quarta-feira, 10 de julho de 2019

Brasil está acostumado a passar vergonha, diz ministro sobre militar preso com cocaína



As declarações foram dadas durante audiência pública da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados

Por: Folhapress 

Ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto HelenoFoto: Antonio Cruz/Agência Brasil


O ministro-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), Augusto Heleno, afirmou nesta quarta-feira (10) que o episódio do sargento preso com 39 kg cocaína no aeroporto de Sevilha, na Espanha, é uma vergonha para os militares, mas que o Brasil já está acostumado, pois passa vergonha há 20 anos. 

As declarações foram dadas durante audiência pública da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados, marcada para discutir a apreensão de drogas em aeronaves militares. Heleno comentou fala do presidente Jair Bolsonaro (PSL), que lamentou que o segundo-sargento da Aeronáutica Manoel Silva Rodrigues não tenha sido detido na Indonésia, onde condenados por tráfico de drogas são executados.

"É óbvio que isso não é uma declaração amparada em qualquer coisa jurídica. É uma declaração de desabafo pela vergonha, que isso já foi caracterizado aqui por mim e pelos dois companheiros, que nós passamos", disse. "Agora, vergonha nós estamos acostumados a passar, hein. Porque, olha, 20 anos que nós estamos passando vergonha. Essa vergonha a gente sente, sim, muito, mas o país está acostumado."

O sargento integrava a comitiva de militares que prestava apoio à viagem do presidente a Tóquio, no Japão, onde participou de reunião do G20, grupo que reúne as economias mais importantes do mundo. 

Rodrigues foi detido ao passar por um controle aduaneiro de rotina realizado no aeroporto de Sevilha, no sul da Espanha. Ele estava no avião da FAB, um Embraer 190, do Grupo Especial de Transporte da FAB, que fez uma escala na cidade espanhola.

Além de Heleno, participam também da audiência desta quarta o tenente-brigadeiro do ar Carlos de Almeida Baptista Junior, representando o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, e o tenente-brigadeiro do ar Carlos Augusto Amaral Oliveira, representando o comandante da Aeronáutica, tenente-brigadeiro do ar Antônio Carlos Moretti Bermudez.

Na audiência, o ministro comentou as críticas que o escritor Olavo de Carvalho costuma dedicar à ala militar que cerca o presidente Jair Bolsonaro (PSL). "O senhor Olavo de Carvalho, se eu encontrar na rua, eu não sei quem é. Eu não vou dedicar [tempo] ao seu Olavo de Carvalho, meu tempo é precioso", afirmou.

Heleno disse ainda que as críticas não o atingem. "Não vou ficar gastando tempo de responder a cada bobagem que falam. Não passa nem na minha cabeça. Tenho muita coisa para fazer, e não tenho tempo de ficar discutindo bobagem".

O militar comentou ainda as críticas feitas pelo vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), filho do presidente. Logo após a prisão do sargento, Carlos acusou o GSI e a FAB (Força Aérea Brasileira) de serem cúmplices do sargento preso. "Comentários do Carlos, eu sei perfeitamente porque já tive convívio com ele, ele é extremamente traumatizado pelo atentado que buscou modificar a situação política do Brasil", afirmou o ministro, em referência à facada sofrida por Bolsonaro durante a campanha à Presidência. 

Heleno lembrou que o capitão reformado, à época, estava sob cuidados da Polícia Federal. "Não estou de maneira nenhuma colocando qualquer tipo de responsabilidade na Polícia Federal, é uma polícia que melhorou muito e visivelmente nas últimas décadas", disse. 

O ministro afirmou que Bolsonaro, assim como outros candidatos, desrespeita as regras de segurança em campanha. "Aqueles que fazem a segurança não podem impedir um candidato...como hoje, por exemplo, nós vivemos isso quase em todas as viagens do presidente. Ele acaba fazendo coisas que, para a segurança, são arriscadas."

Complexo Solar de São José do Belmonte vai operar em 2021




Com investimento de R$ 3,5 bilhões, Pernambuco terá o maior complexo solar fotovoltaico do Brasil. Localizado em São José do Belmonte, a aproximadamente 500 km do Recife, o empreendimento terá sete usinas, com capacidade instalada para gerar 1,1 mil megawatts (MW) e perspectiva de entrar em operação comercial no início de 2021, com plena operação em 2022.

O acordo para iniciar o empreendimento em Pernambuco foi fechado pelo governador Paulo Câmara e o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Bruno Schwambach, com o presidente da Solatio Energia, Pedro Vaquer Brunet, e Elvira Damau, sócia da empresa, responsável pelo aporte financeiro do complexo.

