UMA PROPOSTA ABSURDA E INCONSTITUCIONAL
O senador Ciro Nogueira (PP-PI), ex-ministro de Jair Bolsonaro e figura influente do Centrão, resolveu, mais uma vez, chamar atenção pelos caminhos tortos da política. Sua mais nova investida é a proposta de um terceiro mandato para prefeitos já reeleitos, medida que escancara não só o desrespeito à Constituição Federal como também a completa ausência de compromisso com a democracia. A ideia, além de estapafúrdia, fere de morte o princípio da alternância de poder — pilar fundamental de qualquer regime democrático. Vamos dar uma analisada NA LUPA de hoje.
JOGADA ELEITOREIRA E PERSONALISTA
Ciro não propõe essa mudança com base em convicções jurídicas ou institucionais. Trata-se, claramente, de uma manobra eleitoreira, voltada para agradar prefeitos aliados em seu reduto eleitoral, o Piauí. Com isso, tenta consolidar uma base de apoio local para manter sua relevância política. A proposta é menos sobre governança e mais sobre sobrevivência política, um verdadeiro teatro montado para a plateia municipalista que o cerca.
VIOLAÇÃO À CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA
A Constituição de 1988 é clara: prefeitos, governadores e o presidente da República têm direito a apenas uma reeleição consecutiva. Propor um terceiro mandato é tentar reescrever regras pétreas em nome de interesses pessoais e corporativos. Essa tentativa de “inventar a roda” ignora a estabilidade institucional e busca abrir um precedente perigoso, podendo ser apenas o começo de uma marcha autoritária disfarçada de reforma.
O SILÊNCIO DAS INSTITUIÇÕES
É preocupante o silêncio de setores importantes do Congresso Nacional e de parte da sociedade civil diante dessa tentativa. Ciro Nogueira, político experiente e articulado, sabe que a proposta é inconstitucional — mas aposta no barulho, no desgaste e na confusão para, quem sabe, emplacar uma “PEC do absurdo” com apoio de prefeitos ansiosos pelo poder prolongado. O momento exige firmeza das instituições, do STF ao Congresso, para repelir essa tentativa de golpe legalizado.
UM POLÍTICO SEM PROJETOS NACIONAIS
Desde que deixou o governo Bolsonaro, Ciro Nogueira tem enfrentado dificuldade em se manter em destaque na cena política nacional. Sem apresentar projetos relevantes nos últimos anos, tem apostado em pautas polêmicas ou populistas para aparecer. A proposta do terceiro mandato se encaixa nesse contexto: é uma ideia sem pé nem cabeça, que não resolve os problemas do país e ainda arranha a imagem das instituições democráticas.
BAJULAÇÃO POLÍTICA EM ESCALA MUNICIPAL
A ideia do terceiro mandato não passa de uma bajulação explícita aos prefeitos que já se encontram no poder e gostariam de lá permanecer indefinidamente. Ao oferecer essa bandeira, Ciro tenta garantir apoio em 2026, seja para ele próprio ou para nomes ligados ao seu grupo. O problema é que, ao tentar agradar um pequeno grupo, ele ataca a essência do sistema republicano, onde o poder é transitório e a renovação é essencial.
O PAPEL DE DONO DO PP E A FEDERAÇÃO COM O UNIÃO
Ciro Nogueira também atua como verdadeiro dono do Progressistas (PP), partido que hoje integra uma federação com o União Brasil — essa última ainda tentando resolver sua crise de identidade desde que nasceu da fusão entre DEM e PSL. A proposta de Ciro causa desconforto mesmo entre aliados, pois pode gerar divisões internas e colocar a federação em rota de colisão com a opinião pública. Um líder partidário sério deveria zelar pela coesão e responsabilidade institucional, não fomentar ideias lunáticas.
A SOCIEDADE PRECISA DIZER NÃO
Mais do que uma proposta infeliz, essa tentativa de legalizar o terceiro mandato representa um teste à vigilância da sociedade civil. O Brasil já vive tempos difíceis em termos de credibilidade institucional. Permitir retrocessos dessa natureza é abrir a porta para outros desmontes. A resposta deve ser clara e contundente: não ao terceiro mandato, não à violação da Constituição, e não ao personalismo político travestido de proposta legislativa.
O CONGRESSO ESTÁ SE PASSANDO PARA UM MOMENTO VERGONHOSO
Ciro Nogueira tenta ressuscitar o velho truque da “mudança de regras no meio do jogo”. Mas o Brasil já amadureceu demais para cair nessa armadilha. O país precisa de propostas que melhorem a vida da população, e não de delírios que servem apenas para massagear o ego de quem se recusa a largar o osso do poder. É isso aí.
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