quarta-feira, 31 de dezembro de 2025

JOÃO CAMPOS RECUA DE NOMEAÇÃO POLÊMICA, MAS DESGASTE É IRREPARÁVEL

Após a repercussão negativa em todo o país, o prefeito do Recife, João Campos (PSB), decidiu nesta terça-feira (31) revogar a nomeação do procurador que havia “furado a fila” do concurso público municipal. A decisão foi oficialmente publicada no Diário Oficial do Município, mas chega tarde para apagar o desgaste político e institucional causado pelo episódio.

Com a revogação, o candidato Marko Vinicio dos Santos Batista, que havia conquistado a primeira colocação na lista de Pessoas com Deficiência (PcD) desde a homologação original do certame, segue como legítimo ocupante da vaga. Marko aguardava a nomeação há mais de dois anos, e agora tem seu direito preservado, conforme o resultado oficial publicado em 2023.

Nos bastidores, a avaliação é dura. Servidores e técnicos criticam duramente o movimento, considerando-o um ato de erro e improviso. “O prefeito voltou atrás. Serviu pra quê? Só pra se queimar…”, resumiu um comentário que circula entre funcionários da administração municipal. A crítica também se volta ao procurador-geral do município, Pedro Pontes, apontado por muitos como excessivamente subserviente ou, no mínimo, responsável por um grave erro de cálculo ao acreditar que a mudança passaria sem reação. Um técnico ouvido pelo blog reforçou: “Faltou coragem para dizer: ‘prefeito, isso vai dar merda’”.

A pressão pelo recuo veio principalmente da categoria e da Associação dos Procuradores do Município, que alertou que a alteração feria princípios básicos como legalidade, isonomia e segurança jurídica. O silêncio da OAB-PE, que não se pronunciou sobre o episódio, também chamou atenção e contribuiu para a percepção negativa da população. Antes do recuo, a própria assessoria de João Campos havia atestado a legalidade do ato em nota enviada ao Metrópoles, o que, agora, reforça a inconsistência da gestão.

O episódio evidencia que a tentativa de beneficiar um procurador em detrimento do resultado legítimo do concurso não só foi mal planejada como expõe fragilidades na administração do prefeito. O recuo de João Campos corrige formalmente a irregularidade, mas não apaga o desgaste político e a percepção de que interesses pessoais ou decisões impulsivas podem se sobrepor a princípios básicos da gestão pública.

No fim, o recuo deixa claro: o erro foi cometido, o desgaste é público e a confiança da sociedade e da categoria permanece abalada. Um alerta para que decisões semelhantes não se repitam.

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