Na Câmara, Motta decidiu cortar relações com o líder petista Lindbergh Farias (RJ) após semanas de atritos. O estopim foi a escolha do deputado Guilherme Derrite para relatar e conduzir as negociações do PL Antifacções, enviado pelo próprio governo. A decisão foi mal recebida por parlamentares petistas, que atuaram para tentar revertê-la, irritando o presidente da Câmara. Interlocutores de Motta afirmam ainda que ele se incomodou com o que classifica como uma “operação digital” contra sua imagem, supostamente impulsionada por influenciadores ligados ao PT, o que teria aprofundado a ruptura.
No Senado, o clima é igualmente turbulento. Davi Alcolumbre simplesmente deixou de atender ligações e suspendeu qualquer canal de diálogo com o líder do PT na Casa, Jaques Wagner. A irritação veio à tona após o Planalto decidir ignorar a forte preferência de senadores por Rodrigo Pacheco para a vaga aberta no Supremo Tribunal Federal, optando por Jorge Messias. A escolha foi vista como um desprestígio ao Senado e ampliou o distanciamento entre o governo e o comando da Casa Alta.
A combinação desses dois movimentos cria um cenário inédito de fragilidade para a base governista no Congresso. A articulação, que já enfrentava dificuldades em matérias sensíveis, pode sofrer um abalo expressivo em votações de grande impacto, como a reforma tributária, projetos de segurança pública e proposições centrais do Executivo.
Nos corredores do Congresso, parlamentares avaliam que as próximas semanas serão decisivas para medir a capacidade do governo de recompor pontes e evitar que a crise escale para um bloqueio institucional. Por ora, o ambiente é de tensão máxima — e de expectativa sobre os próximos passos do Planalto.
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