terça-feira, 11 de novembro de 2025

COLUNA POLÍTICA | UNIÃO PROGRESSISTA E SEUS DESAFIOS | NA LUPA 🔎 | POR EDNEY SOUTO

UNIÃO PROGRESSISTA: A NOVA FEDERAÇÃO ENTRE PP E UNIÃO BRASIL REDEFINE O TABULEIRO POLÍTICO EM PERNAMBUCO

UM NOVO BLOCO DE PODER SURGE NO CENÁRIO NACIONAL

A formalização da federação entre o Progressistas (PP) e o União Brasil, batizada de União Progressista, marca o início de uma nova era política no país. O acordo foi oficializado em Brasília, na terça-feira (23 de outubro), tem validade mínima de quatro anos, conforme determina a legislação eleitoral, e simboliza um pacto de centro-direita com forte potencial de reorganização das forças regionais. A ideia central é unir partidos com bases semelhantes e ampliar o alcance eleitoral, sobretudo nas disputas proporcionais e majoritárias que se aproximam.

INDEPENDÊNCIA PRESERVADA E ESTRATÉGIA FLEXÍVEL PARA 2026

Apesar da união formal, a federação mantém um modelo de autonomia estratégica, permitindo que cada estado adote arranjos locais conforme seu contexto político. Nacionalmente, nomes como Ronaldo Caiado (União Brasil) e Tereza Cristina (PP) despontam como possíveis candidaturas à Presidência da República, mas sem imposições mútuas. O pacto é pragmático: cada legenda avalia o cenário, mensura desempenho e define alianças conforme sua realidade — o que abre espaço para movimentações dinâmicas e negociações de bastidores.

EDUARDO DA FONTE ASSUME A LIDERANÇA EM PERNAMBUCO

Em Pernambuco, a presidência estadual da nova federação foi entregue ao deputado federal Eduardo da Fonte (PP), um dos articuladores mais influentes do cenário político local. O peso do PP na última eleição, com mais de 539 mil votos para deputado federal, garantiu a supremacia sobre o União Brasil, que somou 305 mil votos. Essa diferença consolidou Da Fonte como o nome natural para conduzir o bloco no estado, reforçando sua imagem de liderança e capacidade de articulação.

MIGUEL COELHO É O CONTRAPESO NO SERTÃO

A vice-presidência estadual ficou com Miguel Coelho, ex-prefeito de Petrolina e figura de expressão no Sertão. Sua presença na cúpula da União Progressista é uma sinalização de equilíbrio interno e respeito mútuo entre os dois partidos. Miguel representa uma liderança jovem, com forte apelo no interior e um histórico de votações expressivas. No entanto, sua ambição política o coloca como um dos possíveis candidatos a cargos majoritários em 2026 — o que poderá gerar tensões futuras dentro da federação.

UNIÃO PROGRESSISTA PODE MUDAR A RELAÇÃO COM RAQUEL LYRA

O nascimento da União Progressista levanta uma questão central: qual será sua relação com o governo Raquel Lyra (PSDB). Até o momento, Eduardo da Fonte tem mantido uma postura institucional e colaborativa com o Palácio do Campo das Princesas. No entanto, o novo arranjo partidário permite a construção de um campo político independente, que pode tanto dialogar com o governo estadual quanto alinhar-se à oposição, especialmente se o PSB, de João Campos, fortalecer sua posição para 2026 com o apoio de Miguel Coelho.

DISPUTA INTERNA POR ESPAÇO E PROTAGONISMO

Com dois líderes de peso sob o mesmo teto político, o risco de atrito é inevitável. Tanto Eduardo da Fonte quanto Miguel Coelho são cotados para disputar o Senado Federal ou até integrar uma chapa majoritária ao Governo do Estado. Essa convivência entre projetos pessoais de poder exigirá habilidade de negociação, disciplina partidária e uma coordenação nacional atenta para evitar rupturas prematuras. A federação nasce com musculatura, mas também com um potencial de turbulência interna.


EFEITO DOMINÓ NACIONAL E PALANQUES REGIONAIS

A força da União Progressista não se limita a Pernambuco. O desempenho nacional da federação influenciará diretamente a formação dos palanques estaduais e a composição das alianças para 2026. Caso o grupo lance uma candidatura própria à presidência, a necessidade de alinhamento entre os estados aumentará, podendo acirrar divergências locais. A integração entre diretórios será, portanto, um teste de maturidade política e de capacidade de articulação.

O DESAFIO DA CONVIVÊNCIA E O FUTURO DO BLOCO

Mais do que uma fusão partidária, a União Progressista é um laboratório político de convivência e estratégia. Seu sucesso em Pernambuco dependerá menos de acordos formais e mais da capacidade de manter diálogo, respeitar territórios e unificar metas eleitorais. Se conseguir equilibrar ambições e construir um projeto comum, o bloco poderá se consolidar como a principal força de centro-direita no estado. Caso contrário, o que hoje nasce como um pacto de estabilidade poderá se transformar em mais um episódio de divisão política no cenário pernambucano.





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