terça-feira, 8 de outubro de 2019

Expulso do PSL, Frota dispara: se Bivar está queimado, Bolsonaro está carbonizado

Foto: Cleia Viana/Câmara dos Deputados


Fillipe Vilar

Nesta terça-feira (8), o deputado federal Alexandre Frota (PSDB-SP) criticou a fala do presidente Jair Bolsonaro (PSL) sobre Luciano Bivar, também deputado federal e presidente do PSL. “Se Bivar está queimado, Bolsonaro está carbonizado”, disse o parlamentar à revista Época.

Frota foi expulso do PSL em agosto por divergências com o núcleo bolsonarista e ingressou no PSDB no mesmo mês a convite do governador de São Paulo, João Doria. 

O deputado acredita que a fala de Bolsonaro sobre Bivar é ingrata. “O partido deu uma oportunidade a ele, de ele ter uma legenda, se tornar presidente do país, e o Bolsonaro estava em um momento em que ninguém o queria, ninguém acreditava nele. Isso mostra o quanto ele só pensa nele”, disse.

O congressista também afirmou que o PSL passou a ter problemas após o ingresso de Bolsonaro no partido. “O PSL se tornou isso depois que ele entrou. Antes, ele era um partido pequeno, e se tornou esse potência de problemas que foram trazidos, a maior parte, pela família Bolsonaro”, relatou.

Como sempre - Sem provas, Bolsonaro diz que petróleo no Nordeste foi despejado criminosamente

Bolsonaro e Ricardo Salles (Foto: Agência Brasil)


Fillipe Vilar

Da Agência Brasil

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) disse nesta terça-feira (8) que as manchas de petróleo que atingem o litoral do Nordeste desde o mês passado podem ter sido despejadas “criminosamente”. “É um volume que não está sendo constante. Se fosse de um navio que tivesse afundado estaria saindo ainda óleo. Parece que criminosamente algo foi despejado lá”, disse, ao deixar o Palácio da Alvorada, após reunião com o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.

As manchas já atingem o litoral de todos os estados do Nordeste e seguem se movimentando pela costa brasileira. Trata-se de petróleo cru, ou seja, não se origina de nenhum derivado de óleo, como gasolina e outros. De acordo com Bolsonaro, a densidade da substância é “um pouquinho maior” que a água salgada, por isso, quando no mar, fica submersa.

O ministro Ricardo Salles também explicou que o movimento do óleo tem sido de ida e volta do mar para a costa. “Nosso papel é agir rápido para retirar aquilo que está em solo”, disse o ministro. Mais de 100 toneladas de borra de petróleo já foram recolhidas, de acordo com Salles.

Origem do óleo

Na segunda-feira (7), após reunião de emergência sobre o assunto no Ministério da Defesa, o presidente Bolsonaro destacou que o óleo não é produzido e nem comercializado no Brasil e que há uma suspeita sobre o seu país de origem. Hoje, perguntado novamente, ele voltou a dizer que essa é uma informação reservada. “Eu não posso acusar um país e vai que não é aquele vai, eu não quero criar um problema com outros países”, disse.

Um inquérito foi aberto pela Polícia Federal (PF), na semana passada, para apurar a origem da substância. A contaminação também é monitorada por órgãos como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) desde o dia 2 de setembro, quando as primeiras manchas foram localizadas no litoral nordestino.

Bolsonaro também determinou, por meio de decreto, publicado no último sábado (5), uma investigação sobre as causas e a responsabilidade sobre o derramamento do óleo. 

Volume de obras conduzidas pelo exército despenca com Bolsonaro

VOLUME DE OBRAS CONDUZIDAS PELO EXÉRCITO DESPENCA NO GOVERNO BOLSONARO

Serviços de infraestrutura sob responsabilidade de militares chegou a R$ 1,2 bilhão no governo Lula; na gestão atual, existe apenas uma intervenção em andamento, de uma ponte orçada em R$ 547 mil

Henrique Gomes Batista
Epoca

Obra de duplicação da BR 116 no Rio Grande do Sul, em 2019 Foto: Clauber Cleber Caetano / Agência Brasil

No auge do PAC, no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, o Exército tinha R$ 1,2 bilhão em obras contratadas com o governo federal. Agora, na gestão de Jair Bolsonaro, os militares conquistaram, até o momento, apenas a obra emergencial de uma ponte, orçada em R$ 547 mil. Desapontado, depois de se preparar com equipamentos e pessoas, o Exército pressiona e tem, pela primeira vez, a promessa de novos contratos. Mas estas obras não serão tão importantes como no passado. 


