também afirmou que Teerã não iniciou o conflito e que sua resposta foi motivada pelos ataques israelenses contra civis e líderes militares.
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) foi acionada pelo governo iraniano para realizar uma sessão emergencial ainda nesta segunda-feira, com apoio de países como Rússia, China e Venezuela. A reunião deve tratar dos impactos dos bombardeios nas instalações nucleares iranianas e das possíveis consequências para a segurança global. Segundo o Ministério da Saúde do Irã, 224 pessoas morreram desde o início da ofensiva israelense, número que pode aumentar diante da continuidade dos ataques aéreos.
Israel justifica suas ações afirmando que o Irã está perigosamente próximo de adquirir capacidade de fabricar uma bomba atômica. Apesar de especialistas indicarem que o país vem fortalecendo seu programa de enriquecimento de urânio, não há provas concretas de que esteja efetivamente produzindo armamentos nucleares. A avaliação internacional permanece dividida, com parte da comunidade vendo a ofensiva de Netanyahu como uma tentativa de impedir um possível acordo entre Washington e Teerã, o que poderia reduzir o isolamento iraniano.
Em análise publicada no New York Times, o correspondente Steven Erlanger destacou que Netanyahu vê qualquer acordo que permita ao Irã manter o enriquecimento de urânio como um caminho inevitável para a bomba nuclear. Essa percepção alimenta a determinação do premiê israelense em desmantelar o programa atômico iraniano a qualquer custo, mesmo que precise agir sem o apoio ativo dos Estados Unidos. O risco, contudo, é que a insistência israelense em ações unilaterais precipite uma guerra mais ampla — um cenário que Trump, apesar de sua retórica ambígua, parece disposto a evitar, ao menos por enquanto.
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