domingo, 30 de junho de 2024

SUCESSÃO DE GLEISI DIVIDE O PT

O prefeito de Araraquara, Edinho Silva, e o deputado José Guimarães são nomes na disputa pela presidência do PT
As articulações para a escolha do próximo presidente do PT, em março de 2025, aprofundaram divergências entre alas do partido, dificultando a definição de um nome de consenso para o posto ocupado pela deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR). O prefeito de Araraquara, Edinho Silva, é apontado internamente como favorito, mas outro grupo defende a candidatura do líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), que já recebeu sinalizações positivas da própria Gleisi.

Uma antiga disputa interna por influência no partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva está por trás da concorrência. Petistas de São Paulo e de estados do Nordeste travam queda de braço em diversas áreas por protagonismo, movimento que alcança também o primeiro escalão do governo.

Aliados avaliam que Edinho tem como vantagens a proximidade com Lula, que chegou a dizer no final de maio que o aliado “é o melhor prefeito do país”, e o apoio dos ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Alexandre Padilha (Relações Institucionais), além do ex-ministro e ex-presidente do PT José Dirceu.

Por outro lado, defensores de Guimarães usam como argumento o fato de a legenda ter sido presidida poucas vezes por representantes do Nordeste, região onde o partido alcança seus resultados eleitorais mais expressivos e a única onde tem governadores (Bahia, Ceará, Rio Grande do Norte e Piauí). Os dois únicos nordestinos que já ocuparam o posto foram José Genoíno, que é irmão de Guimarães, mas construiu a carreira política em São Paulo, e José Eduardo Dutra.

Em meio ao acirramento do cenário, Gleisi minimiza o tom da competição, mas deixa claro que o ideal seria o partido construir uma união antes de ir às urnas:

— Ambos (Edinho e Guimarães) têm legitimidade para presidir o PT. Penso que temos de construir a unidade. É nisso que aposto, e acho que temos maturidade.

Edinho, por sua vez, desconversa sobre o favoritismo apontado internamente:

— Todo o processo se dará em 2025. Acho prematuro falar em candidatura agora.

Apesar das duas opções colocadas, uma terceira vertente do PT analisa que o prefeito e o deputado podem acabar se inviabilizando, o que abriria espaço para outra alternativa.

No caso de Edinho, é apontada a possibilidade de ele virar ministro depois de acabar seu mandato como prefeito, no fim de 2024, o que o retiraria do páreo para presidir a legenda. Uma possibilidade levantada é assumir a Secretaria de Comunicação Social, posto que já ocupou no governo Dilma Rousseff, em um arranjo que deslocaria petistas hoje no primeiro escalão para outras funções. Também há queixas de que o prefeito não tem interlocução ampla com diferentes setores do partido e carece de uma projeção nacional.

Contra Guimarães, também são elencadas desvantagens, como o fato de ele não ter construído com Lula a sua tentativa de presidir o partido e de não ter o apoio dos principais ministros.

Em entrevista ao podcast do PT no início de junho, o líder do governo disse que a legenda precisa ter “um pé na institucionalidade e outro pé na sociedade, nos movimentos, na vida real do país”. Procurado, ele não respondeu.

Guimarães é o que mais tem feito movimentos para presidir o partido e já falou sobre a possibilidade de disputar o cargo, mas outros nomes da região também costumam ser lembrados, como o do senador Humberto Costa (PE). Pela proximidade com Gleisi, o ministro Márcio Macêdo (Secretaria-Geral) chegou a figurar como opção, mas houve um enfraquecimento do nome dele como sucessor da deputada. Padilha e o ministro Paulo Pimenta (Reconstrução do Rio Grande do Sul) são outros que já foram citados por parlamentares, mas ambos não têm se articulado.

As disputas que vieram à tona agora na pré-campanha do PT também aparecem em outras áreas. Há insatisfações na bancada de São Paulo com Macêdo, que foi deputado por Sergipe. Uma parte dos deputados petistas considera que ele não cumpre efetivamente o papel de interlocução com os movimentos sociais.

Reflexos no governo

A divisão é observada ainda nas disputas por influência dentro do governo entre os ministros da Casa Civil, Rui Costa, ex-governador da Bahia, e da Fazenda, Fernando Haddad, ex-prefeito de São Paulo. Os dois já travaram quedas de braço sobre a meta de déficit fiscal zero e estiveram em lados opostos no processo de saída de Jean Paul Prates da presidência da Petrobras.

Recentemente, o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), aliado de Rui Costa, expôs divergência com Haddad e sinalizou ser contra uma Medida Provisória, defendida pela Fazenda, que limitava a compensação dos créditos do PIS/Cofins pelas empresas. A MP foi devolvida pelo Congresso, em decisão elogiada por Wagner.

Outra rivalidade ocorre entre Guimarães e Padilha. Na transição de governo, no fim de 2022, o líder de Lula na Câmara era apoiado por uma ala do partido para chefiar a pasta de Relações Institucionais, mas Padilha foi o escolhido. Hoje os dois negam as desavenças e chegaram a compartilhar fotos juntos.

Apesar disso, o deputado do PT já se queixou, sem citar nomes, da articulação política do governo e também afirmou que MPs são enviadas sem antes alguém do governo dialogar com líderes no Congresso.

PETROBRÁS TERÁ QUATRO MULHERES NA DIRETORIA DA ESTATAL

Petrobras terá quatro mulheres na diretoria da estatal
O Conselho de Administração da Petrobras elegeu três novos diretores para a empresa
O Conselho de Administração da Petrobras elegeu três novos diretores para a empresa: Renata Baruzzi será diretora-executiva de Engenharia, Tecnologia e Inovação; Sylvia dos Anjos assumirá a diretoria-executiva de Exploração e Produção; e Fernando Melgarejo passará a comandar a diretoria-executiva Financeira e de Relacionamento com Investidores.

Os nomes foram escolhidos em reunião nesta sexta-feira (28). Eles se somam a Clarice Coppetti (diretora executiva de Assuntos Corporativos) e à presidente Magda Chambriard na composição da diretoria executiva da Petrobras.

Com isso, a diretoria executiva da empresa passará a ter quatro mulheres, pela primeira vez na história. O recorde anterior era de duas mulheres atuando simultaneamente.

Renata e Sylvia já assumiram o cargo nesta sexta-feira, enquanto Melgarejo aguardará conclusão de seu processo de aposentadoria como servidor do Banco do Brasil, previsto para 15 de julho, para tomar posse no cargo.

Renata Baruzzi é formada em Matemática pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e tem especializações nas áreas de Gestão Estratégica de Tecnologia e Administração. É funcionária da Petrobras há 38 anos e gerenciava a área de Gestão Integrada de Logística.

Sylvia dos Anjos é formada em Geologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e tem mestrado e doutorado na área, pela University of Illinois. É aposentada da Petrobras e possui mais de 42 anos de experiência na área de exploração e produção. Antes de assumir a diretoria, era consultora especial da presidência da empresa.


Já Fernando Melgarejo é formado em Ciências Econômicas pela União Educacional de Brasília (Uneb) e tem mestrado em Economia de Empresas pela Fundação Getulio Vargas (FGV). É diretor de Participações do fundo de previdência do Banco do Brasil, o Previ, desde 2022.

DORIVAL RASGA ELOGIOS A VINÍCIUS JÚNIOR

Dorival rasga elogios a Vinícius Jr. após goleada da Seleção Brasileira: "Tudo o que queremos"
Com grande atuação de Vinicius Jr., o Brasil goleou o Paraguai por 4 a 1, na noite da sexta-feira (28), pela segunda rodada da Copa América. Após a partida, o técnico Dorival Júnior rasgou elogios ao craque brasileiro.

“Vini fez partida plasticamente perfeita, com grandes lances, grandes jogadas, dinâmico, efetivo, direto e participativo, tudo o que queremos destes jogadores de capacidade única”, disse.

“Na partida anterior, o Vini estava muito bem marcado, existia uma dobra, às vezes até três jogadores, tanto pela esquerda como pela direita. Ele procurou as jogadas, teve o mesmo ímpeto de hoje, a maneira como a equipe adversária se comportou hoje foi diferente da anterior. Isso foi um ponto fundamental. Talvez não tivemos a posse de bola do jogo anterior, mas a efetividade foi muito maior, a maneira como atuamos criou dificuldades para o adversário, principalmente quando deixamos um para um, provado pelo posicionamento trabalhado”, continuou.

O técnico aproveitou ainda pra falar da evolução do time, já que a Seleção estreou na Copa América empatando com a Costa Rica.

“Acho que tivemos esse trabalho bem executado na partida anterior, não tivemos os gols desta partida. Fizemos partida segura na anterior, coisas boas, correções de posicionamento, fatos que vinham gerando dificuldade. Hoje foi uma partida com outra característica, adversário jogando de outra forma, buscando jogo contra o Brasil, mostra que estamos trabalhados para enfrentar linha baixa de marcação ou equipe que jogue de igual para igual. Resultado importante, construção fundamental e o individual de alguns jogadores foi importante”, comentou.

A Seleção volta a campo na terça-feira, às 22h (de Brasília), contra a Colômbia, em duelo que vale a liderança do Grupo D da Copa América. O Brasil precisa ganhar para assumir o primeiro lugar

CNJ DETERMINA RETORNO DE JUÍZES AFASTADOS DO TRF-4 POR ATUAÇÃO NA LAVA JATO

CNJ determina retorno de juízes afastados do TRF-4 por atuação na Lava Jato
O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) determinou o retorno ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) dos magistrados que atuaram em ações da Operação Lava Jato. Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz e Loraci Flores de Lira estavam afastados desde 15 de abril.

Por decisão unânime tomada em plenário virtual, o colegiado entendeu que a tragédia climática no Rio Grande do Sul justifica a continuidade das atividades dos juízes.

Ao defender a medida, o relator Luiz Fernando Bandeira de Mello disse que as chuvas no estado impuseram ao tribunal uma situação de gravidade só comparável à da pandemia de Covid, “e sob diversos aspectos, bem pior”.

Segundo ele, a sede do TRF-4, em Porto Alegre, teve o andar térreo e subsolo cobertos por água e lama, motivo pelo qual foi necessário o desligamento de todos os sistemas informatizados, suspensão dos prazos processuais e interrupção do próprio funcionamento regular do tribunal.

“Até a presente data, o TRF-4 ainda não retomou totalmente suas atividades regulares”, disse o conselheiro.

Flores de Lima e Lenz foram afastados no bojo de uma reclamação disciplinar aberta de ofício em setembro do ano passado pelo corregedor do CNJ, Luis Felipe Salomão.

De acordo com Salomão, os dois juízes teriam descumprido ordem do Supremo Tribunal Federal ao julgarem, em setembro do ano passado, as exceções de suspeição do juiz Eduardo Appio, que atuou na 13ª Vara de Curitiba entre fevereiro e maio de 2023.

Quando o corregedor tomou a medida liminarmente, em 15 de abril, e o plenário do CNJ a confirmou, no dia seguinte, a tragédia climática ainda não havia ocorrido.

“É notório que o retorno à normalidade das atividades do Poder Judiciário da região dependerá do esforço de todos os membros, servidores e colaboradores do TRF-4, hipótese em que a ausência de dois desembargadores integrantes de uma mesma turma criminal acarretará prejuízos à atividade judicante muito superiores ao receio de que os magistrados afastados possam eventualmente reincidir na falta funcional ou interferir nas investigações”, disse o relator ao defender a volta dos magistrados.

O conselheiro levou uma questão de ordem ao colegiado. Ele relata o processo administrativo aberto contra os magistrados para apurar eventual violação de deveres funcionais.

Bandeira de Mello relata, no voto, que ouviu servidoras dos gabinetes dos dois juízes federais sobre a calamidade no estado na última sexta-feira (21), invertendo as fases do processo para permitir o retorno às atividades e reconstituição da força de trabalho local.

Com isso, argumentou, minimizou-se eventual risco de interferência dos magistrados sobre os depoimentos que constaram do processo administrativo.

ESTUDANTE RECEBE PIX DE R$ 100 MIL POR ENGANO E DEVOLVE VALOR, SAIBA DETALHES

Estudante recebe Pix de R$ 100 mil por engano e devolve valor; Saiba detalhes
Um estudante universitário tomou um susto no final de tarde da quarta-feira (26), em São Carlos, no interior de São Paulo. Ele recebeu uma notificação bancária de um Pix de R$ 100 mil, enviado por engano. Após ficar ciente da "bolada", ele devolveu o valor no dia seguinte.

Genésio Alves de Araújo Júnior, de 25 anos, recebeu o valor "sem querer". Assim que o depósito caiu na conta, o banco o bloqueou por medida de segurança. 

"Na hora minha conta já foi bloqueada, não consegui ver quem me enviou, nem estornar, só pensei 'como vou explicar isso pra Receita?'. No dia seguinte, o homem que me enviou o PIX sem querer me mandou vários áudios e me ligou pedindo que eu devolvesse o valor. Ele me mostrou o comprovante. Eu acho que não fiz nada de mais, era o que eu iria fazer de qualquer forma", afirmou, em entrevista ao site g1.

Pelo fato de o depósito ter sido feito no final da tarde, o estudante aguardou o banco abrir no dia seguinte para resolver a situação com o gerente. O homem, segundo Genésio, era um estrangeiro e não falava muito bem português. O universitário disse ainda que precisou gastar com transporte por aplicativo para ir até a agência.

"O único prejuízo que tive foi que paguei um Uber para ir até o banco, porque moro longe. Pedi para o homem me pagar R$ 20 da corrida, mas ele sumiu depois disso", contou. Um boletim de ocorrência foi feito.

AÉCIO AINDA SONHA COM A PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA

O deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG), conhecido por seu histórico político e por ter sido uma figura central nas eleições de 2014, ainda mantém vivo o sonho de se candidatar ao Palácio do Planalto. Embora não admita publicamente, nos bastidores, o parlamentar mineiro não descarta a possibilidade de lançar seu nome para a Presidência da República nas eleições de 2026.

Fontes internas do PSDB revelam que Aécio Neves considera a ideia de voltar a disputar o mais alto cargo do Executivo brasileiro. No entanto, essa ambição enfrenta resistência e sugestões diferentes de lideranças tucanas, que acreditam que ele deveria primeiro tentar retomar um papel no governo estadual. A proposta seria que ele tentasse uma candidatura ao governo de Minas Gerais, um cargo que já ocupou por dois mandatos consecutivos, de 2003 a 2010. 

Aécio Neves construiu uma carreira significativa no cenário político mineiro e nacional. Seu desempenho nas eleições de 2014 é lembrado como um marco importante, quando ele ficou em segundo lugar na corrida presidencial, perdendo para Dilma Rousseff (PT) por uma diferença de cerca de 3 milhões de votos. Essa disputa acirrada consolidou Aécio como uma figura de destaque dentro do PSDB e do cenário político nacional.

Entretanto, o caminho para uma nova candidatura presidencial não é simples. Aécio enfrentou desafios significativos nos últimos anos, incluindo investigações e processos judiciais que abalaram sua imagem pública. Esses fatores tornaram sua trajetória política mais complexa e aumentaram o ceticismo de alguns setores do PSDB sobre sua viabilidade como candidato presidencial.

Apesar dessas adversidades, Aécio Neves continua a ser uma figura influente dentro do partido e mantém um grupo de apoiadores fieis. Para muitos, sua experiência e conhecimento político ainda são ativos valiosos que podem ser mobilizados em futuras disputas eleitorais. 

A decisão sobre uma possível candidatura ao governo de Minas Gerais ou à Presidência da República nas eleições de 2026 será crucial não apenas para o futuro político de Aécio, mas também para as estratégias do PSDB. O partido, que busca renovar sua liderança e recuperar a confiança do eleitorado, observa atentamente os movimentos de suas principais figuras, incluindo Aécio Neves.

PRIMEIRO LEILÃO DE TERMINAIS PORTUÁRIOS SERÁ 21 DE AGOSTO

Concessão inclui áreas nos portos de Recife, Rio Grande e Rio de janeiro; Terminais receberão investimentos de R$ 78,3 milhões
O primeiro bloco de concessão de arrendamentos portuários de 2024 do Governo Federal será realizado no dia 21 de agosto, na B3, em São Paulo. As primeiras áreas arrendadas incluem cinco terminais: REC08, REC09 e REC10 — localizados no Porto de Recife (PE) — RDJ06, no Rio de Janeiro, e o RIG10, que fica no Porto do Rio Grande (RS). Os editais serão divulgados no Diário Oficial da União desta semana.

“Importante notícia para o setor portuário. Estamos falando da contratação de 78,3 milhões em investimentos em áreas que vão movimentar granéis sólidos, granéis líquidos e carga geral. Além de ampliar a atividade logística para o escoamento da nossa produção, os arrendamentos vão trazer mais desenvolvimento econômico para as regiões portuárias, melhorar a infraestrutura dos terminais e garantir a abertura de novos postos de trabalho”, destacou o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho.

O primeiro processo de arrendamentos portuários estava previsto para ser realizado em maio deste ano, mas, em razão da situação de calamidade pública em que se encontrava o estado do Rio Grande do Sul, devido às fortes enchentes no estado, o certame precisou ser adiado.

De acordo com os editais, o valor total a ser investido nas cinco áreas é de 78,3 milhões. Todos os terminais serão arrendados no modelo simplificado com prazo de no máximo dez anos sem possibilidade de prorrogação. Além de ampliar a atividade logística para o escoamento da produção agrícolas, os arrendamentos vão ampliar mais desenvolvimento econômico nas regiões portuárias, melhoria da infraestrutura dos terminais, além de abertura de novos postos de trabalho.

Características dos terminais

O REC08 é destinado à movimentação de granéis sólidos vegetais, tendo como principais cargas o malte, o trilho e o milho. A expectativa é que sejam investidos cerca de R$ 51 milhões no terminal.

O terminal REC09 tem como foco a movimentação e armazenagem de granel sólido e carga geral, e a estimativa de investimento é de R$ 2,2 milhões. A área REC10 vai receber quase R$ 3 milhões em investimentos para movimentar e armazenar granéis sólidos e cargas gerais.

Por sua vez, o RDJ06, que armazena e movimenta granel líquido, prevê R$ 22,1 milhões em investimentos. Para o RIG10 a expectativa é que sejam aportados R$ 7,8 milhões, o terminal movimenta e armazena carga geral.

Fotos: Wesley D’Almeida

A FARRA DOS SHOWS MILIONÁRIOS DAS PREFEITURAS EM ANO ELEITORAL

Cachês milionários em ano eleitoral: a farra dos shows de prefeituras

Uol
Os gastos foram os maiores dos últimos dez anos, segundo dados disponíveis no painel do Portal Nacional de Contratações Públicas. Gusttavo Lima, Wesley Safadão, Ana Castela, Nattan e Zé Neto & Cristiano, os artistas brasileiros com os maiores cachês, receberam juntos R$ 76,8 milhões em dinheiro público municipal por 106 shows. A verba supera a destinada pela Lei Rouanet a projetos musicais no período (R$ 61,7 milhões).

A Balada Eventos, empresa de Gusttavo Lima, afirmou que “cabe aos Tribunais de Contas a tarefa de fiscalizar as contas públicas”. Edson Lucas, assessor jurídico da Prefeitura de Baturité, afirmou à reportagem que foi “uma situação irrelevante, que não trouxe benefício nem malefício para ninguém”.

Mari Fernandez não quis comentar o caso. Ana Castela e Wesley Safadão argumentam que o valor que cobram das prefeituras paga equipe e logística. A assessoria de Zé Neto e Cristiano afirmou que a dupla não diferencia o cachê por se tratar de prefeitura. “A valoração segue a mesma para todos os contratantes”. O Uol também procurou Nattan e a Prefeitura de Petrolina, mas não obteve retorno.

Eventos cada vez mais caros ficam à mercê do uso político, especialmente em ano eleitoral, apontam promotores dos ministérios públicos estaduais, que questionaram 24 eventos musicais de prefeituras esse ano.

Para Antonio de Souza Júnior, do MP-CE, o show com Mari Fernandez em Baturité, por exemplo, foi um episódio de “clara promoção pessoal” e “abuso de poder político”. Este tipo de conduta ilícita é responsabilidade do prefeito, não dos artistas, ele esclarece.

Em Santa Rita (PB), um dos shows questionados, o valor do São João da cidade ficou 62% mais caro que o de 2023 (R$ 8,5 milhões). O MP-PB pediu para a cidade cortar R$ 5,3 milhões da verba.

A Prefeitura afirmou que “a decisão de ampliar os gastos com os festejos juninos está dentro do poder” do prefeito, e a Justiça autorizou a festa de R$ 13,8 milhões. Bell Marques, que cantou no São João de Santa Rita por R$ 500 mil, puxou uma conversa com o prefeito, Emerson Panta (PP), no meio do show. “Vocês aqui de Santa Rita merecem muita coisa. A primeira é ter um prefeito como o Emerson”, disse.

O Uol procurou a Prefeitura de Santa Rita e Bell Marques para comentar, mas não obteve resposta.

