EM SETEMBRO DE 1996, BARTOLOMEU QUIDUTE CRAVAVA 91% DE APROVAÇÃO: UM RECORDE DOS ANOS 90
Por Edney Souto
Setembro de 1996 marcou um feito histórico para a cidade de Garanhuns, no Agreste pernambucano. Naquele mês, uma pesquisa de opinião pública registrava uma das maiores taxas de aprovação administrativa de que se teve notícia na política local — 91% de aprovação popular. O protagonista dessa façanha foi Bartolomeu Quidute, médico jovem e idealista que, ao assumir a Prefeitura de Garanhuns no início da década de 1990, deu início a uma verdadeira transformação na cidade. Vamos dar uma analisada NA LUPA desta quinta-feira. Vamos dar uma analisada NA LUPA desta sexta-feira.
O MÉDICO QUE MUDOU A POLÍTICA LOCAL
De origem tradicional do sertão pernambucano, mas radicado em Garanhuns há muitos anos, sempre foi um profissional da medicina que se apresentou de forma carismática e simples, e com uma trajetória marcada pela dedicação à medicina popular, Bartolomeu chegou à prefeitura pelas mãos do povo, não das elites tradicionais. Sua eleição foi uma surpresa para os bastidores políticos da época, dominados por oligarquias e estruturas familiares que comandavam o município há décadas. Com uma campanha austera e de corpo a corpo, ele virou o jogo e deu um grito de liberdade aos bairros mais esquecidos de Garanhuns.
UMA GESTÃO POPULAR, FIRME E TRANSFORMADORA
A administração Quidute foi marcada por políticas públicas voltadas à inclusão social, melhoria da infraestrutura urbana e valorização das periferias. Obras estruturantes chegaram onde antes só havia promessas. A cidade cresceu com planejamento, os serviços públicos foram qualificados e, sobretudo, o povo foi ouvido. Ao lado da primeira-dama Rosa Quidute, que comandava com maestria a área de Assistência Social, e com a articulação política do advogado Alexandre Marinho, seu governo ganhou força, legitimidade e protagonismo.
O FIM DO MANDATO E A SURPREENDENTE ESCOLHA
Na época, a legislação não permitia a reeleição de prefeitos. Com índices altíssimos de aprovação, Bartolomeu poderia facilmente eleger um sucessor de seu grupo político. No entanto, fez um movimento inesperado: escolheu o então vereador Silvino Duarte, líder da oposição na Câmara, como seu candidato à sucessão. A decisão surpreendeu aliados e desestabilizou momentaneamente sua base. Até hoje, muitos tentam decifrar os motivos reais daquela escolha. Uma aposta ousada, com consequências relevantes.
SILVINO, O ROMPIMENTO E A MUDANÇA DE RUMOS
Silvino venceu a eleição carregado pelo prestígio de Bartolomeu. No entanto, rompeu rapidamente com o seu mentor político, num gesto considerado traição por parte significativa da população e dos bastidores da política na época. Ainda assim, usou os projetos e recursos conquistados no governo anterior para dar continuidade a obras e ações, o que lhe garantiu uma reeleição. Mais tarde, apoiaria Luiz Carlos de Oliveira, que também ficaria oito anos à frente da prefeitura.
LEGADO DE UM LÍDER VERDADEIRO
O governo de Bartolomeu Quidute deixou marcas profundas em Garanhuns. Com um olhar voltado aos que mais precisavam, ele governou com o coração e com os pés no chão. Sua relação com o povo era direta, franca e afetuosa. Ele não governou de gabinete, mas nas ruas, nos bairros, nos postos de saúde e hospitais. Seu compromisso com a justiça social foi traduzido em ações concretas e eficazes, que até hoje são lembradas com saudade por muitos garanhuenses. Em tempos de Festival de Inverno nunca é tarde para relembrar que foi no governo Quidute o evento foi profissionalizado e recebeu as feições e infraestrutura que o acompanha até hoje. Uma visão futura que deu gigantismo ao FIG, criado por seu antecessor Ivo Amaral.
SACRIFÍCIOS E HONESTIDADE COMO MARCA
Bartolomeu Quidute deixou a prefeitura com menos patrimônio do que quando entrou, algo raro – quase utópico – na política brasileira. Sua vida pública foi pautada por princípios éticos, simplicidade e um senso de dever que transcendia os interesses pessoais. Sua gestão é reconhecida não apenas pelo que fez, mas por como fez: com dignidade, decência e coragem.
O MAIOR PREFEITO DE SUA ÉPOCA
A história de Bartolomeu Quidute já foi contada por diversas vozes, como a do Blog do Edney, que narrou parte do seu legado. Mas sempre vale ser recontada, pois ele está inscrito nas páginas da história como o maior e melhor prefeito de sua geração em Garanhuns. Um gestor que rompeu barreiras, desafiou o sistema, liderou com humildade e provou que é possível fazer diferente — e melhor.
UM EXEMPLO QUE PERMANECE
Passadas quase três décadas, a memória de Bartolomeu continua viva no imaginário coletivo da cidade. Em tempos de desilusão com a política, seu exemplo serve como farol para novas lideranças. Setembro de 1996 não foi apenas um recorde de aprovação. Foi a confirmação de que a política, quando feita com o coração e a razão, pode ser instrumento de verdadeira transformação social. É isso aí.
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