sexta-feira, 2 de maio de 2025

PSB DESIDRATANDO EM PERNAMBUCO

O Partido Socialista Brasileiro (PSB), que durante anos dominou a política municipal em Pernambuco, atravessa um processo de esvaziamento que se acentuou após as eleições de 2024. Naquele pleito, a disputa entre o PSB, do prefeito do Recife João Campos, e o PSDB, então partido da governadora Raquel Lyra, foi intensa, com ambos mirando a maior quantidade de prefeituras. Ao fim da apuração, os tucanos levaram a melhor por uma margem mínima: 32 prefeitos eleitos contra 31 do PSB. No entanto, a movimentação política que veio depois aprofundou ainda mais a perda de força dos socialistas. Raquel Lyra deixou o PSDB, se filiou ao PSD e arrastou consigo os prefeitos que haviam sido eleitos pela legenda tucana. Com isso, o PSD assumiu protagonismo e passou a ser o novo polo de atração de lideranças municipais, enquanto o PSB começou a perder espaço.

Hoje, o PSB conta com 26 prefeitos no estado, um número que vem diminuindo a cada mês. O episódio mais recente dessa debandada aconteceu nesta quinta-feira, quando o prefeito Miruca, de Água Preta, anunciou sua saída do partido e sua filiação ao Progressistas (PP). Com essa adesão, o PP passa a comandar 25 prefeituras em Pernambuco, praticamente empatado com o PSB. Desde a eleição municipal, cinco prefeitos socialistas já mudaram de sigla: três deles rumaram para o PSD, a prefeita de Lagoa Grande, Catharina Garziera, ingressou no MDB, e agora Miruca reforça o PP. Em 2020, mesmo após a derrota no governo estadual, o PSB ainda conseguiu conservar 55 prefeituras, número que hoje foi reduzido pela metade, evidenciando um processo contínuo de esvaziamento.

Enquanto isso, o ambiente entre aliados da governadora Raquel Lyra é de entusiasmo. Nos bastidores, há a expectativa de que novos prefeitos ligados ao PSB migrem para o PSD nos próximos meses, fortalecendo ainda mais a base municipal da gestora estadual. O secretário-geral do PSD em Pernambuco, André Teixeira, alimenta essa perspectiva ao afirmar que "vem novidades por aí", sinalizando que articulações estão em curso para ampliar o arco de alianças do partido. Historicamente, o número de prefeitos aliados nunca foi garantia de vitória em eleições majoritárias no estado. Em 1998, por exemplo, Miguel Arraes, com mais de 100 prefeitos em sua base, foi derrotado por Jarbas Vasconcelos com uma diferença superior a um milhão de votos. No entanto, no atual cenário, integrantes do Palácio do Campo das Princesas apontam diferenças significativas.

Raquel Lyra, que enfrentou resistência inicial na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), teria encontrado nos prefeitos a principal sustentação política de sua gestão. O estilo de governar da ex-prefeita de Caruaru, voltado para as demandas municipais, fez com que ela ganhasse a confiança das lideranças locais, que passaram a vê-la como uma aliada fiel dos municípios. Esse movimento, segundo aliados, estaria invertendo a lógica política que vigorou até a era Paulo Câmara, quando eram os deputados estaduais que atuavam como ponte entre os prefeitos e o governo estadual. Agora, seriam os prefeitos que estariam exercendo pressão para que seus representantes na Alepe se alinhem ao Palácio das Princesas. Essa reorganização do tabuleiro político municipal vem redesenhando as forças que se preparam para 2026, com o PSD assumindo um papel cada vez mais central e o PSB, outrora hegemonia incontestável, vendo seu território eleitoral ser gradualmente ocupado pelos adversários.

Nenhum comentário: