sábado, 27 de dezembro de 2025

RESSACA DO NATAL EM OLINDA É MARCADA POR TROCA DE ACUSAÇÕES E CLIMA DE ELEIÇÃO AINDA ABERTO

Mais de um ano após o segundo turno da eleição municipal de 2024, Olinda segue imersa em um ambiente político carregado de tensões, discursos duros e feridas ainda abertas. A disputa apertada, decidida por apenas três pontos percentuais, continua ecoando no cotidiano político da cidade, mostrando que o pleito não terminou com a proclamação do resultado nas urnas.

Eleita com 51% dos votos válidos, a prefeita Mirella Almeida (PSD) derrotou Vinicius Castello, então filiado ao PT, que obteve 48% em uma das eleições mais acirradas da história recente do município. Desde então, a relação entre os dois campos políticos permanece marcada por embates públicos, críticas constantes e narrativas opostas sobre os rumos da cidade.

O episódio mais recente ganhou força logo após o Natal, quando Vinicius Castello, atualmente integrante da equipe do prefeito do Recife, João Campos (PSB), publicou um longo desabafo nas redes sociais. No texto, o ex-candidato afirmou que sua derrota estaria diretamente relacionada ao seu perfil pessoal, argumentando que, caso fosse um homem heterossexual, o resultado eleitoral poderia ter sido diferente. Segundo ele, a política brasileira ainda reage com maior hostilidade a perfis como o seu, o que, em sua visão, teria pesado no processo eleitoral.

Apesar da crítica contundente, Vinicius afirmou não agir movido por ressentimento, mas por indignação diante do que considera o atual cenário administrativo de Olinda. Em sua publicação, classificou a gestão de Mirella Almeida como a pior da história do município, citando problemas estruturais em áreas sensíveis como educação, saúde, transporte público, infraestrutura urbana e atenção às comunidades mais vulneráveis. Ele reforçou que não comemora as dificuldades enfrentadas pela população, mas atribuiu o quadro àquilo que, segundo ele, foi insuficiente para garantir uma gestão eficiente.

A postagem veio acompanhada de uma série de cards, que ampliaram a repercussão e acirraram ainda mais o debate. Em um deles, Vinicius aparece afirmando que “o preconceito venceu”. Em outro, uma imagem da prefeita é acompanhada da frase que a define como “mulher, hétero, cristã e pior prefeita da história de Olinda”, conteúdo que rapidamente gerou reações e críticas de aliados da gestora.

A resposta de Mirella Almeida não demorou. Em vídeo divulgado em suas próprias redes sociais, a prefeita reagiu às declarações do adversário, afirmando que Vinicius ainda não teria superado a derrota eleitoral de 2024. Mirella classificou a postagem como desrespeitosa, destacando que se sentiu atacada não apenas enquanto gestora, mas também em sua fé religiosa e em sua condição de mulher.

Em tom firme, Mirella afirmou que os ataques não desviam o foco de sua administração, que, segundo ela, tem entregado obras, promovido conquistas concretas e mantido o compromisso com o desenvolvimento da cidade. A prefeita ressaltou que sua atuação segue pautada pelo trabalho e pela responsabilidade com Olinda, reafirmando a confiança em um futuro de avanços.

Ao mencionar que sua fé foi alvo de ataques logo após o Natal, Mirella buscou reforçar um discurso de resiliência e continuidade administrativa. Para ela, o debate político não pode ultrapassar limites de respeito pessoal e institucional, e o foco deve permanecer nas ações de governo e nos resultados entregues à população.

O embate público evidencia que, mesmo passado mais de um ano da eleição, Olinda continua vivendo uma espécie de terceiro turno permanente. A troca de farpas expõe não apenas divergências políticas, mas também disputas de narrativa sobre identidade, gestão e futuro da cidade. Em um cenário onde a margem eleitoral foi mínima, cada movimento, cada declaração e cada postagem nas redes sociais ganham peso ampliado, mantendo acesa uma polarização que promete continuar influenciando o debate político local nos próximos anos.

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