A disputa entre o Palácio do Planalto e o Congresso Nacional em torno da taxação do IOF ganhou novos contornos no ambiente digital, conforme aponta uma pesquisa divulgada nesta sexta-feira (4) pela Quaest. O levantamento revelou que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva conseguiu reverter um cenário adverso que marcava os primeiros meses de 2025 e passou a dominar as narrativas nas redes sociais. Entre os dias 24 de junho e 4 de julho, mais de 4,4 milhões de menções foram registradas sobre o tema, com destaque para a hashtag #InimigosDoPovo, que acumulou mais de 300 mil citações — alcançando uma média impressionante de 18 mil menções por hora. A ofensiva digital liderada por apoiadores do governo se consolidou como uma resposta articulada à decisão do Congresso de derrubar a taxação do imposto, revertendo o prejuízo político inicialmente imposto ao Planalto. De acordo com os dados da Quaest, 61% das postagens tiveram tom crítico ao Congresso Nacional, enquanto apenas 11% miraram diretamente o presidente Lula de forma negativa. A percepção sobre o presidente também foi positiva em 45% das menções, superando os 31% de registros negativos, o que representa um avanço expressivo diante de momentos anteriores de crise. No foco das críticas, desponta o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), citado em 8% das publicações como principal rosto da impopularidade parlamentar, acompanhado da disseminação expressiva de termos como “Congresso da Mamata” e “Inimigos do Povo”, que juntos responderam por mais de 30% do debate online. A base de apoio ao governo no Congresso também demonstrou maior capacidade de mobilização digital: 119 deputados alinhados ao Planalto realizaram 741 postagens sobre o tema, número significativamente superior às 378 publicações feitas por 112 parlamentares da oposição. Os deputados de centro, pertencentes ao chamado “centrão”, também desempenharam papel relevante, somando 218 postagens que ajudaram a manter o assunto em alta. O levantamento reforça ainda que, mesmo com a judicialização do impasse — marcada pela reunião de conciliação convocada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, para o dia 15 —, a batalha de narrativas já se desenha com novo equilíbrio. Para analistas da Quaest, o resultado reflete uma guinada na estratégia de comunicação do governo, que soube canalizar a insatisfação popular e redirecionar o foco da crítica para o Congresso. A mobilização virtual, combinada à presença ativa de parlamentares aliados, sinaliza um fortalecimento da imagem do presidente junto a setores da opinião pública digital, criando um contraponto às dificuldades enfrentadas nas arenas legislativas.
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