Até o momento, o parque da Solatio deve ser o maior em território nacional e uma das principais referências no mundo. As obras devem ser iniciadas no primeiro bimestre de 2021. A previsão é que o projeto gere, somente durante a fase da construção, aproximadamente mil postos de trabalho diretos.

Segundo o governo de Pernambuco, o conjunto de investimentos previstos, que será distribuído em 2.270 hectares, vai ao encontro do plano de longo prazo do Estado, apresentado ainda em 2013, quando aconteceu o primeiro leilão de energia solar brasileiro.

O governador Paulo Câmara destaca que se trata de um investimento importante em um momento difícil, quando ninguém está investindo. “A Solatio está vindo a Pernambuco, gerando emprego e renda. Nós estamos sempre dialogando com empresas e investidores, que têm a certeza de que o nosso estado os ajudará a avançar em seus projetos”, destacou o governador Paulo Câmara.

Para Schwambach a escolha por Pernambuco se deve pelo preparado do Estado para receber o empreendimento por conta dos investimentos de infraestrutura que estão sendo realizados. “Temos buscado ativamente os empreendedores, seja para participar dos leilões ou implantar projetos mirando o mercado livre. Dentro do nosso programa de energia, é preciso destacar o Atlas Eólico e Solar, um mapeamento feito especificamente ao investidor, que mostra o potencial de Pernambuco para geração de energia através de fontes renováveis. Fora isso, o governo estadual tem incentivado a geração distribuída com o PE Solar”, finaliza. (Sertão Central)

Eleições de 2020 parecem distantes, mas estão logo ali





A eleição de 2020 será uma eleição de decisões difíceis de serem tomadas por quem se dispuser a disputá-la. A dificuldade acontece por causa da atual conjuntura politica brasileira. Após as eleições de 2018 em que quase todas as previsões dos analistas políticos foram contrariadas nas urnas, uma pergunta insiste em martelar na cabeça dos pré-candidatos ao paço municipal: qual a melhor forma de fazer campanha em 2020? 

Esta é uma dúvida justa, que os coloca diante de um dilema: Devem acreditar, ainda, no método tradicional em que precisam ganhar musculatura atraindo partidos tradicionais e políticos, considerados, “de peso” em torno de seu nome ou devem apostar, somente, na força que as plataformas digitais demostraram na ultima eleição, considerando que muitos dos políticos considerados “de peso” ficaram sem mandato enquanto o atual presidente foi eleito usando exatamente a força dessas plataformas. 

Antes é preciso lembrar que nenhuma eleição é igual à outra, mas que cada eleição oferece lições que devem ser aprendidas. E, em minha opinião, a lição que devemos aprender sobre a eleição de 2018 é de que ela esteve para as arenas digitais, aqui no Brasil, da mesma forma que a eleição de 1989 esteve para a televisão. O pêndulo da relevância saiu de um lado e foi para o outro e isso não pode ser subestimado. Mas assim como em pós 1989 os partidos continuaram a ter força nas eleições seguintes, afinal não se disputa eleição sem eles, isso não pode ser desprezado em 2020. 

Em relação a atrair partidos tradicionais e políticos de “peso”, a própria atração em si já demostra musculatura, pois há um ditado que diz que o rio corre para o mar não para a lagoa, ou seja, nenhum politico que tenha um bom capital politico vai orbitar em torno de quem não tenha musculatura o suficiente para uma disputa eleitoral. Já em relação aos partidos, não podemos nos esquecer de que eles são compostos por pessoas, então atrair um partido significa também atrair pessoas e pessoas são atraídas por boas ideias e propostas claras. 

Quanto à cultura digital, embora seja arriscado fazer previsão porque as coisas mudam muito rápido, é possível afirmar que a digitalização e a “datificação” vieram para ficar. Em qual plataforma, ainda não sabemos, pois as atuais são apenas a ponta de um ecossistema digital em constante ampliação. O que sabemos é que há um fluxo grande entre as várias plataformas, então nenhuma delas deve ser considerada irrelevante. A informação tem que circular de uma plataforma para a outra. Por exemplo, a informação que está no Twitter pode ser transformada em conteúdo para o Youtube, para o WhatsApp, Facebook, Instagran, etc. Não é publicar o mesmo conteúdo em várias plataformas, é produzir conteúdos com a mesma informação aproveitando as potencialidades de cada plataforma. 

