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quarta-feira, 3 de dezembro de 2025

RAQUEL LYRA TRANSFORMA AMBIENTE ADVERSO E DOMINA PALCO AO LADO DE LULA EM IPOJUCA

No evento comandado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nesta terça-feira (2), em Ipojuca, tudo indicava que a governadora Raquel Lyra (PSD) enfrentaria um dos momentos políticos mais delicados desde o início de sua gestão. O ambiente era repleto de opositores, marcado por discursos protocolares e pela antecipação tácita da corrida eleitoral de 2026 em Pernambuco. Mas o que se viu foi exatamente o contrário: Raquel não apenas resistiu ao clima, mas roubou a cena.

O ato, embora administrativo, foi permeado por gestos políticos de todos os lados. A ausência do prefeito de Ipojuca, Carlos Santana (Republicanos), abriu espaço para uma quebra de protocolo que chamou atenção: João Campos (PSB), prefeito do Recife e figura central nas especulações sobre a sucessão estadual, discursou mesmo sem estar previsto. Ao ser anunciado, ouviu gritos de “meu governador” vindos de parte da plateia, deixando clara a antecipação do debate eleitoral. João fez um discurso curto, exaltando a parceria com o governo federal e reforçando sua sintonia com Lula.

Diante de uma plateia majoritariamente alinhada ao Palácio do Planalto e sob o olhar atento dos ministros pernambucanos Silvio Costa Filho, Wolney Queiroz e Luciana Santos, Raquel Lyra assumiu o microfone sem hesitar. Por cerca de 20 minutos, entregou uma prestação de contas minuciosa, recuperando ações como o Bom Prato, o Mães de Pernambuco, o Pix Tênis e a promessa — reforçada ali — de erguer novas creches nos municípios que aguardam as obras. Era um discurso técnico, assertivo, mas faltava o tempero político. Esse ingrediente, no entanto, veio no final.

Sob aplausos e num gesto calculado, Raquel ergueu a bandeira de Pernambuco e deslocou sua fala para além das fronteiras partidárias — uma resposta clara ao tensionamento nacional provocado pelo apoio do PSD de Gilberto Kassab à pré-candidatura presidencial do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, anunciado no dia anterior.

“Eu não estou falando aqui nem de verde, de amarelo, nem de roxo. Eu estou falando das cores que unem o nosso povo”, afirmou, ao erguer a bandeira pernambucana. Em seguida, mandou o recado político: “Eleição é no ano que vem e se disputa na urna. Agora é hora de cuidar do povo, de fazer Pernambuco e o Brasil crescerem, sem deixar ninguém para trás.” E completou, olhando para Lula: “Continue contando, presidente, porque eu sei que posso contar com o senhor.”

O presidente, surpreendido pelo tom eleitoral da fala, manteve-se discreto. Quando Raquel tentou uma primeira foto, Lula desviou o olhar, aparentemente desconfortável. Mas a governadora não recuou. No dia de seu aniversário, pediu diretamente: “Presidente, me permita. Eu queria tirar essa foto com você no dia do meu aniversário, posso?” O pedido desarmou o clima. Lula sorriu, os dois posaram com a bandeira do Brasil, e o coro de petroleiros entoou “parabéns” para a governadora.

No fim, Raquel saiu maior do que entrou. Transformou a armadilha política — cuidadosamente montada por adversários que esperavam vê-la acuada — em vitrine de firmeza, habilidade e presença de palco. Em meio a tensões, rupturas protocolares e disputas antecipadas, foi ela quem dominou o roteiro. Uma imagem que, inevitavelmente, ecoará até 2026.

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