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quarta-feira, 17 de dezembro de 2025

COLUNA POLÍTICA | ALEPE EM PAZ AOS 48 DO SEGUNDO TEMPO| NA LUPA 🔎 | POR EDNEY SOUTO

ALEPE FECHA 2025 COM PAUTA ZERADA E UM RARO MOMENTO DE PAZ ENTRE GOVERNO E OPOSIÇÃO

APÓS UM ANO DE EMBATES, PLENÁRIO VIRA PALCO DE CONCILIAÇÃO E FOTO HISTÓRICA

Depois de meses de tensão, trocas de farpas, adiamentos estratégicos e um cabo de guerra que extrapolou os muros da Assembleia Legislativa, a Alepe encerrou 2025 de forma simbólica e, para muitos, até surpreendente. Governistas e oposicionistas comemoraram juntos o encerramento da pauta do ano com todos os projetos aprovados — absolutamente todos. Nada ficou para trás.

O anúncio partiu do presidente da Casa, deputado Álvaro Porto, em tom de prestação de contas e, ao mesmo tempo, de desabafo institucional. “Quero comunicar que todos os projetos enviados pelo Executivo para esta Casa no ano de 2025 foram aprovados, sem exceção. Nada está pendente. Foi tudo zerado”, afirmou, encerrando oficialmente as votações do ano, que incluíram matérias do Executivo, do Legislativo e dos demais poderes.

A fala não foi apenas protocolar. Carregava o peso de um ano considerado um dos mais conturbados da história recente da Alepe, marcado por crises de relacionamento entre o Palácio do Campo das Princesas e o Legislativo. Houve momentos em que o impasse foi tão grave que a sociedade precisou intervir. Empresários entraram em campo como mediadores para evitar um colapso institucional que poderia travar investimentos e decisões importantes para Pernambuco.

DO CONFLITO À CONCILIAÇÃO EM UM MESMO PLENÁRIO

O clima desta terça-feira, no entanto, era outro. Assim que o presidente encerrou a pauta, o plenário virou palco de comemoração. Deputados que, ao longo do ano, protagonizaram debates duros e discursos ásperos, passaram a se cumprimentar. Vieram os sorrisos, os comentários descontraídos e, para selar o momento, uma foto conjunta histórica, reunindo governistas e oposicionistas lado a lado — imagem rara em um ano de tantas rusgas.

A votação final ocorreu sem sobressaltos. Como prometido nos bastidores, foi tranquila. Algumas emendas e substitutivos apresentados pela Comissão de Justiça — hoje sob controle da oposição — foram derrubados, mas isso já fazia parte do roteiro esperado. A liderança do Governo, exercida pela deputada Socorro Pimentel, conduziu a bancada com mão firme. Todas as orientações foram seguidas à risca, seja para aprovar, seja para rejeitar propostas, garantindo votações expressivas que, em alguns projetos, chegaram a 39 votos favoráveis.

MAIORIA NAS COMISSÕES, DERROTA NO PLENÁRIO

No fundo, confirmou-se o que já era conhecido nos corredores da Casa. Apesar de dominar comissões estratégicas, como a de Justiça, a oposição não dispõe de votos suficientes para derrotar o Governo no plenário. Daí a insistência da governadora para que as matérias fossem levadas à deliberação do conjunto dos deputados, onde sua base se mostra sólida.

E foi justamente o calendário que ajudou a destravar o impasse. No apagar das luzes de 2025, acumulavam-se também projetos da própria Assembleia que exigiam quórum qualificado de 30 votos para aprovação. Sem o apoio do Executivo, seria impossível avançar. Aí entrou em cena o velho ditado popular: “a fome com a vontade de comer”.

CONCESSÕES MÚTUAS E UM ACORDO POSSÍVEL

Coube ao presidente da Alepe colocar as matérias em votação. Coube à governadora liberar sua bancada. Ambos precisaram ceder. O acordo veio, ainda que entre amuos, desconfianças e alguns sustos de última hora. Mas veio. E, no fim das contas, cada lado cumpriu o seu papel institucional.

O saldo político é claro: Executivo e Legislativo encerram o ano com a pauta limpa, sem passivos que contaminem 2026. O saldo institucional é ainda mais relevante: prevaleceu o entendimento de que divergência política não pode se transformar em paralisia administrativa.

QUEM GANHA É PERNAMBUCO

Mais do que uma vitória deste ou daquele grupo, o desfecho representa um alívio para o Estado. Projetos destravados, decisões tomadas e a engrenagem pública funcionando novamente. Num ano em que a Alepe foi muitas vezes sinônimo de crise, o fechamento da pauta deixa uma lição simples e poderosa: quando a política cede espaço ao diálogo, quem ganha é o povo pernambucano.

E a foto no plenário, com sorrisos que até pouco tempo pareciam improváveis, entra para a história como símbolo de que, mesmo depois de um ano de conflitos, ainda é possível virar a página.

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