O cenário pernambucano segue nitidamente favorável ao atual presidente. João Campos, que já declarou ser um “soldado de Lula”, trabalha intensamente para garantir uma aliança exclusiva com o petista. Raquel Lyra, embora mais cautelosa, tem feito elogios frequentes ao governo federal e mantém uma relação institucional positiva com Lula, distanciando-se de qualquer construção que pudesse beneficiar um adversário bolsonarista. Dessa forma, a ideia de um palanque para Flávio Bolsonaro em Pernambuco não encontra respaldo nem entre os líderes locais nem no ambiente político dominante do estado.
Nem mesmo dentro do PL pernambucano há entusiasmo com a escolha do senador. O presidente estadual da legenda, Anderson Ferreira, ex-prefeito de Jaboatão dos Guararapes, não publicou qualquer manifestação própria celebrando a decisão de Bolsonaro. Limitou-se a compartilhar a nota do presidente nacional do partido, Valdemar Costa Neto. O comportamento discreto revela que a decisão não agradou integralmente ao grupo local. Anderson integrava o setor que defendia a indicação do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, considerado por muitos como o nome mais competitivo do bolsonarismo para a disputa nacional. O ex-prefeito, inclusive, havia divulgado recentemente um trecho de entrevista de Tarcísio, reforçando sua preferência pessoal.
Ainda assim, é provável que Anderson Ferreira lidere algum tipo de movimento de apoio a Flávio no estado, mesmo que tímido e sem força estrutural. Caso esse apoio se materialize, deverá partir de grupos isolados, sem a amplitude que habitualmente sustenta campanhas presidenciais. O isolamento do senador em Pernambuco decorre, sobretudo, da hegemonia lulista, que domina o ambiente político e limita drasticamente a atuação de adversários.
Entre as alternativas possíveis para reverter o cenário, uma das que chegou a ser cogitada envolveria uma aliança entre o PL e o partido Novo, com o lançamento do vereador recifense Eduardo Moura (Novo) como candidato ao Governo de Pernambuco. Essa composição criaria um palanque formal para Flávio Bolsonaro. No entanto, essa hipótese encontra resistência em ambos os lados. O PL estadual não demonstra interesse e o próprio Moura já afirmou publicamente que pretende disputar uma vaga na Câmara Federal em 2026, descartando qualquer mudança de rota. Embora decisões nacionais pudessem alterar o quadro, nos bastidores a avaliação é de que uma intervenção de cima para baixo é improvável.
Diante de todas essas circunstâncias, o caminho de Flávio Bolsonaro em Pernambuco tende a ser um dos mais difíceis entre os estados brasileiros. Sem apoio institucional, sem palanque e com adversários consolidados, o senador inicia sua pré-campanha enfrentando uma barreira política praticamente intransponível. Enquanto isso, Lula consolida sua força e se reafirma como a principal liderança política de Pernambuco, moldando um ambiente onde o bolsonarismo encontra pouco espaço para avançar.
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