Além da ponte no Amazonas, o Exército deve fechar, ainda neste ano, o contrato de manutenção da BR-226 no Rio Grande do Norte, um negócio avaliado em R$ 60 milhões. Além disso, os militares olham outras duas obras, que só deverão sair do papel em 2020: melhorias na BR-452, em Minas Gerais (R$ 139 milhões) e a duplicação de cerca de 10 quilômetros da BR-101 em Alagoas (R$ 80 milhões). Mas nem mesmo para estes trechos há garantias de que serão concedidos. 


“O exército está mais preparado que nunca. Após o boom das obras do PAC foram comprados equipamentos de ponta e uma nova geração de engenheiros foi formada. Mas com os contratos acabando, isso tudo poderá ficar ocioso”, disse um militar de alta patente, sob sigilo.

O presidente Jair Bolsonaro não cansa de elogiar o exército e mostrar, nas redes sociais, obras que os militares fazem pelo país, principalmente em rodovias. O presidente que mais contratou o exército foi Temer, com 32 obras, seguido de Dilma e Lula. Em sete meses Bolsonaro só assinou um contrato, contra média anual de 6,4 desde 2003.

E  estas são obras concedidas em governos antigos, que estão próximas do fim. De fato as duas maiores obras que estão hoje com os fardados (duplicação da BR-116 no Rio Grande do Sul, em contrato de R$ 207 milhões, e pavimentação da BR-163 no Pará em contrato de R$ 140 milhões) foram concedidas em 2017 e 2018 pelo governo de Michel Temer, com seu fim já previsto no curto horizonte. Das atuais 30 obras em execução pelo Exército, 16 acabaram ainda em 2019. 


Isso ocorre, segundo fontes do setor,  por causa das restrições orçamentárias que cortam em cheio os investimentos e pela necessidade de se ampliar empregos no país, o que ocorreria se empreiteiras privadas assumissem essas construções. O uso massivo do Exército como empreiteira ocorreu no segundo mandato do presidente Lula, quando a economia crescia e os militares foram acionados para resolver gargalos como a duplicação da BR-101 no Nordeste, a construção do aeroporto de São Gonçalo do Amarante (RN) e a execução da Transposição do São Francisco.  Na época, o Exército chegou a figurar como uma das grandes “empreiteiras” do Brasil.

O Dnit confirma que, além destes trechos, o Exército poderá assumir obras no Maranhão e no Amapá, em trechos que somente serão concedidos no longo prazo.

"Esta parceria já é antiga. Para o Exército é bom para o adestramento de seu pessoal, como chamamos o treinamento. Para o Dnit conseguimos obras com qualidade e preço razoáveis", afirmou o general Antônio Leite dos Santos Filho, que coordena o Dnit no Ministério da Infraestrutura. 

A falta de recursos orçamentários explica parte deste problema. Mas o Dnit, embora não esteja na velocidade que gostaria, continua contratado. Dados compilados pela RHS Licitações apontam que, de janeiro a 25 de agosto deste ano, foram contratadas 237 obras e manutenções, uma alta de 9,7% sobre o número de contratos em igual período de 2018. Ou seja, enquanto o Dnit concedeu uma obra ao Exército em todo o período, segundo o levantamento, foi concedida uma média de uma obra por dia à iniciativa privada. A maior parte destes contratos dizem respeito à manutenção dos cerca de 50 mil quilômetros sob responsabilidade do Dnit.

Exército em obra de duplicação da BR 101 próximo à Goiana, em Pernambuco, no dia 16 de janeiro de 2006 Foto: Hans Von Manteuffel / Agência O Globo

No auge, o Exército tinha R$ 1,2 bilhão do PAC. Este dinheiro ajudou a modernizar o exército e treinar pessoal. Agora, este grupo corre o risco de ficar desocupado. “Por causa destas obras equipamentos de última geração, até em áreas como terraplenagem, estão sem uso”, disse o militar de alta patente que falou com ÉPOCA, acrescentando que a prioridade do Exército seriam obras de rodovias e ferrovias. “ Um desafio incrível seria obras profundas de melhoria na Transamazonica, mas isso nem está no radar do governo. Outra área que queríamos ampliar nossa atuação é em ferrovias, mas também não há muitos projetos”. 

Oficialmente em nota, o Exército reconhece que os contratos são menores pela restrição orçamentária e afirma que quer mais obras, porém que só vai comentar após as negociações com o governo. “As Obras de Cooperação realizadas pelo Exército em parceria com diversos Órgãos Públicos proporcionam uma importante contribuição ao desenvolvimento Nacional, sendo uma das atribuições subsidiárias do Exército, conforme a Lei Complementar LC nº 117, de 2/9/2004. Nesse sentido, para o Exército Brasileiro essas obras proporcionam o adestramento dos quadros em atividades de construção, com a consequente formação de mão de obra qualificada a ser empregada pela Sociedade”, diz o documento. “As Obras de Cooperação têm sido importantes para a aquisição de modernos equipamentos de Engenharia, os quais modernizaram a frota dos Batalhões de Engenharia de Construção distribuídos pelo território Nacional”.

Marinaldo Rosendo confirma pré-candidatura a prefeito de Timbaúba pelo PP



Com o apoio do deputado federal e líder do Progressistas em Pernambuco, Eduardo da Fonte, e do deputado estadual Clóvis Paiva, o ex-deputado federal Marinaldo Rosendo anunciou sua pré-candidatura pelo PP a prefeito de Timbaúba, Zona da Mata Norte do estado. “Vamos fazer Timbaúba voltar a crescer”, enfatizou o pré-candidato.

Nascido em Timbaúba, Marinaldo Rosendo sempre foi empresário. Decidiu entrar na política em 2008 por incentivo de Eduardo Campos, onde disputou e ganhou sua primeira eleição para prefeito de Timbaúba. Em sua gestão, firmou parcerias com o governo estadual e federal, trazendo grandes obras e ações para o município.

Pelos trabalhos que desenvolveu na área social e na geração de emprego e renda, Marinaldo foi reeleito prefeito em 2012 com 97% dos votos válidos, alcançando mais de 23 mil votos. Ganhou destaque quando fez doação através de empresas de R$ 3,4 milhões para os cofres do município (ação nunca vista na história do Brasil) registrada em cartório local. Em 2014, Marinaldo foi candidato a deputado federal atingindo quase 100 mil votos, onde se tornou o único deputado federal de Timbaúba e da Mata Norte nos últimos 50 anos.

WhatsApp admite que eleição brasileira teve envio maciço ilegal de mensagens


Da Folha:

O WhatsApp admitiu pela primeira vez que a eleição brasileira de 2018 teve uso de envios maciços de mensagens, com sistemas automatizados contratados de empresas.

“Na eleição brasileira do ano passado houve a atuação de empresas fornecedoras de envios maciços de mensagens, que violaram nossos termos de uso para atingir um grande número de pessoas”, afirmou Ben Supple, gerente de políticas públicas e eleições globais do WhatsApp, em palestra no Festival Gabo.

Em uma série de reportagens desde outubro do ano passado, a Folha revelou a contratação durante a campanha eleitoral de empresas de marketing que faziam envios maciços de mensagens políticas, usando de forma fraudulenta CPFs de idosos e até contratando agências estrangeiras.

Uma das reportagens noticiou que empresários apoiadores do então candidato Jair Bolsonaro (PSL) bancaram o disparo de mensagens em massa contra o petista Fernando Haddad, que foi derrotado e também acabou multado pelo TSE pelo impulsionamento irregular de conteúdo desfavorável ao seu então adversário.

Com o pé fora do PSL, Bolsonaro terá conversa derradeira com Bivar



Se tivesse que tomar a decisão hoje, Jair Bolsonaro estaria fora do PSL. O humor do presidente com Luciano Bivar, o cacique do partido, é péssimo.

O presidente continua no escuro dentro do PSL. A contabilidade do partido segue nas mãos de Bivar e Antônio Rueda. Além de não contar como tem torrado o dinheiro, a dupla se recusa a permitir que aliados de Bolsonaro façam parte do comando do partido.

Enquanto representantes de Bolsonaro conversam com outros partidos para avaliar uma possível mudança, o presidente deve ter nos próximos dias pelo menos mais uma conversa com Bivar. E pode ser a última. 

Fonte: Blog Radar VEJA

Procurador que esfaqueou juíza tinha carreira brilhante pela frente


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Ninguém ainda entendeu o que levou o procurador da Fazenda Matheus Carneiro Assunção a querer matar um juiz. Na quinta-feira (3/10), ele foi preso em flagrante depois de dar uma facada na juíza Louise Filgueiras na sede do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, em São Paulo.


O procurador Matheus Carneiro Assunção, preso em flagrante depois de dar uma facada na juíza Louise Filgueiras
Reprodução/Facebook

Quem estava no tribunal no momento da facada e acompanhou os desdobramentos da prisão do procurador, vem demonstrando certo sentimento de pena. Viram um jovem advogado com uma carreira que tinha tudo para ser brilhante em estado de surto, dando importância ao devaneio de um ex-procurador-geral da República sobre matar um ministro do Supremo Tribunal Federal.

Já quem conhece o procurador ainda parece não acreditar. Colegas que falaram à ConJur, sob a condição de não ser identificadas, lamentaram a “perda de lucidez” de Assunção, que sempre se mostrou centrado e dedicado ao serviço público.

Na audiência de custódia desta sexta-feira (4/10), ficou registrado que Matheus Assunção ainda demonstrava “transtornos mentais” e aparentava estar medicado. À juíza Andréia Silva Sarney Costa Moruzzi, o procurador disse ser alcoólatra.

Dono de uma carreira acadêmica já extensa para a pouca idade, o procurador foi descrito como “qualificado, atencioso, inteligente, preparado e gentil” por quem conviveu com ele na Universidade São Paulo (USP), onde se doutorou.

Assunção é formado em Direito e em Administração pela Federal de Pernambuco, com especializações e pós-graduações na Fundação Getulio Vargas (FGV) e no Instituto Brasileiro de Direito Tributário (IBDT), além de mestre e doutor em Direito Financeiro pela USP.

O doutorado foi sobre a importância do princípio da transparência para a atividade financeira do Estado Democrático de Direito. Segundo o trabalho, a aplicação do princípio da transparência, descrito no artigo 37 da Constituição Federal, deve envolver todos os aspectos da administração financeira do poder público. No entanto, ele identificou “certas áreas de opacidade”.

A tese não foi publicada na internet, apenas está disponível na biblioteca da Faculdade de Direito da USP.

Em 2011, Assunção publicou artigo na primeira edição da Revista da PGFN, onde procuradores da Fazenda Nacional podem publicar seus trabalhos de pesquisa científica.

Três anos depois da crise econômica de 2008, Matheus Assunção concluiu que a política de desoneração fiscal do governo federal serviu para conter os efeitos da crise internacional no Brasil. Mas alertou que, caso essas “políticas indutoras” resultassem em desequilíbrio do pacto federativo, medidas de compensação financeira “para corrigir as assimetrias”.

“Do contrário, poderá restar desvirtuada a finalidade constitucional que embasa a própria intervenção econômica, malferindo-se a legitimidade da sua utilização, na medida em que for ameaçado o custeio de programas sociais a cargo dos municípios e o atendimento das necessidades da população”, concluía Assunção.

O tema do federalismo voltou ao trabalho do procurador em sua dissertação de mestrado, também na USP, defendida em 2013. Na pesquisa, Assunção identificou inconstitucionalidades nos critérios de repartição dos fundos de participação dos estados e dos municípios nas receitas da União. Para o procurador, esses critérios desequilibram o “federalismo fiscal cooperativo” descrito na Constituição Federal —o tempo parece ter dado razão ao procurador, já que o federalismo fiscal é um dos temas que mais ocupam a pauta do Supremo hoje.

Foi também em 2013 que Assunção publicou outro artigo na Revista da PGFN para defender mais justiça fiscal na repartição de receita entre os entes federados. Segundo o texto, para respeitar o equilíbrio fiscal, a repartição de receitas deve levar em conta o "produto da arrecadação", e não apenas o dinheiro recolhido pela administração. "Produto da arrecadação", dizia ele, "se refere anão apenas o pagamento em dinheiro, forma típica de extinção do crédito tributário, mas também os valores referentes a adjudicações e arrematações de bens em hastas públicas".

No mesmo ano, Assunção publicou artigo na ConJur para criticar o que ele chamava de “contabilidade criativa” do governo federal. Ele se referia a decretos do fim de 2012 que remanejaram rubricas da União para que o governo pudesse bater a meta fiscal de superávit descrita na Lei de Diretrizes Orçamentárias daquele ano.

Já nesse texto, o procurador defendia o uso da transparência como “ferramenta de controle social” do governo pela população e pela mídia.

Dois anos antes, também em artigo publicado na ConJur, Assunção defendia a importância da Advocacia-Geral da União para o cumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal.

Justamente a lei que a ex-presidente Dilma Rousseff foi acusada de desrespeitar no caso da “contabilidade criativa”, o que anos depois foi instruir o pedido de seu impeachment.

São informações que mostram que procurador parecia ter as ideias no lugar. E que o perfil que ele demonstrava até o dia anterior ao atendado à juíza Louise Filgueiras não permitia prever surto de tamanha gravidade.

Brasil: crianças que só têm alimentação na escola passam fome nas férias

No Brasil, 2,5% da população passou fome em 2017. Isso corresponde a 5,2 milhões de pessoas. O dado é do relatório ‘O Estado da Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo 2018?, da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).

Além disso, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), um em cada quatro brasileiros vivia em situação de pobreza em 2017, o equivalente a 54,8 milhões de pessoas.

E o relatório Cenário da Infância e Adolescência no Brasil (2019), da Fundação Abrinq, aponta que 47,8% das crianças brasileiras vivem na pobreza.

Muitas dessas crianças em situação de pobreza dependem das escolas que frequentam para se alimentarem. E o período de férias, que parece tão bom para outras crianças, pode ser aterrorizante para elas.

No Paranoá Parque, conjunto habitacional do Minha Casa Minha Vida que fica a 25 minutos de distância do Palácio do Planalto, em Brasília, as crianças passam os dias livres empinando pipa, de estômago vazio. “No final da tarde, elas me pedem, ‘tia, tem um pãozinho aí para mim?’ Se chega pão de doação, acaba tudo em um minuto”, contou Maria Aparecida de Souza, líder comunitária no bairro, em entrevista para a BBC News Brasil.

Em 2017, um menino, na época com oito anos, desmaiou de fome durante as aulas e virou notícia nacional. Ele estudava em um colégio a 30 km de distância de sua casa, onde recebia como refeição apenas bolacha e suco. De lá para cá, a situação dos quase 30 mil moradores da área não parece ter melhorado.

A fome parece atingir todos os cantos do Brasil. Até mesmo sua cidade mais rica: São Paulo. Um professor da rede pública paulistana contou à BBC o caso de uma aluna do período noturno que, sem comida em casa, levava o filho menor para também se servir da merenda.

Outra entrevistada pela reportagem da BBC falou sobre a dificuldade de alimentar os filhos nas férias. “Me corta o coração eles quererem um pão e eu não ter. Já coloquei os meninos na escola pra isso mesmo, por causa da merenda. Um pouquinho de arroz sempre alguém me dá, mas nas férias complica”, afirma Alessandra, que, desempregada, coleta latinhas na comunidade de Paraisópolis, em São Paulo, onde mora.

Diferentes pesquisas acadêmicas indicam que o acúmulo de deficiências nutricionais, seja causado pela fome, seja pelo consumo de alimentos de baixa qualidade, pode causar impacto na habilidade de aprendizado infantil.