Então, ao invés de “fundir a cuca” pensando nisso, se organize, ganhe espaço dentro de seu partido, ganhe a militância do seu partido é ai que a musculatura começa a ser criada. Quanto à campanha, tem que ser um olho no peixe outro no gato, ou seja, uma dobradinha entre as plataformas digitais e a rua. Utilizar as potencialidades delas para construir imagem, se expressar, sentir o pulso, descobrir tendências e formar uma militância digital que seja capaz de mobilizar também as ruas. É isso.

Paulo Henrique Amorim, um jornalista de coragem, por Luis Nassif



Conheci Paulo Henrique Amorim em minha ida para a Editoria de Economia da Veja, em 1974, em uma oportunidade aberta por Paulo Totti, que era chefe de reportagem.


Ao lado de Elio Gaspari e Marcos Sá Correa, Paulo Henrique formava o trio dos jovens jornalistas cariocas, importados para a Veja e com curso superior. Se não me engano, ele era formado em Ciências Sociais.

Assumiu o cargo de Editor de Economia ao lado do inesquecível Emilio Matsumoto. Sua estreia em São Paulo havia sido pouco antes, convidado por Luiz Fernando Mercadante para trabalhar na revista Realidade. Ali, já deixara sua marca mais conhecida, um feroz espírito de competição que o impulsionava atrás de notícias.
Jovem ainda, tornou-se influente junto à área econômica do governo.

Sua carreira prosseguiu fora da Veja. Primeiro, foi escalado para dirigir a revista Exame, que fazia parte de um pacote de revistas técnicas que a Abril adquirira.

Depois, mudou-se para o Jornal do Brasil. Ali experimentou sua fase mais brilhante de jornalista, como titular da coluna Informe Econômico.

Na nova função, passou a revelar uma de suas características mais marcantes, de cunhar expressões que se tornariam motes, a exemplo de Elio Gaspari, e provavelmente inspirado no jornalismo de guerra da velha Rio de Janeiro de Gondim da Fonseca e outros. A expressão “raposa felpuda” tornou-se sua marca, além da incomparável capacidade de valorizar, pela manchete ou pelo lide, as informações mais prosaicas.

De lá foi para a TV Globo, onde também se consagrou pelos furos e pelos motes, como editor de Economia e comentarista. Não me lembro perfeitamente da maneira como anunciava informações exclusivas de Brasília. Mas fazia o telespectador participar do clima de cumplicidade, como se ele estivesse junto com Paulo Henrique em um local misterioso, arrancando informações da fonte. Competitivo, mantinha uma disputa surda com o comentarista oficial Joelmir Betting.

Era cioso de sua idade. Quando recebi um convite da Globo para ser comentarista, e foi marcado um almoço no Rio, Paulo me ligou e, na conversa, sugeriu delicadamente que eu não dissesse que havia sido seu foca na Veja. Acabei desistindo do convite e do almoço.

De lá saiu para dirigir o escritório da Globo em Nova York. Não sei as razões de sua saída. Logo foi contratado pela TV Bandeirantes para a vaga de âncora do Jornal da Band. Pouco antes, o velho João Saad me havia convidado para assumir a função. Enrolado com minha empresa, e percebendo a resistência de Johnny Saad, recusei.

Saindo da Globo, de imediato foi contratado pela UOL para apresentar um programa que ficava exposto permanentemente na home do portal. Ali, mais uma vez se revelou o pauteiro primoroso, identificando os melhores temas pela manha, conseguindo entrevistas por telefone e apresentando no programa que, se não me engano, ir ao ar ao meio dia.

De lá saiu se não me engano para o iG. Foi lá que voltamos a nos cruzar, nas guerras com Daniel Dantas.

Voltamos a nos cruzar em 2010, na campanha eleitoral, em uma frente informal contra o risco José Serra. Tinha restrições ao seu estilo, e ele devia ter ao meu. Mas foi uma guerra inclemente, em que era atacado por todos os lados.

Do lado de Serra, a pecha de chapa branca. Do lado do PT, Tereza Cruvinel me afastando da TV Brasil, suspendendo o pagamento até que aceitasse a mudança no contrato, entregando todos os programas até julho, para então encerrar o contrato. Que só foi refeito depois que Serra perdeu.

Éramos meia dúzia de blogs, cuja única afinidade era a resistência contra o perigo Serra. Acordava toda manhã sentindo o peso do mundo, e o que nos animava reciprocamente era a resistência para a luta, particularmente de Paulo Henrique.

E essa garra e coragem ele não perdeu, mesmo nos momentos mais críticos. Aliás, quanto mais crítico o momento, maior a sua coragem.

