segunda-feira, 29 de setembro de 2025

EDUARDO BOLSONARO TESTA VOO PRÓPRIO E ARTICULA PROJETO PRESIDENCIAL PARA 2026


O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) começa a escrever um capítulo próprio dentro do campo da direita brasileira. Desde fevereiro radicado nos Estados Unidos, ele tem ampliado a rede de contatos internacionais e, ao mesmo tempo, trabalhado para consolidar uma base de 20 a 30 parlamentares alinhados ao seu discurso mais radical. A movimentação, vista por aliados como um ensaio para 2026, sinaliza que o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro pretende disputar a Presidência da República, mesmo sob risco de ter seu mandato cassado pela Justiça Eleitoral.

Diferente de outros nomes que despontam no campo conservador, Eduardo tem se afastado do centrão e endurecido as críticas contra lideranças que, em sua avaliação, cedem a compromissos políticos. Entre os alvos está o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, ex-ministro da Infraestrutura de Jair Bolsonaro e figura considerada presidenciável em setores da direita tradicional. O discurso de Eduardo busca resgatar a narrativa mais dura do bolsonarismo, com ênfase na segurança pública, no combate à esquerda e em pautas de costumes.

Em suas falas, Eduardo também tem insistido em defender medidas que geram controvérsia, como a concessão de uma anistia ampla aos condenados pelos atos de 8 de janeiro. Para seus apoiadores, essa bandeira mantém viva a ligação com a base mais fiel do bolsonarismo, que enxerga nos presos políticos do episódio um símbolo de resistência. Esse posicionamento, no entanto, acentua o afastamento de setores moderados e amplia as críticas de adversários, que veem na proposta um estímulo à impunidade.

A estratégia do deputado inclui ainda conversas reservadas com dirigentes de partidos menores, empresários e lideranças regionais. O objetivo é estruturar uma candidatura viável fora das grandes legendas, preservando independência em relação às composições de cúpula. O movimento, considerado arriscado, reforça a tentativa de criar um núcleo ideológico fiel e menos suscetível às negociações tradicionais da política.

Eduardo Bolsonaro também tem apostado na visibilidade internacional para fortalecer sua imagem no Brasil. Nos Estados Unidos, participou de encontros com grupos conservadores e buscou aproximação com lideranças republicanas, transmitindo a ideia de que representa uma direita globalizada e conectada às principais discussões do conservadorismo mundial. Essa atuação externa é vista como uma forma de compensar o desgaste interno provocado pelas ações da Justiça e pelas críticas de antigos aliados que defendem o caminho institucional representado por Tarcísio.

Com a ausência temporária do pai do cenário eleitoral, o deputado acredita ser possível ocupar esse espaço e manter viva a chama do bolsonarismo em 2026. A aposta é de que a marca política construída pelo ex-presidente ainda possui densidade suficiente para impulsionar uma candidatura, mas adaptada ao estilo próprio de Eduardo, mais agressivo e menos conciliador. Nos bastidores, a leitura é de que o deputado ensaia um voo solo, testando a recepção de seu nome como alternativa à sucessão de Jair Bolsonaro e tentando transformar a condição de herdeiro político em liderança autônoma.

Nenhum comentário: