Por Edney Souto
Nos últimos dias, Marcos Patriota decidiu se pronunciar publicamente após ter seu nome associado a articulações políticas sem sua autorização. Em uma nota oficial, o ex-prefeito foi taxativo ao afirmar que “seu nome não pode ser utilizado em nenhuma circunstância sem seu consentimento”. A mensagem, embora diplomática, carrega o peso de quem se sente desconfortável com o uso indevido de sua imagem — mas também reflete, nas entrelinhas, um certo distanciamento político que há muito se desenhava.
Rivanda Freire, atual prefeita de Jupi, foi vice de Patriota durante os oito anos em que ele governou o município. Era discreta, leal, e jamais causou constrangimentos ao então chefe do Executivo. Essa postura lhe rendeu o apoio decisivo de Marcos, o que foi fundamental para sua vitória nas urnas. Contudo, a história mostra que o poder, quando conquistado, tem vontade própria.
Durante a tradicional Festa do Rosário, Rivanda anunciou apoio ao deputado federal Felipe Carreras — um gesto político calculado e que, segundo se comenta na cidade, não contou com o aval do ex-prefeito. A decisão, além de estratégica, selou o que muitos já percebiam: o rompimento entre Rivanda e Marcos não era mais uma especulação, mas uma realidade.
Marcos Patriota, empresário bem-sucedido e figura influente, sempre gostou de estar no centro das articulações políticas de Jupi. Porém, quando o poder muda de mãos, a dinâmica também muda. Rivanda, agora prefeita, tem a caneta, o comando e, sobretudo, a legitimidade das urnas. E Maquiavel, mais uma vez, acerta: ninguém governa o governante.
Esse cenário é tão antigo quanto o próprio poder. Prefeitos, governadores e até presidentes já tentaram — em vão — eleger seus sucessores na esperança de continuar ditando rumos, nomeando secretários e influenciando decisões. Mas, uma vez no cargo, o novo governante assume o trono com a autoridade que o voto lhe concede. É nesse momento que o antigo aliado, por mais influente que tenha sido, descobre o limite da sua sombra.
Rivanda Freire é hoje a prefeita de Jupi. E tem demonstrado, com gestos e decisões firmes, que sabe o que quer e aonde pretende chegar. Não há dúvida de que respeita o passado, mas governa o presente com autonomia. E Marcos Patriota, ao reivindicar o uso indevido de seu nome, tenta proteger sua imagem — um direito legítimo, mas que não altera o fato de que o tempo político agora é outro.
Curiosamente, Rivanda não é novata na política nem uma simples “criação” de Marcos. Antes de Patriota sonhar em ser prefeito, Rivanda já circulava pelos corredores do poder. Foi primeira-dama durante dois mandatos do marido, Betinho (já falecido), um gestor popular e respeitado no município. Aprendeu, observou e soube esperar o seu momento. Quando a oportunidade chegou, fez o que Maquiavel recomendaria: usou a prudência, conquistou o poder e passou a exercê-lo com autoridade.
Em sua nota, Marcos Patriota encerra afirmando que continuará contribuindo com o desenvolvimento de Jupi “com independência, coerência e verdade”. Uma declaração de maturidade política, mas que também soa como um reconhecimento silencioso de que o tempo da caneta agora é outro.
A lição, mais uma vez, é clara: quem governa, governa. O resto é influência, expectativa e saudade do poder. Porque, como ensinou o pensador florentino, ninguém governa o governante. A lição que fica é essa, não somente para Jupi, mais também para outras cidades do nosso agreste, cidades até vizinhas e fronteiras. É bem isso!
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