JAIR BOLSONARO ESCOLHE “PERDER LIDERANDO A GANHAR LIDERADO” E REDEFINE A DISPUTA POLĂTICA PARA 2026
A LĂGICA DO CLĂ, O MEDO DE CEDER PODER E A GUERRA PELO CONTROLE DA DIREITA
A decisĂŁo de Jair Bolsonaro de indicar o filho, senador FlĂĄvio Bolsonaro (PL-RJ), como seu escolhido para disputar a PresidĂȘncia em 2026 desencadeou uma onda de repercussĂ”es e trouxe Ă tona um aspecto fundamental da estratĂ©gia bolsonarista: a prioridade nĂŁo Ă© apenas vencer, mas vencer mantendo o comando. E, caso a vitĂłria nĂŁo seja possĂvel, Ă© preferĂvel perder liderando do que ganhar subordinado.
Essa interpretação revela um cĂĄlculo polĂtico profundamente pessoalista, onde o clĂŁ Bolsonaro se enxerga como nĂșcleo incontornĂĄvel da direita brasileira. E, dentro dessa lĂłgica, nenhum nome alternativo — por mais preparado ou competitivo — tem espaço para assumir o protagonismo que Bolsonaro se recusa a entregar.
O CLĂ BOLSONARO COMO CAPITAL POLĂTICO INTRANSFERĂVEL
PODER, CONTROLE E O RECEIO DE UMA SUCESSĂO QUE FOGE DO SEU COMANDO
Mesmo preso, sem direitos polĂticos e cercado de investigaçÔes, Bolsonaro ainda mantĂ©m uma capacidade de influĂȘncia rara. A força de sua base se traduz em engajamento, capacidade de mobilização e uma espĂ©cie de fidelidade militante que poucos polĂticos brasileiros sĂŁo capazes de despertar.
A leitura Ă© direta:
o capital polĂtico acumulado pelo clĂŁ Ă© tĂŁo grande que entregar esse protagonismo a outro nome significaria abrir caminho para a dissolução dessa liderança familiar.
A lĂłgica bolsonarista funciona assim:
– O movimento existe porque Bolsonaro existe.
– A direita popular tem rosto, sobrenome e estilo prĂłprios.
– E qualquer tentativa de substituição Ă© vista como ameaça.
Nesse contexto, a escolha de FlĂĄvio Bolsonaro funciona como uma espĂ©cie de blindagem da “marca Bolsonaro”. Ao colocar o filho na disputa, o ex-presidente transmite a mensagem de que a famĂlia continua controlando o eixo do poder, mesmo nos momentos mais adversos.
POR QUE TARCĂSIO, RUEDA, CIRO NOGUEIRA E OS “NOVOS LĂDERES” NĂO DECOLARAM?
A DIREITA INSTITUCIONAL NĂO CONSEGUIU SUBSTITUIR O BOLSONARISMO
HĂĄ uma expectativa, principalmente no mercado e entre setores da elite, de que nomes como TarcĂsio de Freitas (Republicanos), AntĂŽnio Rueda (UniĂŁo Brasil) e Ciro Nogueira (PP) possam representar uma alternativa mais moderada e menos “personalista”.
Mas a realidade eleitoral Ă© outra:
– TarcĂsio Ă© gestor competente, mas nĂŁo mobiliza massas.
– Rueda nĂŁo tem capital popular.
– Ciro Nogueira Ă© forte nos bastidores, mas fraco nas ruas.
Esses nomes — apesar do peso institucional — nĂŁo formam um eleitorado prĂłprio, nĂŁo produzem comoção e nĂŁo conseguem acionar a mesma intensidade emocional que Bolsonaro aciona.
E é justamente isso que impede a entrega da liderança:
a direita sem Bolsonaro ainda nĂŁo aprendeu a dialogar com as massas.
LULA FAVORITO, MAS COM ALERTAS LIGADOS
SEGURANĂA PĂBLICA E A INFLUĂNCIA DE TRUMP PODEM MUDAR O JOGO
Mesmo com as movimentaçÔes da direita, Lula entra no cenĂĄrio de 2026 como favorito. Tem mĂĄquina, alianças e estabilidade institucional. Mas hĂĄ dois pontos sensĂveis que podem virar o jogo caso nĂŁo sejam observados com atenção:
1. Segurança pĂșblica
Ă o tema mais quente do paĂs.
A pauta mexe com o cotidiano do eleitor e sempre favoreceu narrativas conservadoras. Qualquer fragilidade nessa ĂĄrea tende a inflamar o debate e fortalecer o discurso bolsonarista.
2. Donald Trump de volta Ă Casa Branca
Trump retornando ao poder nos Estados Unidos implica impacto direto sobre redes sociais, algoritmos e narrativas.
Se ele adotar uma postura mais agressiva em relação Ă s big techs, o ecossistema digital no Brasil pode sofrer reconfiguraçÔes — e isso teria reflexos polĂticos imediatos.
No campo das redes, onde Bolsonaro reina, o ambiente importa tanto quanto o candidato.
BOLSONARO NĂO ACEITA SER COADJUVANTE
E A DIREITA SĂ AVANĂA SE ELE PERMITIR
A frase que define o momento Ă© cristalina:
“Ă melhor perder liderando a ganhar liderado.”
Essa Ă© a lĂłgica interna do clĂŁ.
Bolsonaro não aceita a ideia de uma nova liderança da direita sem seu aval.
NĂŁo aceita sucessĂŁo.
Não aceita diluição.
Com Flåvio na cabeça da chapa, Bolsonaro deixa claro que:
– O projeto polĂtico Ă© familiar.
– A direita sĂł se reorganiza se ele estiver no centro.
– Qualquer nome fora desse cĂrculo serĂĄ tratado como intruso.
A disputa de 2026 começa marcada por esse choque de forças:
de um lado, um Lula favorito, mas atento;
do outro, uma direita que sĂł existe plenamente quando estĂĄ sob o comando do prĂłprio Bolsonaro — mesmo preso.
E assim, o Brasil entra em um novo capĂtulo de sua polĂtica recente:
um paĂs onde atĂ© a derrota precisa passar pelo comando de uma Ășnica famĂlia. Ă isso!
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