Nos últimos anos, seu estilo jornalístico encontrou o ambiente mais propício, os vídeos do Youtube. Tornou-se um campeão do Youtube, graças à sua enorme capacidade de identificar um tema, mirar no detalhe ridículo que ninguém percebia, e fuzilar com a pontaria dos grandes polemistas.

Deixa um legado de coragem.

João Campos cita Arraes e Eduardo Campos em crítica à reforma da Previdência

Foto: Cleia Viana/Câmara dos Deputados

Douglas Fernandes

Em discurso na tribuna da Câmara dos Deputados durante a sessão que analisa a reforma da Previdência nesta quarta-feira (10), o deputado João Campos (PSB) disparou mais uma vez contra a proposta. O socialista ressaltou o posicionamento do PSB, que fechou questão contra a reforma e poderá punir os parlamentares do partido que votarem a favor. Segundo o deputado, as mudanças no sistema previdenciário vai “criar uma catástrofe econômica e o dinheiro vai circular de forma reduzida nos pequenos municípios”.

João Campos afirmou que a proposta é uma “covardia” com a população mais carente e que “não vai gerar emprego”. Será repudiado no futuro”, emendou. O filho do ex-governador Eduardo Campos e bisneto do também ex-governador Miguel Arraes citou o pai e o avó para criticar a reforma. “Como que Miguel Arraes votaria se estivesse aqui, como que Eduardo Campos votaria se ele estivesse aqui?”, questionou. “Votariam ao lado do povo”, afirmou.

Assista ao vivo

O parlamentar seguiu o discurso do presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, de que o partido não vai deixar sua “digital” na aprovação da reforma. Em entrevista à Rádio Jornal, o dirigente falou em punição aos parlamentares do partido que votarem a favor da proposta. O deputado Felipe Carreras é um dos integrantes da bancada da sigla já se manifestaram a favor da proposta.

João Campos ainda evocou a memória da legenda socialista.”Nós não vamos cometer o equivoco de colocar nossa digital nessa reforma”, disse. “Em memória do PSB, do povo brasileiro, em respeito àqueles que têm compromisso com a juventude brasileira, essa reforma não”, finalizou.

Cadeirante é assassinado depois de sofrer três tentativas de homicídio

Condição física da vítima era sequela de uma das três ações anteriores. O homem foi encontrado morto com dois disparos de arma de grosso calibre no rosto

Por: Redação OP9

Um cadeirante foi morto dentro de casa no bairro da Cohab, em Moreno. O crime aconteceu na noite da terça-feira (9). De acordo com a polícia, dois homens entraram na residência e efetuaram disparos contra Paulo Simeão Santos Filho, 44 anos, que morreu no local. Peritos do Instituto de Criminalística (IC) realizaram perícia preliminar na casa e constataram que não houve arrombamento nem furto.

O que chama atenção no caso é que essa foi a quarta vez que Paulo sofreu um atentado. A condição física da vítima, inclusive, era uma sequela de uma das três tentativas de homicídio que ele havia sofrido.

“A vítima foi encontrada em cima da cama com dois disparos de arma de grosso calibre no rosto” informou o perito do IC Diego Nunes. A Polícia Civil já deu início às investigações acerca do caso. O corpo foi encaminhado para o Instituto de Medicina Legal (IML).

Luto - Falece o sociólogo Chico de Oliveira aos 85 anos


Um dos mais importantes nomes da sociologia brasileira, Oliveira foi um dos fundadores do PT, com quem rompeu em 2003

Redação

Brasil de Fato | São Paulo (SP)

Oliveira foi agraciado com o Prêmio Jabuti, na categoria Ciências Humanas, pelo livro Crítica à razão dualista/O ornitorrinco / Damião A. Francisco via Wikimedia Commons

Morreu na manhã desta quarta-feira (10) o sociólogo recifense radicado em São Paulo, Francisco Maria Cavalcanti de Oliveira, mais conhecido como Chico de Oliveira.

A informação foi confirmada pelo colega e sociólogo Ruy Braga, nas redes sociais: "Chico de Oliveira nos deixou essa madrugada. Semana passada visitei-o no hospital e ele pareceu-me animado e falante. Combinamos uma conversa pra essa semana sobre o novo projeto do Cenedic. Infelizmente, esse papo não acontecerá. Quanta tristeza. Que perda", postou em sua página no Facebook.

Quem foi Chico?

Ele nasceu em 1933, em Recife, Pernambuco, onde também se graduou em Ciências Sociais e trabalhou na Sudene, com Celso Furtado. Com o golpe militar de 1964, passa dois meses preso e se muda para o Rio de Janeiro.

