Francisco Burgardt, conhecido como Chicão Caminhoneiro, que se apresentou como líder da greve, admitiu que a iniciativa fracassou. Em declaração ao portal Metrópoles, ele afirmou que houve “sabotagem” contra o movimento, atribuindo a baixa participação a interferências externas e divergências políticas. Dias antes, Chicão havia divulgado um vídeo tentando impulsionar a mobilização: ao lado do desembargador aposentado e influenciador de direita Sebastião Coelho, apareceu no Palácio do Planalto entregando um documento que comunicava formalmente a intenção da paralisação. A cena, no entanto, não foi suficiente para dar tração ao protesto.
De acordo com o Sindicato dos Caminhoneiros (Sindicam), caso a greve tivesse sido aderida de maneira ampla, os trabalhadores contariam com o apoio institucional. Entre as reivindicações do grupo estavam demandas históricas da categoria, como a revisão do Marco Regulatório do Transporte de Cargas, o fortalecimento da estabilidade contratual e o cumprimento rigoroso das normas que regulam o setor. Também constava na pauta o pedido de aposentadoria especial após 25 anos de atividade, comprovada por documentação fiscal ou recolhimento previdenciário.
A falta de unidade entre diferentes segmentos de caminhoneiros ficou evidente quando um dos nomes mais influentes do setor, o deputado federal Zé Trovão (PL-SC), declarou publicamente que não apoiaria o movimento. Ele criticou as pautas apresentadas e afirmou que o grupo não estava verdadeiramente preocupado com os problemas estruturais enfrentados pela categoria. “Vocês não estão querendo defender quem está preso, vocês não estão querendo defender o presidente Bolsonaro, vocês estão querendo defender interesses próprios, porque até a pauta que vocês trazem não resolve os problemas do transporte […] Querem fazer? Façam. Se der certo, ótimo, mas eu não vou apoiar”, disse o parlamentar.
Com discursos desencontrados, ausência de apoio majoritário e articulação frágil, o que seria uma paralisação de impacto nacional acabou se resumindo a manifestações isoladas e de pequena expressão. O episódio reforça o cenário de fragmentação entre as lideranças dos caminhoneiros e evidencia o desafio de construir movimentos unificados dentro de uma categoria marcada por demandas complexas, diversidade regional e disputas políticas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário