segunda-feira, 14 de julho de 2025

BOLSONARO DIZ QUE "SISTEMA" QUER DESTRUÍ-LO E ALERTA: "AMANHÃ SERÁ COM VOCÊ"

Na mesma data em que se encerra o prazo da Procuradoria-Geral da República (PGR) para apresentar suas alegações finais no processo que o acusa de envolvimento em uma tentativa de golpe de Estado, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) publicou uma nova mensagem nas redes sociais atacando o que chamou de “sistema” e sugerindo que é alvo de uma perseguição que, segundo ele, poderá atingir futuramente os cidadãos comuns. Réu no Supremo Tribunal Federal (STF) ao lado de outros 30 acusados, Bolsonaro enfrenta uma das fases mais delicadas de sua trajetória política, sendo apontado como o principal articulador de uma trama para anular o resultado das eleições presidenciais de 2022.

No texto publicado nesta segunda-feira (14), em sua conta na rede X (antigo Twitter), o ex-presidente afirmou que não se trata apenas de afastá-lo da cena política, mas de uma suposta tentativa de “destruí-lo por completo”. “Eliminar fisicamente, como já tentaram”, escreveu Bolsonaro, insinuando que já teria sido alvo de planos para assassiná-lo. Em tom apocalíptico, o ex-mandatário alertou que, após ele, os alvos serão os cidadãos comuns, suas famílias, sua fé e sua liberdade. O ex-presidente não cita diretamente nomes de ministros do STF, nem o procurador-geral da República, Paulo Gonet, nem o relator da ação, ministro Alexandre de Moraes, mas aponta para uma suposta articulação entre setores do Judiciário, da imprensa e da elite política brasileira.

As declarações surgem em um contexto no qual a defesa de Bolsonaro busca transformar sua situação jurídica em uma narrativa de vitimização, com forte apelo emocional, calcada na ideia de que ele representa o “povo de bem” contra instituições que estariam agindo politicamente. Essa estratégia inclui o uso constante das redes sociais e de eventos públicos para mobilizar apoiadores e pressionar autoridades. Segundo as investigações, a chamada “trama golpista” teve início logo após a derrota de Bolsonaro nas urnas, quando ele e seus aliados passaram a divulgar acusações infundadas de fraude no sistema eleitoral, estimular atos antidemocráticos e planejar formas de manter o ex-presidente no poder.

Além do discurso interno, há também um componente internacional na tentativa de blindagem de Bolsonaro. Desde que Donald Trump retomou o protagonismo político nos Estados Unidos, aliados do ex-presidente brasileiro têm buscado apoio na direita norte-americana. Recentemente, a nova medida tarifária imposta pelo governo Trump contra produtos brasileiros — com aumento de 50% nas taxas de importação — vem sendo interpretada como uma retaliação velada às ações da Justiça brasileira contra Bolsonaro. A movimentação busca sugerir uma ingerência externa na defesa do ex-presidente, convertendo a disputa judicial em uma espécie de conflito ideológico global.

No mesmo texto publicado nesta segunda-feira, Bolsonaro acusa seus adversários de tentar calar opositores “com censura, ameaças, inquéritos, prisão ou até com a morte”. A publicação, que foi amplamente compartilhada por seus apoiadores, reforça a retórica de que há uma perseguição generalizada contra aqueles que se opõem ao atual governo e ao sistema de Justiça. A defesa pública do ex-presidente tem apostado em uma escalada do discurso alarmista para reacender a mobilização de sua base, especialmente no momento em que se aproxima o julgamento do caso no STF, que pode levá-lo à prisão.

Embora Bolsonaro tenha sido tornado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ele ainda mantém forte influência sobre o eleitorado conservador e sobre lideranças do Partido Liberal, que planejam utilizar sua imagem nas campanhas municipais deste ano. O ex-presidente busca manter seu capital político ativo mesmo diante das restrições legais, recorrendo a frases de efeito, teorias conspiratórias e comparações históricas para reforçar sua posição como suposta vítima de um sistema corrupto. O desfecho do processo que o acusa de liderar uma tentativa de golpe deve marcar um novo capítulo na polarização política do país e pode redesenhar os rumos da direita brasileira nas eleições de 2026.

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