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sábado, 6 de dezembro de 2025

GREVE DOS CAMINHONEIROS ANUNCIADA PARA ESTA SEMANA PERDE FORÇA E EXPÕE DIVISÕES NA CATEGORIA

A paralisação nacional dos caminhoneiros anunciada para esta quinta-feira (4) terminou sem mobilização significativa nas estradas brasileiras, revelando uma profunda divisão interna na categoria e a falta de articulação entre suas lideranças. O movimento, que vinha sendo propagado nas redes sociais como uma tentativa de pressionar o governo federal por mudanças no setor, teve baixa adesão e rapidamente perdeu força, frustrando as expectativas de seus organizadores.

Francisco Burgardt, conhecido como Chicão Caminhoneiro, que se apresentou como líder da greve, admitiu que a iniciativa fracassou. Em declaração ao portal Metrópoles, ele afirmou que houve “sabotagem” contra o movimento, atribuindo a baixa participação a interferências externas e divergências políticas. Dias antes, Chicão havia divulgado um vídeo tentando impulsionar a mobilização: ao lado do desembargador aposentado e influenciador de direita Sebastião Coelho, apareceu no Palácio do Planalto entregando um documento que comunicava formalmente a intenção da paralisação. A cena, no entanto, não foi suficiente para dar tração ao protesto.

De acordo com o Sindicato dos Caminhoneiros (Sindicam), caso a greve tivesse sido aderida de maneira ampla, os trabalhadores contariam com o apoio institucional. Entre as reivindicações do grupo estavam demandas históricas da categoria, como a revisão do Marco Regulatório do Transporte de Cargas, o fortalecimento da estabilidade contratual e o cumprimento rigoroso das normas que regulam o setor. Também constava na pauta o pedido de aposentadoria especial após 25 anos de atividade, comprovada por documentação fiscal ou recolhimento previdenciário.

A falta de unidade entre diferentes segmentos de caminhoneiros ficou evidente quando um dos nomes mais influentes do setor, o deputado federal Zé Trovão (PL-SC), declarou publicamente que não apoiaria o movimento. Ele criticou as pautas apresentadas e afirmou que o grupo não estava verdadeiramente preocupado com os problemas estruturais enfrentados pela categoria. “Vocês não estão querendo defender quem está preso, vocês não estão querendo defender o presidente Bolsonaro, vocês estão querendo defender interesses próprios, porque até a pauta que vocês trazem não resolve os problemas do transporte […] Querem fazer? Façam. Se der certo, ótimo, mas eu não vou apoiar”, disse o parlamentar.

Com discursos desencontrados, ausência de apoio majoritário e articulação frágil, o que seria uma paralisação de impacto nacional acabou se resumindo a manifestações isoladas e de pequena expressão. O episódio reforça o cenário de fragmentação entre as lideranças dos caminhoneiros e evidencia o desafio de construir movimentos unificados dentro de uma categoria marcada por demandas complexas, diversidade regional e disputas políticas.


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