Empresa portuguesa Mota-Engil foi a vencedora do leilão com arremate de R$ 6,8 bilhões e será responsável pela obra do túnel imerso, que terá recursos do governo federal e do estado de SP
Maior obra de infraestrutura do Novo PAC, o túnel Santos-Guarujá atraiu investimentos de R$ 6,8 bilhões em leilão realizado, nesta sexta-feira (5), na sede da B3, em São Paulo, numa parceria do governo federal e do estado de São Paulo. Na disputa pelo direito de construir e operar o primeiro túnel imerso da América Latina, a empresa portuguesa Mota-Engil foi a vencedora do leilão, com a melhor proposta sobre a contrapartida do poder público para o projeto.
“Esse é o fim de uma espera de 100 anos. É um projeto grandioso, que além de ligar Santos a Guarujá, vai gerar emprego e renda, melhorar a logística do Porto de Santos e a mobilidade da região”, comemorou o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, lembrando do empenho do governo federal e do Ministério em tirar do papel um projeto esperado há um século. O túnel, que é uma obra inédita de engenharia no Brasil, terá extensão de 1,5 quilômetro, sendo 870 metros imersos.
A Mota-Engil, que superou a concorrente espanhola Acciona na disputa, tem participação de 32,4% da empresa chinesa CCCC (China Communications Construction Company), com expertise na construção de obras imersas, como o túnel Taihu, o maior da China, com 10,8 quilômetros de extensão. O leilão foi definido com a abertura das propostas apresentadas no início da semana pelas concorrentes.
“O sucesso desse leilão mostra a confiança dos investidores no Brasil, que se apresenta como uma importante janela de oportunidades, pela segurança jurídica, pela robusta carteira de projetos e pelas opções de crédito existentes no País”, ressaltou Silvio Costa Filho, lembrando que ainda neste ano o Ministério de Portos e Aeroportos realizará outros leilões, que vão somar investimentos de cerca de R$ 20 bilhões. Entre os certames, estão outros dois empreendimentos no Porto de Santos: o terminal de contêineres Tecon Santos 10 e o canal de acesso ao porto. Também serão leiloados em 2025 o canal de acesso ao Porto de Paranaguá (PR) e terminais portuários privados.
Batendo o martelo na B3
“Eu estou muito feliz de estar participando desse momento histórico, o momento de fortalecimento do diálogo institucional, o momento de fortalecimento do pacto federativo, que é isso que a gente precisa. Importante ressaltar que nós estamos vivendo o melhor momento da história do Brasil em concessões. Nós tivemos, em 2024, o melhor ano na história do país, mas estamos superando agora em 2025. Parabéns a todos envolvidos nesta construção coletiva a favor do povo brasileiro”, disse Silvio Costa Filho convidando o vice-presidente Geraldo Alckmin e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas a bater o martelo na B3.
“O importante é que a população de São Paulo finalmente vai ver uma obra, imaginada 100 anos atrás, sair do papel. É esse espírito que deve presidir os trabalhos da Federação sempre. Daqui a alguns anos, nós vamos celebrar a inauguração dessa obra e tanta gente vai ser beneficiada. E nós vamos nos lembrar do dia de hoje, pois é assim que se faz política, é assim que se constrói a democracia”, disse o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
“Um dia histórico para ficar gravado na memória das pessoas e, com toda a certeza, a gente vai ver os bons frutos disso ainda sendo colhido, com a execução da obra e ter esse empreendimento plenamente executado, trazendo mais qualidade de vida para as pessoas, e colaborando, e muito, com a logística do nosso Porto de Santos”, avaliou o Secretário Nacional de Portos do MPor, Alex Ávila.
Encurtando distâncias
O túnel Santos-Guarujá promete transformar a mobilidade da Baixada Santista. A ligação fixa entre as duas cidades reduzirá o tempo de travessia para apenas dois minutos. Hoje, a travessia de balsa leva em média 18 minutos – sem contar filas e atrasos –, enquanto pela estrada o percurso pode chegar a uma hora para completar os 40 quilômetros.
Uma espera de 100 anos
Desde os anos 1920, quando Santos já despontava como o maior porto da América Latina, a população da Baixada Santista convive com uma espera que atravessou gerações, a promessa de uma ligação definitiva com o Guarujá. O porto se consolidava como motor do desenvolvimento nacional, a movimentação de cargas crescia ano a ano e a travessia por balsas, ainda que vital, começava a se mostrar insuficiente. Foi nesse contexto que nasceu a ideia de uma travessia seca entre as duas margens, um sonho que atravessaria o século XX sem se concretizar.
Benefícios para a população
A estrutura de seis faixas de tráfego (três por sentido) – incluindo ciclovia, passagens para pedestres e espaço reservado para Veículos Leves sobre Trilhos (VLT) – trará fim à espera nas filas das balsas e à dependência de deslocamentos longos por veículos, o que tornará o cotidiano menos estressante para quem precisa transitar entre as duas cidades. Além de transformar a mobilidade urbana, o túnel vai estimular a economia local e melhorar diretamente a qualidade de vida das mais de 720 mil pessoas que vivem nas cidades de Santos e Guarujá e impactar toda a região.
Mobilidade e economia local
Além do túnel outra grande obra de infraestrutura começa a se tornar realidade para a cidade do Guarujá, no litoral de São Paulo. O Aeroporto Civil Metropolitano, que está em fase de conclusão das obras e deverá ser entregue no início de 2026, junto com o túnel Santos-Guarujá vão inaugurar uma nova era de mobilidade na Baixada Santista.
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