Por Greovário Nicollas.
Uma Operação do MPPE investiga suposto esquema de desvios na Prefeitura do Recife. Isso foi assunto do dia na Capital. O clima político no Recife foi sacudido nesta quinta-feira com o anúncio de uma operação do Ministério Público de Pernambuco (MP-PE) que investiga um suposto esquema de desvio de verbas envolvendo licitações e pagamentos duplicados em serviços de engenharia. A ação, que se estendeu a diversas cidades, cumpriu 22 mandados de busca e apreensão, mobilizando equipes do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e agentes da Polícia Civil. Embora o prefeito João Campos (PSB) não tenha sido alvo de nenhum mandado, o impacto político é inevitável. A investigação mira contratos celebrados por órgãos e empresas vinculadas à Prefeitura do Recife, colocando a gestão sob intenso escrutínio.
O alvo da operação ainda não está claro, mas segundo o MPPE, as apurações apontam para possíveis fraudes em licitações e indícios de pagamentos em duplicidade por serviços de engenharia, prática que, se confirmada, pode configurar crime contra a administração pública e dano ao erário. Documentos, computadores e dispositivos eletrônicos foram apreendidos para análise. João Campos (PSB) pode sofrer um dano político ainda imprevisível. No campo jurídico, a ausência do nome do prefeito entre os alvos da operação é um dado relevante. No campo político, porém, o simples fato de a ação atingir setores de sua administração é suficiente para gerar desgaste. Em um cenário de pré-eleições, operações dessa natureza têm potencial para alimentar narrativas da oposição e fragilizar a imagem de probidade do gestor.
A Prefeitura do Recife deve se manifestar nas próximas horas. A Procuradoria-Geral do Município declarou que colaborará integralmente com as investigações e reforçou que todos os envolvidos têm direito à ampla defesa e ao contraditório. João Campos, por sua vez, ainda não se pronunciou oficialmente, mas aliados já se mobilizam para conter danos e destacar a postura de transparência da gestão. Haverá um efeito a médio prazo, calculam deputados em reserva nos corredores da ALEPE. Historicamente, casos assim têm dois desfechos possíveis: ou se consolidam como crises prolongadas, corroendo a popularidade e a credibilidade do gestor, ou se dissipam com a comprovação da inocência e a responsabilização de agentes secundários. O fator decisivo será a velocidade e a clareza das respostas apresentadas à sociedade.
O Papel do MPPE é cumprir as suas prerrogativas. A operação reforça o papel do Ministério Público como órgão de fiscalização e controle, capaz de alcançar qualquer esfera administrativa, independentemente do peso político de seus ocupantes. Em Pernambuco, investigações desse porte costumam ter repercussão imediata no debate público e no cenário eleitoral. À oposição ao PSB está alerta. Parlamentares da oposição já se articulam para levar o caso às tribunas, solicitando audiências e convocando secretários para prestar esclarecimentos. A narrativa de “prefeitura sob suspeita” deve ganhar espaço nas próximas semanas, principalmente nas redes sociais e programas de rádio de cunho político.
O DESAFIO PARA A GESTÃO
O maior desafio para João Campos será blindar sua imagem e manter a governabilidade enquanto a investigação avança. Mesmo sem envolvimento direto, a gestão sofre o “efeito sombra” de qualquer escândalo. O resultado, positivo ou negativo, só ficará claro nos próximos meses, quando o MPPE concluir a apuração e a opinião pública formar seu juízo.
Especial para o Blog.
Nenhum comentário:
Postar um comentário