domingo, 28 de dezembro de 2025

OPINIÃO - A FUGA DAS GALINHAS BOLSONARISTAS

Por Greovário Nicolas

O entorno do ex-presidente Jair Bolsonaro chegou a um estágio tão degradante que já não causa apenas indignação — provoca vergonha alheia, constrangimento histórico e um sentimento profundo de humilhação nacional. Tudo o que se vê hoje é o desfecho lógico de um projeto político baseado na ignorância, na prepotência e no desprezo pelas instituições. Jair Bolsonaro, por si só, já havia se revelado um indigente intelectual, incapaz de compreender o próprio cargo que ocupava. Enquanto presidente, submeteu o Brasil a sucessivas humilhações. Suas aparições em encontros internacionais entraram para a história não pela diplomacia, mas pelo vexame. O país era motivo de chacota, e o chefe de Estado parecia perdido, deslocado, incapaz de se situar no mundo real.

O que vem depois de sua saída do poder é ainda mais grotesco. A derrocada moral de seus principais aliados escancara o nível do grupo que comandou o Brasil. O caso de Carla Zambelli é emblemático. Deputada que votou contra direitos mínimos, como o acesso a absorventes para mulheres presas, hoje se encontra reduzida a uma figura patética, humilhada em uma prisão italiana. A mesma que destilava arrogância e ódio agora experimenta o peso da própria prepotência. É uma cena triste, ainda que pedagógica.

Eduardo Bolsonaro, que se gabava de “mandar” no governo Trump e afrontava o Brasil em nome de interesses estrangeiros, transformou-se numa sombra do que anunciava ser. Da fanfarronice internacional à irrelevância política, da soberba à cassação, da ameaça ao choro contido. O fim é melancólico e revela a fragilidade de quem sempre confundiu grito com poder e arrogância com força.

Enquanto isso, o governo dos Estados Unidos começa a recuar das sanções absurdas e criminosas impostas a brasileiros, numa vitória clara do governo Lula, da soberania nacional e do povo brasileiro. O Brasil volta, lentamente, a ser respeitado. O contraste entre os dois projetos de país não poderia ser mais evidente.

A prisão do ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal é o retrato acabado da ópera bufa bolsonarista. Um homem que ocupou cargo estratégico no Estado brasileiro, preso ao tentar entrar no Paraguai com passaporte falso — mesmo não sendo exigido passaporte para cruzar a fronteira — e portando uma declaração escrita afirmando ser surdo e mudo para não responder a perguntas. Como se não bastasse, alegou ter câncer no cérebro. A cena é teratológica, escatológica, assustadora. E este cidadão fazia parte da engrenagem do governo Bolsonaro. Isso diz tudo.

Nada disso é acaso. Trata-se do mesmo grupo que rezava para pneus em frente a quartéis, que fazia sinais para supostos extraterrestres, que acreditava e espalhava a mentira grotesca de que Lula havia morrido e sido substituído por um sósia. É o mesmo grupo que, em plena pandemia, colocou no Ministério da Saúde alguém que não sabia o que era o SUS. O obscurantismo virou política de Estado. A ignorância foi institucionalizada.

Os líderes dessa organização criminosa já começam a responder por seus atos. Inclusive o chefe. Não há espaço para esquecimento conveniente ou anistia disfarçada. O que foi feito ao Brasil é grave demais para ser varrido para debaixo do tapete. Esse grupo governou o país, saqueou a coisa pública, flertou com o autoritarismo, desprezou a vida e afrontou a democracia.

São de um nível moral baixíssimo, um agrupamento escatológico que emergiu de um esgoto nefasto da história política brasileira. Mas, infelizmente, chegaram ao poder. Por isso mesmo, precisam ser responsabilizados. O Brasil merece justiça. O Brasil merece memória. O Brasil merece que essa página sombria seja encerrada com punição, não com esquecimento.

Que vergonha.

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