quinta-feira, 6 de novembro de 2025

COLUNA POLÍTICA | NOVO PSB | NA LUPA | POR EDNEY SOUTO

JOÃO CAMPOS E O PSB QUEREM DISTANCIA DE PAULO CÂMARA, EX-UNGIDO DE EDUARDO CAMPOS QUE MOSTROU COMPETÊNCIA NO BANCO DO NORDESTE 
O SUCESSOR DE EDUARDO CAMPOS

Paulo Câmara foi o nome escolhido a dedo por Eduardo Campos para dar continuidade ao ciclo de prosperidade e modernização que o PSB projetava para Pernambuco. Tido como técnico, discreto e de perfil administrativo, Câmara chegou ao governo sem o carisma do seu mentor, mas com a confiança de quem sabia o tamanho da responsabilidade que assumia. A transição foi simbólica, Eduardo deixava o governo para alçar voos nacionais, e Paulo herdava um legado de gestão, mas também de expectativas. Vamos rodar aqui NA LUPA de hoje uma análise atual sobre o “novo PSB”.

PAULO O GOVERNADOR QUE SURPREENDEU
A eleição de 2014 foi marcada por emoção e tragédia, mas Paulo Câmara conseguiu se firmar, vencer no primeiro turno e governar com estabilidade, mesmo diante de crises econômicas e políticas que varreram o Brasil. Reeleito também no primeiro turno, contrariando as previsões de seus críticos, o ex-governador consolidou uma marca de gestão técnica e de resultados administrativos expressivos, especialmente em áreas como educação, equilíbrio fiscal e responsabilidade financeira.

O FIM FORÇADO DE UM CICLO
Com o fim de oito anos de governo, esperava-se que Paulo Câmara fosse uma voz ativa dentro do PSB. Mas o “novo PSB”, liderado por João Campos, decidiu virar a página. O ex-governador, antes considerado símbolo de continuidade e lealdade, passou a ser tratado como uma peça fora do novo tabuleiro. O grupo que hoje comanda o partido em Pernambuco preferiu construir uma imagem de renovação, ainda que para isso fosse necessário descartar quem pavimentou a estrada.

A CANDIDATURA SACRIFICADA DE DANILO CABRAL PARA ABRIR CAMINHO
Na disputa de 2022, o PSB de João Campos precisava de um nome para cumprir o rito da “transição controlada”. O escolhido foi o deputado federal Danilo Cabral, político competente, leal ao grupo, mas ciente de que entrava na corrida como “bucha de canhão”. A missão era impossível: enfrentar o desgaste natural de 16 anos de PSB no poder e o avanço de uma oposição bem articulada. A derrota de Danilo foi mais do que uma tragédia eleitoral; foi a execução de um roteiro previamente ensaiado para abrir caminho a João Campos em 2026.

PAULO CÂMARA NO BANCO DO NORDESTE
Longe dos holofotes partidários, Paulo Câmara foi resgatado pelo presidente Lula e nomeado para o comando do Banco do Nordeste. O ex-governador encontrou ali um espaço ideal para aplicar sua expertise técnica e seu perfil gestor. Em pouco tempo, os números do banco começaram a crescer: aumento nos financiamentos, expansão dos investimentos regionais e reforço no papel estratégico da instituição no desenvolvimento do Nordeste. Câmara provou mais uma vez que, onde há gestão e seriedade, há resultado.

O SILÊNCIO DO EX-UNGIDO
Discreto como sempre foi, Paulo Câmara optou pelo silêncio em meio à movimentação do “novo PSB”. Não reagiu às tentativas de isolamento, não se queixou publicamente e tampouco se engajou em disputas internas. Mas seu desempenho no Banco do Nordeste fala por ele — um quadro de altíssimo nível, que, mesmo fora do PSB, segue demonstrando competência e prestígio junto ao governo federal. Lula o mantém como homem de confiança, enquanto o partido que um dia o aclamou parece ter esquecido de onde veio.

O NOVO PSB E O RISCO DO DESLUMBRE
João Campos, jovem, dinâmico e dono de uma imagem midiática bem trabalhada, é hoje o rosto do “novo PSB”. Seu projeto de poder é ambicioso e claramente nacional. Mas a pressa em romper com o passado pode cobrar um preço alto. Ao se distanciar de figuras como Paulo Câmara ou mesmo de Danilo Cabral,  o prefeito do Recife arrisca minar as pontes com a própria história do partido. O discurso do novo, quando exagerado, vira desdém. E o desdém, em política, costuma ser o prenúncio da soberba.

O TIRO QUE PODE SAIR PELA CULATRA
João Campos e o PSB vivem hoje um dilema: precisam parecer modernos sem renegar o legado que os colocou onde estão. O “novo PSB” pode até dominar o marketing, mas não pode reescrever a história. Eduardo Campos foi o líder visionário; Paulo Câmara, o executor competente; Danilo Cabral, o soldado leal. Ignorar essa tríade é desconsiderar a própria base de sustentação do socialismo pernambucano. A política é cíclica, e o que hoje é descartado pode amanhã ser resgatado como símbolo de coerência e capacidade.

LIÇÃO - NÃO SE FAZ O HOJE DESPREZANDO O ONTEM 

Paulo Câmara pode estar fora do PSB, mas não está fora do jogo. Seu nome continua cercado de respeito, sobretudo entre quem valoriza gestão pública com resultados. Enquanto o “novo PSB” tenta se reinventar, talvez precise, mais cedo ou mais tarde, revisitar o passado recente e reconhecer que o futuro também se constrói com aqueles que souberam, um dia, governar com competência e lealdade. É isso aí. 

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