Depois das críticas, a conta subiu

A falta de transparência desses gastos virou assunto a partir de 2022. Na época, o sertanejo Zé Neto, parceiro de Cristiano, causou furor ao criticar Anitta e a Lei Rouanet durante um show em Sorriso (MT). “Não dependemos da Lei Rouanet. Nosso cachê quem paga é o povo.”

O show da dupla foi bancado pela Prefeitura e custou R$ 400 mil. A polêmica levou à descoberta de cachês mais polpudos, pagos por prefeituras que, por vezes, desviaram verbas de outras áreas para financiar a apresentação. Shows municipais, em geral, só dependem da assinatura de prefeitos. Eles podem, por lei, contratar artistas sem licitação.

Enquanto os gastos da Lei Rouanet são divulgados em um painel público, o Versalic, não há sistema para acompanhar os custos de shows municipais. Cada cidade e cada Tribunal de Contas divulgam essas informações de um jeito diferente. De 2022 para cá, Ministérios Públicos estaduais e governo federal começaram a dar a dimensão desses gastos.

Segundo o recém-lançado painel do Portal Nacional de Contratações Públicas, que mostra contratos federais, estaduais e municipais, Zé Neto & Cristiano voltaram a Sorriso em 2024. O cachê deles quase dobrou em dois anos: foi de R$ 400 mil para R$ 750 mil.

O Uol procurou a Prefeitura de Sorriso para comentar, mas não obteve resposta.

São João dos milhões

A principal iniciativa de acompanhar os custos vem da Bahia. Desde 2023, o Painel de Transparência Junina do estado reúne gastos juninos informados pelas cidades. A média por município subiu de R$ 705 mil para mais de R$ 1 milhão, de um ano para outro.

O Uol obteve, por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI), os valores das cinco maiores festas de São João da Bahia desde 2013. Os números indicam que os gastos subiram após a pandemia e tiveram novo salto em 2024.

Os criadores do painel ressaltam as importâncias cultural e econômica das festas, desde que não haja abuso político ou comprometimento do orçamento. Os eventos oferecem entrada gratuita para um público que muitas vezes não tem dinheiro para ingressos. Parte da população até fatura.

“Pessoas alugam suas casas, economizam dinheiro para comprar cerveja e vender lá. Temos que ter cautela para tratar dessas festas”, diz Rita Tourinho, promotora do MP-BA.

Emmanuel Girão, procurador do MP-CE, explica os possíveis abusos. Prefeito subir ao palco para falar “não tem problema”. “O que a lei não permite é que se exaltem qualidades pessoais e plataformas de governo”, diz Girão.

Em um evento pago pela Prefeitura, essa exaltação pode configurar abuso de poder político, uso do cargo para ter apoio eleitoral. Nesse caso, o candidato pode ser cassado e ficar inelegível por oito anos. Mas as ações judiciais só podem acontecer a partir de agosto, quando as candidaturas forem registradas.

‘Desenvoltura para os eventos

No Carnaval de Maceió, Xand Avião, com cachê de R$ 450 mil, também puxou o coro de “Já ganhou!” para o prefeito João Henrique Caldas. Enquanto o público respondia ao coro, JHC cumprimentava e abraçava Xand.

Com o pré-candidato à reeleição no palco, Xand o chamou de “gato, bonito, desenrolado, trabalhador”. “Esse homem tem que ser presidente, não é prefeito, não”. Questionado pela reportagem, o cantor não quis comentar.

Em nota, a Prefeitura disse que “as festividades geram trabalho e renda extra para mais de 50 atividades econômicas, beneficiando cooperativas, empreendedores individuais, pequenos negócios e o setor de serviços”.

‘Showmício’ para quem está no poder

A lei brasileira proíbe desde 2006 a realização de “showmícios”, apresentações musicais com objetivo de promover candidatos – seja com dinheiro público ou privado.

“Na prática eles ainda acontecem, mas só para quem tem a máquina pública na mão”, analisa Daniel Neves, presidente da Associação Nacional da Indústria da Música.

Dani Ribas, especialista em gestão cultural, se preocupa com a falta de outros incentivos culturais nestes municípios. “A Constituição dá autonomia a gastos dos municípios, e tem que ser assim em um país do tamanho do Brasil. Não podemos demonizar. O problema são os abusos”.