quinta-feira, 21 de agosto de 2025

ARARIPINA AGUARDA DECISÃO DO TRE-PE SOBRE FUTURO DE QUATRO VEREADORES ENVOLVIDOS EM SUSPEITA DE FRAUDE À COTA DE GÊNERO


O clima político em Araripina, no Sertão pernambucano, está tomado pela expectativa nesta quinta-feira (21), quando o Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco (TRE-PE) retoma o julgamento que poderá mudar de forma radical a composição da Câmara de Vereadores. Em pauta está o futuro de quatro parlamentares eleitos pelo Podemos em 2024: João Doutor, Luciano Belo, Elias de Chicão e Naicon Arruda. O processo gira em torno de uma denúncia de fraude à cota de gênero, dispositivo legal que exige que pelo menos 30% das candidaturas sejam destinadas às mulheres. A ação foi movida por três adversários políticos, Robério de Tico de Roberto (PP), João Dias (PSB) e Gerby Alencar (PDT), que apontaram como suposta candidata fictícia Raimunda Martins, inscrita pelo Podemos, mas que obteve apenas 11 votos e não realizou qualquer tipo de campanha, seja em atividades de rua ou nas redes sociais. Para os autores da denúncia, ficou configurada uma manobra partidária para preencher a exigência legal sem, de fato, oferecer uma candidatura feminina competitiva.

Na primeira instância, a 84ª Zona Eleitoral de Araripina julgou a ação improcedente, afastando a acusação. No entanto, o recurso apresentado levou o caso ao TRE-PE, onde a situação tomou um novo rumo. Na sessão anterior, realizada em 04 de agosto, o relator do processo, desembargador André Luiz Caúla Reis, emitiu voto favorável ao recurso, reconhecendo os indícios de fraude. Outro magistrado acompanhou a decisão, mas um pedido de vista acabou interrompendo o julgamento, que foi retomado nesta quinta-feira para definição dos votos restantes. A expectativa é que, caso a Corte confirme a fraude, os 9.876 votos conquistados pelo Podemos sejam anulados, alterando o quociente eleitoral de 2.500 votos por vaga para cerca de 2.183. Esse cálculo poderá derrubar os mandatos de João Doutor, Luciano Belo, Elias de Chicão e Naicon Arruda, abrindo espaço para que suplentes de partidos como PSB, PP, PSD e PDT assumam cadeiras no Legislativo municipal.

A possível mudança não se limita à troca de nomes, mas tem potencial de redesenhar completamente o cenário político de Araripina, com reflexos diretos na correlação de forças dentro da Casa Joaquim Pereira Lima e impactos que podem se prolongar até o processo eleitoral de 2026. Lideranças políticas locais acompanham de perto cada detalhe do julgamento, cientes de que o desfecho pode marcar um divisor de águas na história recente do município. Enquanto isso, militantes e cidadãos aguardam atentos por um veredito que, para muitos, representa um teste importante de transparência e firmeza da Justiça Eleitoral diante de práticas que buscam burlar a legislação.

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