No Dia Nacional de Combate à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, celebrado nesta sexta-feira, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) divulgou mapeamento que coloca Pernambuco como o Estado onde mais se diminuiu o número de pontos vulneráveis para esse tipo de crime nas estradas federais. A redução no levantamento feito em 2011/2012 foi de 77,7% em relação a 2009/2010.
Mas ainda existem 20 locais onde a exploração pode acontecer. São bares, boates, postos de gasolina e churrascarias, onde normalmente se concentra uma grande quantidade de caminhoneiros, às margens dos 2,5 mil quilômetros de rodovias federais que cortam o território pernambucano.
No número absoluto, mesmo tendo a 9ª maior malha rodoviária federal do País, Pernambuco está na 23ª colocação no ranking da exploração de crianças e adolescentes nas BRs.
A diminuição significativa de pontos vulneráveis no Estado, no entanto, não significa que esse tipo de crime deixou de acontecer naquela região onde fica o estabelecimento suspeito. O próprio estudo divulgado pela PRF afirma que o resultado pode ser fruto de uma migração.
“Em alguns Estados, a exemplo de Pernambuco, onde houve a maior redução percentual de registros, detectou-se a ‘migração de pontos’. Isso significa dizer que, em algumas áreas, considerando-se a repressão realizada ou campanhas preventivas, educativas e parcerias com a sociedade civil incentivando o uso do Disque 100 (número para denúncia), houve a ‘interiorização’ dos ambientes suscetíveis à exploração”, diz o estudo, que usa o termo “interiorização” se referindo à migração da rodovia para a cidade ou mesmo para estradas estaduais.
De acordo com o assessor de comunicação da PRF em Pernambuco, inspetor Éder Rommel, essa diminuição é resultado de operações de repressão e prevenção das BRs. “Há 10 anos, desde 2002, fazemos a repressão e campanhas educativas. Pernambuco é pioneiro no Brasil nesse tipo de trabalho, que fazemos com o apoio do Ministério Público”, explicou.
Segundo Rommel, os locais dos 20 pontos vulneráveis não podem ser divulgados para evitar novas migrações. “Caso a gente divulgue, os donos dos estabelecimentos podem sair dos locais, evitando assim que haja uma investigação por parte da polícia”, destacou o inspetor.
A redução verificada em Pernambuco é bem maior do que a registrada em todo o Brasil, que foi de 2,4%. Minas Gerais, que tem a maior malha rodoviária federal do País, ficou em primeiro lugar no ranking de áreas de risco, com 252 pontos vulneráveis e um aumento de 89,4% em relação ao levantamento anterior. Outros oito Estados tiveram crescimento nos números, com destaque para o Amazonas, que mesmo com a menor malha rodoviária do Brasil, registrou aumento de 400%.
CAMINHADA - Alertar a sociedade para a importância de denunciar casos de exploração sexual e cobrar ao poder público mais agilidade na execução do plano de combate à violência contra crianças e adolescentes. Essas foram as bandeiras de luta levadas às ruas, ontem, para a caminhada que marcou o dia nacional de combate ao crime. A manifestação percorreu ruas do Centro do Recife.
De acordo com o coordenador da Rede de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes de Pernambuco, Ricardo Oliveira, a subnotificação ainda é muito alta, principalmente, no interior do Estado. Além do medo de denunciar, a centralização da Gerência de Polícia da Criança e do Adolescente (GPCA) é um fator que reduz o número de queixas. “Precisamos de GPCA na Zona da Mata e no Sertão. Nesses locais, faltam notificações e existe um elevado número de casos”, afirma.
Quanto à execução do plano estadual, lançado em 2010, o coordenador afirma que só 10% das propostas foram executadas. A coordenadora da gerência de Proteção Social-Especial de média complexidade, vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, Gisele Vieira, afirma que o Estado tem assumido a responsabilidade nas ações de proteção à criança e ao adolescente. No entanto, reconhece que “o plano precisa passar por reformas para redefinir as prioridades”.
