A TAXAÇÃO DE TRUMP FOI UM TIRO DE MISERICÓRDIA NA DIREITA BRASILEIRA
UM PRESENTE INESPERADO PARA LULA
O gesto de Donald Trump, ao anunciar uma taxação de 50% sobre produtos brasileiros, causou perplexidade até entre os analistas mais experientes. O que era para ser uma manobra isolada de campanha eleitoral americana, se transformou numa bomba-relógio para a direita brasileira. O presente que caiu no colo do presidente Lula veio em forma de protecionismo yankee — e logo de quem a direita brasileira tratava como “aliado ideológico”. Lula, que há poucos meses parecia sem discurso, agora tem uma bandeira para empunhar com vigor e indignação nacionalista. Vamos dar uma analisada NA LUPA desta segunda-feira.
A ALIANÇA QUE NUNCA EXISTIU
O erro da direita brasileira foi tratar Trump como seu padrinho político internacional. Houve uma aposta, quase cega, de que o trumpismo internacional protegeria os interesses do agronegócio brasileiro — motor econômico da ala conservadora. Ledo engano. A taxação agressiva expôs a inexistência de qualquer laço real. Trump pensa apenas nos Estados Unidos e sempre pensou. O “América Primeiro” nunca foi uma metáfora. Enquanto isso, os conservadores brasileiros bateram continência para uma fantasia.
UM MARQUETEIRO COM A SENHA NA MÃO
Sidônio Palmeira, o mago por trás das campanhas de Lula, deve estar em êxtase. Com a esquerda desidratada de pautas populares e com a classe média distante, a taxação de Trump forneceu a senha — como diria João Gomes. A senha de reaproximação com o empresariado nacional, com os produtores rurais e com a indústria. Lula agora pode vestir a armadura do nacionalismo econômico. A esquerda, que muitas vezes foge do tema por medo de parecer desenvolvimentista demais, ganhou de presente a chance de um novo discurso.
A DIREITA SEM RUMO E SEM CAUSA
Enquanto Lula monta seu novo cavalo de batalha, a direita se vê sem chão. Antes, a defesa do agro era um dos pilares retóricos mais sólidos do bolsonarismo. Hoje, o mesmo setor observa, atônito, seus lucros ameaçados por um aliado externo idolatrado. A direita, que se alimentava da retórica contra “intervencionismos petistas”, agora se cala diante da interferência brutal de Trump nos negócios brasileiros. A contradição é flagrante. E o eleitorado percebe.
O SILÊNCIO ENSURDECEDOR DO CONGRESSO
O Congresso Nacional, sobretudo sua ala mais conservadora, não emitiu uma reação proporcional ao impacto da medida. Um silêncio ensurdecedor tomou conta da Câmara e do Senado, como se todos estivessem esperando ordens ou tentando entender o que dizer. O presidente Lula aproveitou o vácuo. Nas entrelinhas, já é possível ver ministros preparando um discurso que une patriotismo econômico com soberania nacional — duas palavras que, ironicamente, vinham sendo sequestradas pela direita.
DO LADO DE LÁ, CELEBRAÇÃO VAZIA
Mesmo entre os trumpistas brasileiros, houve quem celebrasse a taxação como uma estratégia “esperta” de Trump contra a China, tentando minimizar o impacto ao Brasil. É uma racionalização frágil e desesperada. A verdade é que não há como disfarçar: quando se prejudica o setor exportador brasileiro, afeta-se diretamente os estados e municípios mais ligados à base bolsonarista. A festa será curta, e o gosto, amargo.
UM LULA COM FÔLEGO RENOVADO
É inegável que Lula vive seu melhor momento no atual mandato. Depois de meses apagado, com pautas sociais desgastadas e tensionamento constante com o Congresso, ele encontrou no embate com a direita americana e seus reflexos no Brasil uma alavanca inesperada. Com habilidade política e uma equipe de comunicação afiada, pode transformar o prejuízo econômico em capital simbólico. Para um político forjado em greves e conflitos, o adversário ideal voltou a surgir.
RUMO AO QUARTO MANDATO?
Se 2026 parecia um desafio quase intransponível, agora o jogo virou. Com um discurso nacionalista, apoio renovado de setores antes céticos e a direita fragilizada por contradições internas e externas, Lula pode pavimentar um “Céu de Brigadeiro” até o pleito. Nada está garantido, é claro — política é movimento. Mas se existe um ponto de inflexão na pré-campanha, foi este. O tiro de Trump acertou o próprio pé da direita brasileira. E Lula, sempre sagaz, já se mexe para colher os frutos dessa reviravolta histórica. É isso aí.um
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