Ramagem, que deixou o país clandestinamente em setembro, vive atualmente nos Estados Unidos e afirmou estar “seguro” no território norte-americano, com anuência de integrantes do governo Donald Trump. Segundo ele, o envio da solicitação de extradição serviria para que o Judiciário dos EUA analisasse o que classificou como um “exemplo de juristocracia” no Brasil. “Se o Alexandre de Moraes quiser trazer algum pedido para a minha extradição, ele vai ter que remeter para análise de um juiz federal americano toda a ação do golpe que me envolve”, provocou.
A Polícia Federal apura como o deputado conseguiu fugir, já que estava proibido de deixar o país sem autorização judicial. As investigações apontam que ele teria partido de Boa Vista (RR), fronteira com Venezuela e Guiana, antes de seguir viagem até os EUA. A Câmara dos Deputados informou não ter autorizado nenhuma missão internacional e que Ramagem apresentou atestados médicos cobrindo o período de 9 de setembro a 12 de dezembro.
A ordem de prisão contra o parlamentar foi decretada por Moraes após pedido da PF, que aponta o envolvimento de Ramagem na articulação digital e operacional do esquema golpista. Agora, o Supremo pode solicitar sua extradição, mas o procedimento exige que o governo brasileiro envie o pedido formal a Washington — e a decisão final caberá exclusivamente ao governo Trump.
O caso reacende o debate sobre a cooperação jurídica entre os dois países. Em 2021, os EUA negaram acolher o pedido de extradição do blogueiro Allan dos Santos, também investigado no âmbito dos ataques à democracia. Na ocasião, o governo norte-americano argumentou que os crimes atribuídos a ele — calúnia, injúria e difamação — não constavam na lista de delitos passíveis de extradição prevista no tratado bilateral.
Mesmo condenado e foragido, Ramagem afirma ter sido “abraçado” politicamente nos EUA e promete enfrentar o STF a partir do exterior. Enquanto isso, a Justiça brasileira aguarda o desfecho do processo que pode transformar a fuga do deputado em mais um capítulo de tensão diplomática e institucional entre Brasil, Supremo Tribunal Federal e o governo norte-americano.
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