quinta-feira, 11 de setembro de 2025

CRISE DIPLOMÁTICA: AMORIM REBATE AMEAÇA DOS ESTADOS UNIDOS E DEFENDE SOBERANIA BRASILEIRA

O embaixador Celso Amorim, principal conselheiro do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para assuntos de política externa, avaliou como grave a declaração feita pela porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, que afirmou que os Estados Unidos “não têm medo de usar o poder econômico e militar para proteger a liberdade de expressão em todo o mundo”. A fala, dada em resposta a uma pergunta sobre o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, repercutiu de imediato no Brasil e foi classificada como uma ameaça direta contra a democracia brasileira. Amorim destacou que, mesmo que a manifestação não represente uma decisão formal do governo norte-americano, não deixa de ter peso por partir da Casa Branca.

O conselheiro lembrou que, em momentos delicados, qualquer sinal de hostilidade vindo de Washington deve ser levado em consideração, já que pode influenciar o cenário internacional e a percepção de estabilidade política no Brasil. A polêmica foi intensificada pela decisão do presidente americano, Donald Trump, que anunciou uma sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros, condicionando sua retirada ao fim dos processos contra Bolsonaro, atualmente réu no Supremo Tribunal Federal por tentativa de golpe de Estado. O governo brasileiro rejeitou prontamente a pressão, reafirmando que não aceitará ingerência externa em temas que dizem respeito à ordem constitucional do país.

Amorim declarou não acreditar que os Estados Unidos coloquem em prática uma ação militar contra o Brasil, pois tal movimento violaria o direito internacional e a soberania de um Estado democrático. Ainda assim, reforçou que vivemos em um mundo imprevisível e que ameaças como essa não podem ser desprezadas. Segundo ele, a retórica de Washington deve ser entendida no contexto de uma conjuntura global marcada por tensões políticas e econômicas, mas é necessário que haja firmeza na defesa das instituições nacionais.

O Itamaraty, em nota oficial divulgada após as declarações de Leavitt, condenou veementemente qualquer possibilidade de sanção econômica ou ameaça de uso da força contra o Brasil. O comunicado frisou que a democracia brasileira é sólida e não se curva a intimidações externas, reforçando o compromisso do país com a preservação do diálogo diplomático, mas sem abrir mão de sua autonomia. O episódio se soma a uma série de atritos recentes entre Brasília e Washington, ampliando o clima de desconfiança e alimentando debates sobre os rumos da política externa nos próximos meses.

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