O protesto pelo passe livre e por melhorias no transporte coletivo que percorreu o Centro do Recife nesta quarta-feira (23) terminou com quatro jovens detidos pela Polícia Militar de Pernambuco (PM). A caminhada da Frente Independente Popular de Pernambuco (FIP) começou por volta das 9h, no Parque 13 de Maio, e só se dispersou pouco antes das 14h30, próximo ao Cemitério de Santo Amaro. Durante a manifestação, pelo menos três estudantes foram feridos com balas de borracha disparadas por policiais. Segundo a PM, aproximadamente 100 pessoas participaram do início do ato, que terminou com cerca de 30 estudantes.
Um jovem de 25 anos foi um dos atingidos por bala de borracha na Avenida Visconde de Suassuna
A concentração de vários grupos que dividem a pauta de reivindicações baseada na luta pelo passe livre para os estudantes foi às 8h, em frente à Escola Luiz Delgado. Os manifestantes saíram aproximadamente uma hora depois, pela Rua do Príncipe, no sentido contrário ao dos carros. Pela Rua da Soledade, pegaram a Av. Conde da Boa Vista. Inicialmente, o trânsito na avenida que é constante palco de protestos foi interrompido apenas no sentido subúrbio-cidade, porém, ao chegar ao cruzamento com a Rua do Hospício, alguns manifestantes tentaram interromper o tráfego dos ônibus no outro sentido. PMs impediram o bloqueio, iniciando o primeiro tumulto do 10º ato na capital pernambucana.
Manifestantes exigem posicionamento dos vereadores sobre o passe livre
O protesto seguiu pela via, fechando o cruzamento com a Rua da Aurora. Uma mulher, irritada com a manifestação, tentou agredir os manifestantes usando uma bolsa. A caminhada seguiu pela Ponte Duque de Caxias, Av. Dantas Barreto, Ponte Princesa Isabel e retornou à Câmara Municipal do Recife, nas proximidades do local onde a passeata começou. Na sede do Legislativo da capital, os estudantes afirmaram querer que os vereadores apresentem um posicionamento sobre as questões do passe livre e da implantação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Transporte.
Ainda na Câmara, a FIP planejava realizar uma votação entre os participantes para aderir ao protesto que era realizado na Prefeitura do Recife, no Cais do Apolo. No entanto, a decisão foi de seguir para a Av. Visconde de Suassuna, onde o prefeito Geraldo Julio esteve pela manhã.
Na Ponte Duarte Coelho, um mascarado subiu em um ônibus
Até chegar ao Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest), na Suassuna, George Baracho, uma das lideranças da manifestação, considerava o protesto tranquilo, apesar dos momentos de tumulto vistos no percurso. "Acredito que a PM está com medo depois do 7 de setembro, quando a sociedade viu a agressividade deles", afirmou ao deixar a Câmara. Porém, uma confusão começou quando os manifestantes, em frente ao Centro, pediram a saída do prefeito.
Um manifestante foi detido na Avenida Visconde de Suassuna
Um jovem mascarado que levava uma lata para fazer barulho foi detido pelos policiais militares [VEJA O VÍDEO]. A PM afirmou que ele pichou um ônibus durante a manifestação. Membros da Frente, no entanto, dizem que ele foi detido depois de xingar um policial que teria passado de moto por cima do pé dele. O mesmo motivo foi o da detenção de um manifestante na Avenida Norte, para onde um grupo de cerca de 30 manifestantes seguiu após a dispersão. Duas outras jovens - uma de 16 e outra de 22 anos - foram detidas próximo ao Cemitério de Santo Amaro, depois que os estudantes se reuniram ao redor do carro de uma emissora de televisão [VEJA O VÍDEO 2]. Ambas foram levadas para a Gerência de Polícia da Criança e do Adolescente (GPCA) da Rua Fernandes Vieira, acusadas pelos policiais de desacato.
Enquanto parte dos PMs detiam o primeiro manifestante, identificado apenas como Inácio "Rasta", outro grupo dos 50 que trabalhavam no protesto fez vários disparos de bala de borracha contra os jovens a cerca de 15 metros do Cerest. Duas pessoas foram atingidas na perna e outra na barriga.
Seis carros tiveram vidros quebrados. Trabalhadores dizem que foram manifestantes
O major Silvestre Dantas, comandante da ação do 16º Batalhão da Polícia Militar no protesto, afirmou que o evento, considerado violento pelos manifestantes, foi provocado pela depredação de pelo menos seis carros particulares na Rua dos Emboabas, em Santo Amaro, próximo ao Cerest. Os representantes da Frente, ao contrário, defendem que os vidros dos carros foram quebrados depois da ação da PM, por um grupo isolado. Trabalhadores que estavam no local no momento do quebra-quebra dizem que foram mascarados que jogaram pedras e paus nos veículos.
Estudantes pararam a caminhada e brincaram em um parque na Avenida Norte
Mesmo após a confusão na Visconde de Suassuna, um grupo de cerca de 30 manifestantes saiu pelas avenidas Mário Melo e Norte, em direção à Delegacia de Santo Amaro, para onde os PMs afirmaram ter levado os dois primeiros detidos. Além de "Rasta", uma outra pessoa foi levada pela polícia - segundo manifestantes, um policial o chamou de "bicha" e, em resposta, ele afirmou que a corporação não é confiável. A caminhada foi dispersada por volta das 14h30, na Rua Marquês do Pombal, após o tumulto onde as duas jovens foram detidas. Cerca de duas horas depois, a manifestante de 16 anos prestava depoimento na GPCA, enquanto PMs faziam uma representação contra ela, por desacato.
Quatro jovens foram detidos pela Polícia Militar
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