sexta-feira, 12 de setembro de 2025

COLUNA POLÍTICA | JABOATÃO DOS GUARARAPES | NA LUPA 🔎 | POR EDNEY SOUTO

O DESCOMPASSO DE MANO MEDEIROS EM JABOATÃO E O AVANÇO DE GUILHERME UCHÔA JÚNIOR NO ESCANTEIO A ANDRÉ FERREIRA 
UM CENÁRIO INUSITADO PARA MANO MEDEIROS

A política de Jaboatão dos Guararapes vive um capítulo curioso e, ao mesmo tempo, revelador das contradições do poder local. O prefeito Mano Medeiros, dono de uma gestão bem avaliada e com ampla base de sustentação na Câmara de Vereadores, enfrenta um dilema que põe em xeque sua liderança: seus aliados institucionais não seguem sua orientação eleitoral. Em vez de apoiarem o deputado federal André Ferreira, tradicional parceiro político do prefeito, os vereadores da base decidiram, de forma quase unânime, marchar com Guilherme Uchôa Júnior, representante de Igarassu que busca renovar seu mandato em Brasília. Vamos dar uma girada aqui NA LUPA. 


A REBELIÃO DA BASE DE MANO MEDEIROS 
O movimento dos vereadores não é apenas um gesto isolado, mas um sinal claro de rebelião política. Ao todo, já se comenta nos bastidores que quinze parlamentares municipais declararam simpatia ou compromisso direto com a candidatura de Uchôa Júnior. Essa adesão em massa revela um esgarçamento na relação entre o prefeito e sua base, que, embora fiel na defesa dos projetos da gestão na Câmara, parece ter construído autonomia quando o assunto é disputa eleitoral. O recado é simples: apoio administrativo não significa apoio político.

GETÚLIO BELÉM NO TABULEIRO
No centro desse enredo aparece o presidente da Câmara Municipal, vereador Getúlio Belém. Astuto, experiente e com trânsito em diversos segmentos, Belém estaria articulando, nos bastidores, uma dobradinha com Uchôa Júnior. O projeto não se limita a 2026: a ideia seria pavimentar sua própria candidatura à Assembleia Legislativa de Pernambuco. Para isso, o apoio do deputado federal funciona como trunfo e incentivo. Nos corredores do Legislativo, comenta-se que Belém teria encontrado em Uchôa o parceiro ideal para fortalecer sua caminhada rumo à Assembleia Legislativa de Pernambuco e em 2028 rumo a prefeitura de Jaboatão dos Guararapes. 

UMA DOBRADINHA DE “CABELO, BARBA E BIGODE”
A expressão popular “cabelo, barba e bigode” caiu como luva para definir a estratégia de Uchôa e Belém. O primeiro garante musculatura no segundo maior colégio eleitoral do Estado; o segundo ganha lastro e legitimidade com a chancela de um deputado federal consolidado. O pacto sela um campo político poderoso e ameaça diretamente os planos de Mano Medeiros, que trabalha silenciosamente para eleger sua esposa, Andréa Medeiros, deputada estadual. Essa triangulação altera o equilíbrio de forças no município e cria um impasse para o prefeito.

O RISCO PARA ANDRÉA MEDEIROS
A principal vítima desse cenário é justamente a primeira-dama. Sem os vereadores na linha de frente, a candidatura de Andréa Medeiros corre sério risco de naufragar antes mesmo de ser oficializada. Vereadores são cabos eleitorais estratégicos: conhecem as comunidades, controlam votos e são termômetros da base. Sem esse apoio, a chance de Andréia se viabilizar diminui consideravelmente. Pior: a ausência de apoio pode gerar a narrativa de que a gestão perdeu prestígio, mesmo que os índices administrativos ainda estejam em alta.

A SOMBRA DE ANDRÉ FERREIRA
Outro personagem que emerge desse imbróglio é André Ferreira, deputado federal e aliado histórico do prefeito. A recusa dos vereadores em apoiá-lo soa quase como um afastamento planejado. Há quem diga que Mano Medeiros, consciente da fadiga dessa aliança, estaria permitindo o distanciamento para abrir espaço a novas composições. O problema é que, em política, quem perde apoio dificilmente recupera espaço com a mesma força. O silêncio do prefeito sobre o assunto apenas alimenta especulações e fragiliza ainda mais a relação com Ferreira.

O PREFEITO PERDEU O CONTROLE?
A grande questão que se coloca hoje em Jaboatão é: Mano Medeiros perdeu o controle de sua base ou está apenas manobrando em silêncio para redesenhar seu campo político? Para muitos observadores, o prefeito foi surpreendido pelo ímpeto de Getúlio Belém e pela habilidade de Uchôa Júnior em costurar apoios. Para outros, trata-se de um jogo calculado, onde o afastamento de André Ferreira é apenas o primeiro passo de uma reconfiguração mais ampla. Em qualquer dos cenários, o desgaste é inevitável e a imagem de liderança de Mano sai arranhada.

O FUTURO INCERTO DE JABOATÃO
O episódio expõe a instabilidade da política jaboatonense e a fragilidade das alianças baseadas apenas em acordos administrativos. Se a base do prefeito prefere marchar com outro deputado e apostar em projetos próprios, significa que a coesão política da gestão é mais frágil do que parecia. O futuro da candidatura de Andréa Medeiros está em xeque, e o prestígio de Mano Medeiros, até aqui preservado, pode sofrer abalos caso não consiga reconduzir sua tropa ao caminho planejado. O jogo está aberto, mas a verdade é que, em Jaboatão, quem dita o ritmo hoje não é o prefeito, e sim os vereadores. É isso aí. 

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