Professor titular aposentado da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP), Oliveira foi agraciado com o Prêmio Jabuti, na categoria Ciências Humanas, pelo livro Crítica à razão dualista/O ornitorrinco, publicado pela editora Boitempo. Seu último livro Brasil: Uma Biografia Não Autorizada”, é uma coletânea que traz textos inéditos e artigos publicados nos anos recentes.

Ele também foi um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores e compôs a 1ª Diretoria Executiva da Fundação Wilson Pinheiro, instituída pelo PT em 1981, antecessora da Fundação Perseu Abramo. 

Em 2003, ele rompeu com o PT, por conta de divergências com algumas posturas "reformistas" adotadas por Lula em seu primeiro mandato e se filiou ao PSOL (Partido Socialismo e Liberdade). Seguiu bastante crítico aos governos petistas, mas reconheceu que o partido"cumpriu uma missão" e que a prisão do ex-presidente "tem forte caráter político". 

O sociólogo também recebeu o título de doutor honoris causa da Universidade Federal do Rio de Janeiro, pelo instituto de Economia da UFRJ, e em 2010, da Universidade Federal da Paraíba. Desde 2008, é professor emérito da FFLCH-USP.

O velório será realizado nesta tarde, no Salão Nobre da FFLCH, que fica à Rua do Lago, 717.

Edição: Pedro Ribeiro Nogueira

Carlos Bolsonaro usa frio para questionar aquecimento global, e cientistas explicam mais uma besteira postada



Em rede social, filho do presidente Jair Bolsonaro faz relação equivocada entre tempo, uma questão pontual, e clima, um dado de longo prazo

Aquecimento global pode provocar fim de geleiras no ÁrticoAFP / AFP

POR AUDREY FURLANETO

RIO - Filho do presidente Jair Bolsonaro, o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ) relacionou tempo e clima, questões muito distintas, em post no Twitter, no último sábado. Na rede social, ele escreveu: "Só por curiosidade: quando está quente a culpa é sempre do possível aquecimento global e quando está frio fora do normal como é que se chama?"

"Estar quente" é da seara do tempo, ou seja, questão de curto prazo, "variação de um dia, ou de uma semana para outra", como explica o professor de Planejamento Energético da Coppe/UFRJ, Luiz Pinguelli Rosa. Já clima e aquecimento global se referem a mensurações de longo prazo.


— (A questão feita por Carlos Bolsonaro) Não tem lógica nenhuma. A existência do aquecimento global é comprovada a partir de uma média de temperaturas que leva em conta muitas informações, é um cálculo complexo computacional, feito por centenas de cientistas do mundo todo. O fato de fazer mais ou menos frio em algum lugar do país, em determinado momento, não desmente esse modelo — afirma o professor, mestre em Engenharia Nuclear e doutor em Física.
Para ele, o comentário feito pelo filho do presidente "não só mostra falta de conhecimento básico sobre a diferença entre clima e tempo, como também desconsidera evidências científicas".

— A atmosfera é complexa, e o planeta está esquenteando na média, como comprova o derretimento das geleirasdo Hemisfério Norte, por exemplo, ou a onda de calor na Europa. Contra-exemplos de que está fazendo mais frio aqui e acolá não desmentem nada. É mais uma mostra de falta de informação e irresponsabilidade com as políticas ambientais neste governo — critica Pinguelli Rosa.


Marcos Heil Costa, coordenador do Grupo de Pesquisa em Interação Atmosfera-Biosfera, da Universidade Federal de Viçosa, lembra que "o que se tem notado nas estações metereológicas ao redor do mundo é um aumento da média das temperaturas e também da variabilidade delas". Ele completa:

— As temperaturas frias de hoje são as mesmas de 50 anos atrás, enquanto aumentam os eventos quentes, como a onda de calor na França e na Grécia neste ano, ou em Portugal, no ano passado. As variações se inclinam mais para o lado quente.

Segundo ele, o Brasil, inclusive, vem apresentando aumento de temperatura considerado acima da média global, que é de 1°, na região Leste, por exemplo, fruto de desmatamento da Mata Atlântica e do cerrado ao longo dos últimos cem anos.

— O frio de um dia é só um ponto na curva, e a curva tem milhares de pontos que, analisados ao longo do tempo, indicam um aumento global da temperatura. Isso é científico. Dizer que um dia frio desmente o aquecimento global seria como afirmar que o nascimento de um anão diminui a estatura média dos cidadãos no planeta — diz Costa.